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2 de out. de 2013

Quilombolas ocupam o Incra por tempo indeterminado

Nesta terça-feira (01),o Movimento Quilombola do Maranhão (MOQUIBOM), acampou no INCRA-MA. A ocupação faz parte da Mobilização Nacional dos povos Indígenas e Quilombolas iniciada ontem. Os quilombolas divulgaram um manifesto denunciando os ataques aos seus direitos fundamentais. Leia abaixo o documento:
MANIFESTO QUILOMBOLA
Passados 25 da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil nós, Comunidades Quilombolas e Povos Indígenas do Brasil, estamos nas ruas para denunciar os ataques aos nossos Direitos Fundamentais inscritos na nossa Carta Magna.
Resultado de nossas lutas históricas foi inscrito na Constituição:
Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos (ADCT).
Entretanto, ao longo dos anos assistimos ao descumprimento desse mandado constitucional o que tem gerado conflitos e ameaças à nossa existência física e cultural. Até o presente foram Certificadas pela Fundação Cultural Palmares 1.845 comunidades quilombolas. Estão abertos 1.264 processos de titulação territórios quilombolas (alguns na fase inicial) e foram titulados apenas 124 territórios, desses, apenas 39 expedidos exclusivamente pelo através do INCRA e FCP, somando 995.009,0875 hectares.
Nossas comunidades quilombolas perseguidas e ameaçadas por latifundiários, pecuaristas, empresas mineradoras, de monoculturas de soja, eucalipto e cana-de-açúcar estão cada vez ameaçadas de expulsão de nossos territórios com ou sem mandato judicial. Essa pressão aumenta à medida que os governos federal e estadual se curvam e sucumbem aos interesses do capital defendidos no Congresso Nacional pela bancada ruralista. Assim, os ataques a nossos direitos vem dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.
No Poder Judiciário tramita uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) patrocinada pelo Partido Democratas (DEM) contra o decreto presidencial Nº 4.887/2003 que: “regulamenta o procedimento para identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação das terras ocupadas por remanescentes das comunidades dos quilombo os de que trata o art. 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias”.
Na 8ª Vara da Justiça Federal, no Maranhão, tramitam várias ações possessórias visando manter as comunidades quilombolas em suas posses. Entretanto, preocupa-nos a postura do magistrado de devolver essas ações à Justiça Estadual, como ocorreu recentemente em ação de reintegração de posse contra as comunidades quilombolas de Açude, Serrano do Maranhão, e Aldeia Velha, Pirapemas.
No Congresso Nacional, dominado pelos ruralistas, tramita Proposta de Emenda Constitucional Nº 215/2000, que, se aprovada, retirará a competência do poder executivo nos processos de titulação dos territórios quilombolas e das terras indígenas. Vale lembrar que o no último dia 10de setembro o Presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN) criou a Comissão para apresentar o Relatório ao Plenário para votação da PEC.
O Tribunal de Contas da União – órgão auxiliar do poder legislativo – em Acórdão Nº 2835/2009 fez uma série de recomendações absurdas relativas ao processo de titulação dos territórios quilombolas. Entretanto, o mesmo Tribunal em julgamento de embargos opostos ao Acórdão supracitado declarou ser essa matéria “de competência exclusiva do Poder Judiciário, não cabendo ao TCU posicionar-se…”.
Mesmo assim o INCRA está adotando as recomendações do TCU, como  ocorreu em manifestação da Autarquia em Ação de Reintegração de Posse contra a Comunidade Quilombola de Cruzeiro, Palmeirândia, que tramita na Justiça Federal – Seção Judiciaria do Maranhão. Essa postura do INCRA demonstra o nível de comprometimento do governo federal com os latifundiários, pecuaristas e empresários dos setores do agronegócio, do hidro negócios, das hidroelétricas, da mineração, etc.
ASSIM, DIRIGINDO-NOS,
Ao Poder Executivo:
  • Ratificamos a reivindicação dos servidores do INCRA para que este Órgão seja “estruturado e fortalecido com capacidade de atuar com efetividade na defesa dos direitos constitucionais dos quilombolas e na sua missão institucional de titular seus territórios”.
  • Exigimos a imediata revogação de exigências impostas pela Direção Nacional do INCRA: 1) de que sejam informadas as “áreas efetivamente ocupadas” por comunidades com processos de regularização tramitando no órgão; e 2) a prévia autorização da direção nacional para publicação do RTID’s;
  • Reivindicamos a imediata Publicação de Portaria de Reconhecimento do Território Quilombola do Charco, onde foi assassinado Flaviano Pinto Neto, em 2010, no município de São Vicente Ferrer – MA;
  • Que seja estabelecido Cronograma para a Conclusão e Publicação dos RTID’s em andamento na Superintendência do INCRA-MA.
  • Exigimos do Governo do Estado do Maranhão a regularização fundiária das comunidades remanescentes de quilombos;
Ao Poder Legislativo
  • Exigimos o arquivamento imediato da Proposta de Emenda Constitucional Nº 215/2000.
Ao poder Judiciário:
  • Extinção, sem julgamento do mérito, da ADIN 3239/2004.
  • O Julgamento dos mandantes e executores do assassinato de Flaviano Pinto Neto, ocorrido em 30 de outubro de 2010, do quilombo Charco, município de São Vicente Ferrer – MA.
Por último, conclamamos homens e mulheres de boa-vontade das Religiões e Igrejas, enfim de toda a sociedade para lutarmos contra o extermínio do povo negro e dos indígenas no campo e na cidade.
Pois, nossa esperança, nascida na noite escura, será fogo incontido, que fará alvorecer o dia novo!
MOVIMENTO QUILOMBOLA DO MARANHÃO
Maranhão – outubro de 2013

