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16 de jul. de 2016

Alô Jefferson, alô Jerry: Segurança e evidências por Marcos Rolim

Nota do Jornal Pessoal: Sugiro aos secretários de Segurança Jeffersor Portela e de Articulação Política e Comunicação Márcio Jerry que organizem um seminário sobre segurança e o Maranhão: a urgência dos mínimos, a inclusão social e a diminuição da criminalidade. É sempre salutar o exercício do pensamento. 
O artigo abaixo é do *Marcos Rolim.

O Brasil se ressente muito de pesquisas na área da Segurança Pública. Outro dia, em meio ao anúncio de investimentos, destacada autoridade afirmou que o governo irá comprar viaturas para a diminuição do tempo de resposta da polícia.
Em Pindorama, investimentos em segurança se concentram na compra de viaturas e armamentos e na contratação de policiais. No caso das viaturas, a aquisição origina cerimônias de entrega e discursos. Fica-se com a impressão de que “algo está sendo feito”. A pergunta é: patrulhamento aleatório com viaturas funciona? Em um estudo de 1990, com mais de seis mil horas de observações em cruzamentos com altas taxas de criminalidade, (“The General Deterrent Effects of Increased Police Patrol in Hot Spots of Crime”) Sherman e Weisburd mostraram que a frequência dos carros de patrulha passando pelos locais era de um veículo a cada 23 horas. Pesquisas em todo o mundo apontam que a circulação aleatória de viaturas policiais não produz resultados quanto à redução do crime ou do medo. E a rapidez da resposta? Devemos investir em carros velozes? Desde a década de 70, com o estudo da Polícia de Kansas City (The Kansas City Preventive Patrol Experiment), sabe-se que as chamadas à polícia costumam ocorrem muito depois das ocorrências e que as possibilidades de prisão em flagrante caem 10 pontos percentuais a cada minuto depois do fato. Por isso, Bayley e Skolnick, em seu clássico “Nova Polícia: inovações nas polícias de seis cidades norte-americanas”, afirmam que, exceção feita aos crimes em andamento, não faz sentido se exigir que a Polícia chegue ao local mais rapidamente. O detalhe é que chamadas sobre crimes em andamento são raríssimas. O que pode fazer muita diferença é a fixação das viaturas em áreas definidas, sem conexão com o 190, em um projeto consistente de apoio ao policiamento comunitário, acompanhada pela mudança na qualidade do atendimento. Sobre isso, entretanto, nenhuma palavra. Não surpreende que, muitas vezes, a cena do crime seja desfeita e que testemunhas importantes se percam. Resultados do tipo seguirão sendo colhidos mais rapidamente com mais carros.

Os novos investimentos em segurança irão permitir o reforço do Instituto Geral de Perícias (IGP), o que é um acerto. Mais peritos e mais tecnologia para as investigações significa menos impunidade. O governo poderia aproveitar o embalo e investir na alimentação do banco nacional de dados de DNA, já que o RS tem um dos piores desempenhos do Brasil no setor. Anuncia-se, também, a construção de “pavilhões” no Central. Seria oportuno apresentar o projeto aos demais Poderes, às entidades e às universidades para receber contribuições sobre a execução penal pretendida e sobre as plantas arquitetônicas correspondentes. Se não por outro motivo, para que recursos públicos não sejam, mais uma vez, direcionados para a construção das tradicionais arapucas de concreto que fazem a alegria das empreiteiras e, alguns meses depois, das facções criminais.

A política em curso na segurança do RS segue, incrivelmente, tendo como indicador principal o número de prisões. A meta é prender mais, o que é um não conceito. Já há algumas décadas, sabe-se que há prisões que impactam positivamente a segurança e há prisões disfuncionais, cujo único efeito é o de ampliar o crime e a violência. Assim, por exemplo, quando matadores são presos, a tendência é de queda nas taxas de homicídio; mas quando a polícia prende jovens na periferia com pequenas quantidades de drogas, nada se altera quanto ao tráfico, porque essa mão de obra é reposta instantaneamente. Essa prisão, entretanto, organizará os sujeitos nas facções prisionais por conta da forma como as penas são executadas, o que significa contratar violência futura. No RS, o primeiro tipo de prisão segue sendo improvável, mas o segundo é mesmo uma de nossas especialidades. Agora, teremos mais dinheiro para insistir neste caminho.  Pangloss, o personagem de Cândido, de Voltaire, ficaria muito satisfeito. O que falta para “cair a ficha”? O terremoto de Lisboa? 


*Marcos Rolim, foi deputado federal pelo PT-RS e é profundo estudioso de Segurança Pública.
Enviado por Eri Santos Castro.
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27 de mai. de 2016

29 de jan. de 2016

Abdon Marinho: "A prefeitura de São Luís e o cadeirante. A vergonha e a indignação"


VERGONHA E INDIGNAÇÃO.
 
Somente hoje, num programa jornalístico da televisão, assisti à dolorosa cena de uma cadeirante descendo de um ônibus na nossa capital.
Portador de deficiência (embora sem ser cadeirante) não pude deixar de me colocar na condição daquela senhora. E se fosse comigo?
Mais de uma vez, aqui mesmo, reclamei da falta de respeito da cidade para com seus cidadãos. São calçadas desniveladas, estreitas, esburacadas; falta de rampas decentes; elevadores, etc.
Em que pese exista uma lei garantindo a todos o direito à acessibilidade, no Brasil, no Maranhão, muito pouco foi feito.
que pese exista uma lei garantindo a todos o direito à acessibilidade, no Brasil, no Maranhão, muito pouco foi feito. 
É certo que já circulam ônibus com elevadores, entretanto, as paradas, não foram feitas ou adaptadas para ficarem na mesma altura dos elevadores.
Isso quando existem paradas de ônibus. Ainda por toda cidade assistimos os cidadãos se protegendo do sol ou da chuva, sob marquises, atrás de postes. Isso em plena capital do estado.
Isso todos nós estamos cansados de saber, de assistir.
O que aconteceu com aquela senhora cadeirante foi um pouco além das desgraças vivenciadas no dia a dia.
Aquela imagem me fez pensar que tipo de pessoas estamos nos tornamos. Será que ao motorista ou cobrador do ônibus não ocorreu a ideia, o gesto ou a sensibilidade de ajudar aquela senhora? Será que a nenhum dos passageiros ninguém, nenhum deles poderiam ajudar?
A concessionária presta um serviço aos usuários. Se um equipamento não funciona, o lógico não seria ajudar o consumidor para que este sofresse o mínimo de aborrecimento possível? Noutros negócios acontece isso, por que não no ônibus? Será que os funcionários não recebem um mínimo de treinamento para lidar com este tipo de situação? Será que os funcionários e também os passageiros pensavam que deixar a senhora à própria sorte faz parte de alguma política de autoafirmação?
Na verdade faltou sensibilidade.
Esta falta de sensibilidade, gentileza, humanidade é fruto do nosso egoísmo. Ninguém mais se acha no dever de ajudar o próximo. Seus problemas nos são indiferentes.
Vejam é necessário uma lei para nos garantir direitos mínimos, termos acesso aos lugares, as repartições públicas, cinemas ou teatro. E ainda assim essa lei é desrespeitada todos dias, na verdade, nunca foi sequer implementada.
Até o direito à vagas exclusivas nos estacionamentos nós é negado, não pelas autoridades ou apenas por elas, mas pelos cidadãos comuns, pessoas de bem. Estes sábios devem achar que se trata de algum privilégio. Não, não é.
Somos também cidadãos que trabalham mais de cinco meses por ano apenas para pagar impostos. Temos os mesmos direitos dos demais cidadãos. O direito de desfrutar da cidade e de sermos tratados com dignidade e respeito por todos, principalmente, pelas autoridades.
Não somos meio-cidadãos, não podemos ser tratados como se fôssemos.
Temos direito e exigimos respeito.