Com o Jornal Vias de Fato.
Enviado por Eri Santos Castro.
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15 de jul. de 2013

EDITORIAL DO JORNAL VIAS DE FATO: Os protestos e uma agenda popular no Maranhão


        A origem do jornal Vias de Fato é um movimento chamado Vale Protestar, que ocorreu em 2006, era aberto e juntou comunicadores, artistas e militantes sociais, associando teatro de rua com crítica política. Nossa ação, na época, influenciou diretamente o Xô Rosengana, uma grande campanha popular, ocorrida às vésperas de uma eleição e que levou o nome de uma das personagens de nossa ação teatral. Impossível não lembrarmos daquele momento, ao ver milhões de brasileiros nas ruas, neste junho de 2013, onde o nosso país entrou numa grande convulsão social, num evento que oxigenou a política nacional.
        Vivemos um momento de grande aprendizado. O que é evidente para alguns, vai ficando claro para muitos outros. É preciso participação e pressão, para que qualquer governo trabalhe bem. E uma das formas mais eficientes de fazer isso é nas ruas e praças públicas. É na passeata, na ocupação, no protesto! Neste ponto, toda esta mobilização nacional, foi, sem dúvida, um grande processo de educação e formação política. E os resultados foram vistos. Os chamados poderes constituídos (e a grande imprensa) ficaram de joelhos, diante da sociedade. Este foi o grande gol do Brasil em 2013, durante a rebatizada “Copa das Manifestações”. 
         Hoje, muitos começam a entender (inclusive alguns mais velhos) que uma democracia não se encerra no voto ou nas chamadas instituições “democráticas” e “representativas”. É necessário um processo permanente de participação e controle social, desatrelado do Estado. E esta é uma ideia de esquerda, apesar da direita brasileira, neste processo atual, estar feito louca, querendo tomar conta da festa ou tirar proveito dela.
      Falando da direita brasileira, durante este processo de mobilização, através de sua mídia conservadora (Globo, Veja e cia.) ela repetiu, como uma espécie de mantra, o discurso do “vandalismo”, todas as vezes que a indignação se exacerbou. Ora, ora! Violência muito maior é provocada rotineiramente pelo sistema político brasileiro, que nega direitos fundamentais a boa parte da sociedade. Esse é o verdadeiro “vandalismo” no Brasil! Um quebra-quebra aqui, outro ali, é mera consequência deste cenário maior. Afinal, violência gera violência. E não existe paz sem justiça social.  
       E agora, quando setores da classe média vão às ruas, lutar pelo que querem, lembramos também da trajetória do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).  Em respeito à história recente do Brasil, achamos que é importante registrar que a partir da década de 1990, após o Impeachment de Collor, foi o Movimento Sem Terra quem promoveu, em nosso país, os maiores movimentos de massa e as principais mobilizações. E sempre satanizado, covardemente perseguido e criminalizado pela policia, por muitos governos, pela mídia elitista (Globo, Veja e cia. novamente) e por setores desta mesma classe média. As ocupações de terras, de estradas e de outros espaços públicos, nada mais são que uma forma legítima e necessária de pressão, num país onde a elite sempre teve mecanismos, muito eficientes, para parasitar o Estado e mantê-lo sob o seu cabresto.