1 de dez. de 2015

Prisões: as senzalas contemporâneas

Vidas matáveis, morte em vida e morte de fato ou Prisões, as senzalas contemporâneas. Aproximadamente 85% da população carcerária são negros.

30 de nov. de 2015

Cézar Bombeiro pavimenta sua eleição de vereador de São Luís reconhecido como militante dos direitos humanos, líder comunitário e sindical. Nesta sexta (27), trabalhadores do Sistema Penitenciário o reconduz a presidente do Sindicato

aldir
O agente penitenciário Cézar Castro Lopes, o conhecido Cézar Bombeiro foi eleito presidente do Sindicato dos Servidores Públicos do Sistema Penitenciário do Maranhão – SINDSPEM. A campanha e o pleito transcorreramdentro de uma clima de plena harmonia, numa demonstração clara de maturidade e responsabilidade, que foram os propósitos das duas chapas encabeçadas por Cézar Bombeiro e Videnir da Cruz Bezerra.
Cézar Bombeiro, após os resultados das urnas, disse que os posicionamentos ideológicos da disputa desapareceram e a união de toda a categoria é o mais importante para a soma de esforços e luta em defesa de direitos e avanços com conquistas. Destacou que Videnir da Cruz Barbosa é agente penitenciária com larga experiência e competência e que tem muito a contribuir para o engrandecimento da classe. Tem a certeza que ela somará esforços com os colegas eleitos. A posse da nova diretoria está marcada para o mês de fevereiro. Atualmente Cézar Bombeiro é vice-presidente do SINDSPEM e diretor da Federação Nacional dos Agentes Penitenciários.

Com Aldir Dantas, Aqui!
Enviado por Eri Santos Castro.
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6 de jun. de 2015

Alô Secretário Jefferson Portela: Pesquisa desmonta argumentos incorretos e frequentes sobre segurança pública e utilização de armas de fogo pela sociedade

Editorial da Folha de São Paulo desta sexta-feira (05) apresenta algumas conclusões de pesquisa com 10.066 armas de fogo apreendidas em São Paulo que desmontam dois dos mitos mais comuns nos debates sobre o tema no Brasil, confirmando os dados que temos divulgado há mais de uma década. Vale ler:





Em boa hora uma pesquisa realizada pelo Ministério Público de São Paulo e pelo instituto Sou da Paz vem solapar ao menos dois argumentos tão incorretos quanto frequentes nas discussões relativas à área da segurança pública.
WWW1.FOLHA.UOL.COM.BR



10 de dez. de 2014

Ditadura Militar: Não esquecer pra não repetir

Paulo Teixeira ‏

Homenagem aos mortos e desaparecidos políticos da

ditadura militar. Sarney foi o presidente do partido da

ditadura."Não esqueceremos. Conhecer para não

repetir"

8 de jun. de 2014

O gene da ditadura inoculado num candidato a governador


edinho bandidao

A ditadura fazia a gente tremer. A censura sufocava a inteligência. Notícias de torturas, desaparecimentos, mortes circundavam as redações sem que fossem noticiadas. A poesia, quase toda poesia, era proibida. Nos DOI-CODIs da vida, intelectuais e artistas do país berravam de dor sob o terror dos “paus-de-arara” e choques elétricos da polícia política. Era terrível não poder dizer nada. Mais terrível que ser proibido, hoje, de dizer notícias de corrupção.

Mas alguns jornalistas estavam a serviço desse regime de terror. A gente sabia. Não bebiam com a gente. Vigiavam. Catavam nos textos os sintomas da “subversão” e davam conhecimento deles à polícia política e aos agentes nos porões do regime militar. Como disse o poeta Afonso Romano de Santanna “Desaparecia-se, desaparecia-se muito naqueles dias”…

No “Diário de Brasília”, um jornalista chamado Edison Lobão exercia sua atividade profissional. Sobre esse tempo e esse jornalista escreveu Jânio de Freitas: “Como repórter e cronista político do Diário de Brasília prestou serviços diários aos chefões da Ditadura. Seus textos eram como recados saídos do Planalto, de serviços militares ou de informações e armações de políticos governistas contra opositores.
Seu ar soturno caia-lhe muito bem. E assim também quando deu continuidade em lugar mais apropriado – o partido da Ditadura, a Arena, ao papel que escolhera na vida. Sem imaginar a contribuição que a democracia de Lula e do PMDB lhe ofertaria”.

E considerou o ministro Edison Lobão, em tempos recentes, que aquela terrível fase de torturas e genocídios nem pode ser chamada de ditadura. Que ditadura mesmo foi o governo Getúlio Vargas.

É provável que em toda a história da imprensa mundial, desde os primórdios da Galáxia de Gutemberg, nunca uma única pessoa tenha processado tantos jornalistas em tão curto espaço de tempo. E isso significa que Edinho Lobão, talvez por direito de herança, inoculou pelo menos um dos genes da ditadura militar – O gene da censura. E talvez devesse a Justiça atentar para isso, posto que é inaudito, singular, inusitado que alguém tente, pela via do sacrifício econômico, calar tantos profissionais de imprensa de uma só vez.

E aqui estou me lembrando de como era o medo naquele tempo. O medo nos cursos de Comunicação, o medo nos cursos de Direito, o medo nos grêmios estudantis, o medo na OAB, o medo nas redações, o medo de falar, de ouvir, de opinar, escrever, de se organizar, de ser preso, ser torturado, de apanhar.

A censura no Brasil Colônia fazia lista de livros que não deviam ser lidos. Edinho Lobão está montando uma lista de jornalistas que não devem escrever.
Estás ressuscitando o medo, Edinho Lobão. E a História mostra que esse é o teu mais inalienável Direito de Herança.

Enviado por Eri Santos Castro.
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28 de abr. de 2014

Barbárie maranhense na revista Veja de novo


Por Felipe Frazão
 
A série de assassinatos brutais no Complexo Penitenciário de Pedrinhas ao longo do ano passado deixou um rastro de medo que ainda perdura no Maranhão, dentro e fora dos presídios, quatro meses depois do ápice da crise. A situação de emergência fez a Polícia Militar e a Força Nacional assumirem o patrulhamento em Pedrinhas a pedido do governo do Estado. Mesmo assim, os detentos voltaram a tentar fugas em massa nas últimas semanas. 

Ao menos dezessete conseguiram escapar neste ano – dez de uma só vez. A eles se somam os presos de “bom comportamento” que ludibriaram a Justiça no saídão de Páscoa e não voltaram mais. Só em Pedrinhas foram quarenta, além de sete internos de outras unidades prisionais da capital maranhense.
 
Entre os foragidos há criminosos especializados em assalto a banco, segundo a Polícia Civil, instituição responsável por recapturá-los. Eles estavam na lista de 240 presos da Região Metropolitana de São Luís beneficiados com o indulto na Semana Santa. A juíza Ana Maria Almeida Vieira, da 1ª Vara de Execuções Penais, disse já ter providenciado novos mandados de prisão.
 
Entre os dias 8 e 14 de maio, comemoração do Dia das Mães, outra leva de detentos terá a oportunidade de escapar da lei sem escalar paredes e grades com cordas feitas de lençol nem rastejar por túneis cavados de dentro das celas. Desde março, eles já abriram cinco passagens subterrâneas para fugas em massa do complexo prisional.
 
Nada leva a crer que os 47 fugitivos vão se distanciar do crime. O cenário que eles encontram nas ruas da Grande São Luís é assustador. O número de homicídios no primeiro trimestre chegou a 234, alta de 45% ante os 161 dos três primeiros meses do ano passado. A guerra do tráfico é o motor das mortes, que agora também atingem parentes dos criminosos.
 
No último dia 15, Marcone da Costa Pereira e Domingos Pereira Coelho foram executados a tiros em um intervalo de três horas. O irmão de Marcone, Irismar Pereira, e o filho de Domingos, Diego Michael Mendes Coelho, haviam sido decapitados durante a rebelião de dezembro de 2013 no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Pedrinhas. Os presos apelidaram a unidade de “Cadeião do Diabo”.
 
A Polícia Civil prendeu nesta quinta-feira cinco integrantes da quadrilha responsável pela morte dos dois familiares dos detentos decapitados no CDP. Eles atuavam na Vila Embratel, bairro periférico controlado pelo Bonde dos 40, a sanguinária facção criminosa que disputa os lucros da venda de crack com o Primeiro Comando do Maranhão (PCM).

Da Veja. 
Enviado por Eri Santos Castro.
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19 de abr. de 2014

50 anos do golpe de 1964: conhecer para não repetir

SECRETARIA MUNICIPAL DE DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA DA PREFEITURA DE SÃO PAULO REALIZA, APOIA E DIVULGA ATIVIDADES PARA O CINQUENTENÁRIO DO GOLPE DE 1964

O objetivo é estimular a reflexão sobre o período da ditadura no Brasil e as suas implicações nos dias atuais.

Em 2014, completam-se 50 anos do golpe de Estado de 1º de abril de 1964, responsável por instalar no País uma ditadura civil-militar que se estendeu por mais de 20 anos. Um período severamente marcado pelo autoritarismo e por graves violações aos direitos humanos, que até hoje não foram totalmente reveladas. Neste ano também são comemorados os 35 anos da Lei de Anistia e os 30 anos da campanha Diretas Já!, que compuseram a caminhada de enfrentamento ao regime ditatorial, formalmente encerrado em 1985.

A Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) da prefeitura de São Paulo realiza uma série de atividades no marco do cinquentenário, a fim de estimular a reflexão sobre esse período de exceção e suas implicações nos dias atuais. Para Carla Borges, coordenadora de Políticas pelo Direito à Memória e à Verdade da SMDHC, o debate e a reflexão estabelecem um cenário de promoção da democracia: “Relembrar os 50 anos do golpe de 1964 é fundamental para conhecermos mais sobre esse período da nossa história e também uma oportunidade para refletirmos sobre seus impactos em nossa democracia ainda incipiente dos dias atuais. Por isso, todas as atividades da nossa programação trazem como pano de fundo o debate sobre o direito à memória e à verdade ontem e hoje”.
Além de reunir as atividades realizadas e apoiadas pela Secretaria, este site pretende ser um calendário unificado de ações da sociedade civil relacionadas ao marco. Se quiser ter a sua atividade divulgada aqui, escreva para memoriaeverdade@prefeitura.sp.gov.br.

9 de abr. de 2014

Argentina processará empresários que apoiaram a ditadura

Se essa onda chega ao Brasil, qual o verdadeiro lugar do 'estadista' José Sarney?

O presidente da Câmara de Deputados, o kirchnerista Julián Dominguez, apresentou um projeto de lei para a criação de uma Comissão Parlamentar de Identificação das Cumplicidades Econômicas e Políticas durante a ditadura militar (1976-83).

O objetivo é preparar um relatório detalhado sobre a cumplicidade de empresários e políticos com o regime militar. Diversos depoimentos, acumulados desde a volta da democracia, indicam que empresários deram apoio econômico à ditadura, além de colaboração técnica, política e logística.

Ariel Palácios, Estadão.
Enviado por Eri Santos Castro.
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30 de mar. de 2014

O outro lado do golpe: por que não houve uma resistência significativa?

Nossas vidas seriam outras se houvesse um mero esboço de resistência em 64. Venceríamos? Perdemos por WO, essa é que a verdade difícil de aceitar.

As análises, rememorações, depoimentos sobre o golpe militar de 1964 e as suas conseqüências se sucedem. Mas é necessário também analisar o outro lado dos acontecimentos de então, o que leva a uma questão espinhosa: por que não houve uma resistência significativa? Vamos considerar algumas alternativas que, se não são ditas explicitamente, sempre rondam os comentários.

1) A personalidade de João Goulart
Este é um dos primeiros argumentos que vêm à tona. Se o homem é ele mesmo e a sua circunstância, a de Jango não poderia ser pior naquele momento. Deprimido pela estampa pública de uma relação conjugal complicada, comprimido entre a radicalização de seu governo com a pregação das reformas de base e a sua situação de latifundiário bem sucedido, o presidente não resistiu à pressão interna. Faltou-lhe o ânimo da luta. Sua decisão de fugir sabotou a possibilidade de se organizar qualquer resistência.
 
Em 1961 o Brasil vira o maior movimento cívico e popular de sua história, pelo menos desde a Revolução de 1930. A razão desse movimento fora a manutenção da legalidade, com a posse do vice-presidente depois da renúncia de Jânio Quadros. Já naquele momento Jango frustrara as expectativas dos empenhados na campanha pela sua posse, preferindo negociar com os conservadores e liberais do Congresso a aceitação da emenda parlamentarista.
 
O gesto foi recebido aos gritos de "covarde, covarde", pela multidão concentrada em frente ao Palácio Piratini em Porto Alegre. Jango teve de sair pela porta dos fundos. Em 1964, saiu de novo pela porta dos fundos, desta vez para sempre. Teria sua disposição de resistir alterado o resultado final do golpe? Vá se saber.

2) A imprevidência do governo no setor militar
Este argumento é muito sério e merece uma consideração de peso. As forças armadas, sobretudo o Exército, saíram divididas dos acontecimentos de 1961. Houve uma divisão horizontal, na oficialidade superior, e vertical, pela importância de atitudes da tropa em momentos decisivos, como no impedimento pelos suboficiais de que os jatos da base aérea de Canoas bombardeassem Porto Alegre durante a crise.
 
Jango, o governo e os militares legalistas não souberam ou não conseguiram, ou não quiseram capitalizar o momento, permitindo que oficiais golpistas permanecessem na ativa e com comandos de tropas significativos. Nos remanejamentos subseqüentes os golpistas, que tinham saído derrotados em 1961, apesar do empate técnico da emenda parlamentarista, ganharam força e posições. O levante dos sargentos em Brasília permitiu que estes fossem presos e desmobilizados. O levante dos cabos e marinheiros, no Rio de Janeiro, às vésperas do golpe, na prática teve o mesmo efeito.
 
Em 1964 nenhum comando importante estava em poder de oficiais declaradamente legalistas. Jango teve de nomear às pressas o General Ladário Pereira Telles para o comando do III* Exército em Porto Alegre. O gesto, que poderia ser o primeiro passo de uma resistência, serviu na verdade para facilitar a fuga do presidente.

3) A radicalização retórica da esquerda
Este argumento é uma faca de vários gumes. Corta para todos os lados.
 
Há uma visão conservadora que diz que "se não fosse o Brizola, Jango não teria caído". Brizola, seduzido pela idéia de tomar o poder, radicalizara suas posições, arrastando o cunhado. Havia até uma campanha (quem se lembra?), devido à proibição de que parentes de um presidente se candidatassem ao cargo: "cunhado não é parente, Brizola pra presidente".
 
Por este lado, é difícil sustentar algum argumento mais convincente. O golpe vinha sendo tramado, preparado, ensaiado, arriscado desde 1950, quando Vargas voltara ao poder com seu populismo inclinado à esquerda. A partir da revolução cubana e dos episódios de 61 ganhara o ímpeto de uma determinação histórica, com o decidido apoio de amplos setores dos governos norte-americanos. A retórica da esquerda serviu apenas de pretexto para mobilizar manifestações como a Marcha da Família com Deus pela Liberdade (pobre família! Pobre Deus! Pobre liberdade!).
 
Numa outra visão, pode-se ver que se a retórica ia para a esquerda, a esquerda na verdade se esfacelava. Isso é mais consistente. O governo na verdade estava isolado; a esquerda começava um processo de divisões internas que cresceria depois do golpe militar. Esse processo de aprofundamento de divergências descolou-a da perspectiva de esboçar qualquer gesto em defesa do governo. Jango era o herdeiro do "populismo de Vargas" e isso, para a esquerda, era um anátema.
 
Criou-se uma espécie de visão esquizofrênica que bloqueou de imediato qualquer possibilidade de reação, embora os sinais do golpe fossem visíveis desde o começo do ano. O golpe era indesejável, é certo. Mas livrar-se de um "populista" que poderia entravar o "processo revolucionário" não seria de todo mau.
 
Com isso as esquerdas, em geral, tiveram uma leitura equivocada do golpe, como se ele fosse apenas "mais uma" quartelada latino-americana de pouco fôlego, um tropeço no caminho inflexível da revolução. Além disso, como herança do período do Estado Novo, as esquerdas tiveram sempre um flerte bastante animado com os liberais, os de centro e os de direita. Mas em 64 esses liberais (com as honrosas exceções de dignidade e valor) estavam do lado ou dentro mesmo do golpe, com seus jornais, rádios e tevês emergentes.
 
As esquerdas se viram sós, sem governo, sem pai nem mãe, com um sistema sindical de fato minado pelo populismo e pelegos que queriam na verdade salvar o próprio (pelego) em grande parte dos casos.
 
As forças à esquerda também se dividiram no plano institucional, e logo onde não podiam se dividir: no Rio Grande do Sul. Na eleição para o governo do estado logo após o episódio da Legalidade, o PTB de Brizola e o Movimento Trabalhista Renovador, de Fernando Ferrari, egresso daquele partido, não chegaram a um acordo e concorreram separados. O PTB lançou Egydio Michaelsen, um político de fraco apelo popular. Ferrari tinha ímpeto e era "o homem das mãos limpas", mas ainda não tinha forças para bater ou galvanizar o PTB. Resultado: o governo foi parar nas mãos do conservador Ildo Meneghetti, autor da famosa frase "nenhuma revolução vai se fazer com o meu sangue", para explicar sua inexplicável fuga para Passo Fundo durante o golpe.
 
Houvesse um legalista no governo do estado, seria possível galvanizar a Brigada Militar como em 61, e com Ladário no III* Exército daria para montar um embrião de resistência. Ao contrário, tudo ruiu, e só restou, abrindo novo caminho histórico, a radicalização do movimento estudantil e as dissenções que desaguaram na luta armada.

4) A direita aprendeu tudo em 61 e as esquerdas muito pouco ou quase nada
Este é um argumento muito sério. A batalha de 61 foi ganha no campo das comunicações, apesar da censura sobre ele, imposta no centro do país.
 
Em muitas redações imperava uma fórmula mais ou menos conhecida: uma equipe de esquerda, um diretor de direita. Tais alianças instáveis foram se desfazendo, e a imprensa foi declaradamente para a direita. Nem as esquerdas nem o governo valorizaram devidamente aquilo que lhes levara a neutralizar o golpe em agosto/setembro de 1961.
 
No Brasil o parque de comunicações era emergente, embora ainda distante do ímpeto que ganharia depois do golpe. E nesse parque montou-se uma barragem de fogo cerrado contra o governo. Criou-se um país ameaçado pelo terror de esquerda, insuflaram-se amplos setores da classe média crendeira, que passaram a acreditar que lhe iam tomar de fato os pingüins sobre as geladeiras recém adquiridas e as próprias geladeiras. Houve jornais e jornalistas que resistiram. Mas foi insuficiente. O governo e as esquerdas perderam em 64 onde tinham triunfado três anos antes.

São lições e meditações sobre o passado. Nossas vidas seriam outras, muito outras, se pelo menos houvesse nem que fosse um mero esboço de resistência em 64. Venceríamos? Perdemos por WO, essa é que a verdade difícil de aceitar.

Por Flávio Aguiar.
Enviado por Eri Santos Castro.
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