      Muito se falou, nestas últimas semanas, sobre a crise de representatividade no Brasil. Ela é evidente e não nasceu neste ano. A maioria do povo brasileiro não se sente representada no Legislativo, nem amparada no Judiciário, ou bem servida pelo Executivo, num cenário onde os mecanismos de controle social, na prática, não funcionam ou funcionam muito mal. O grito que ecoa atualmente nas ruas do Brasil é contra esse sistema, que mantém enormes privilégios e profundas desigualdades. Não adianta mais falar só de bolsa! O povo quer mais! A fome é bem maior! Quem sustenta o Estado exige serviço público de qualidade, quer saúde, educação, transporte etc. Quer dignidade e respeito! Em outras palavras, no capitalismo selvagem do Brasil, aqueles que pagam a conta, resolveram abrir a boca, exigindo o trabalho bem feito.
          No caso do Maranhão, nós tivemos, apenas em São Luís, num espaço de duas semanas, algo em torno de 30 manifestações. Muitas tratando de sérios problemas comunitários, algumas ligadas com a agenda nacional (mobilidade urbana, fim da PEC 37, pelo combate a corrupção e a homofobia etc.) e outras, tratando dos terríveis dramas camponeses. Nas duas maiores mobilizações ocorridas na capital maranhense, ambas com mais de 10 mil pessoas, o grito que uniu os manifestantes foi: “Sarney, ladrão, devolve o Maranhão!”. Um imenso coro, repetido exaustivamente, puxado e ampliado por milhares de jovens. E foi interessante ver essa meninada tomar esta posição, sem estar a reboque de lideranças políticas, partidos ou organizações tradicionais. Sem querer negar a importância destes outros atores políticos, consideramos saudável a iniciativa dessa rapaziada.
         O Maranhão, como é do conhecimento geral, é o mais empobrecido, flagelado, sucateado e violentado, entre todos os estados brasileiros. Marcado por uma estúpida concentração de terras, trabalho escravo, pela impunidade generalizada, com inúmeros crimes ambientais, com sua capital cercada de merda e esgoto, onde o crime organizado (o assalto ao dinheiro público) se alastra pelo Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Público e pelos grandes meios de comunicação (Sistema Mirante e cia.). Enfim; como já dissemos aqui várias vezes e vamos continuar repetindo: o Maranhão é o lugar onde a máfia tomou conta da política, criando a “indústria da miséria”, termo surgido na entrevista que fizemos, no mês passado, com o professor Marcelo Carneiro (UFMA), com a participação de Wagner Cabral, também professor da UFMA (a entrevista está no site www.viasdefato.jor.br). 
         É óbvio que o Maranhão, mais do que qualquer outro lugar do Brasil, precisa de mudança! E este clima de protestos pode (e deve) ajudar neste processo. Derrotar nas urnas o senador José Sarney e seus candidatos é fundamental! Mas não é tudo. É necessária uma agenda social, popular, que aponte para outro Maranhão. Uma agenda pública - criada pela sociedade - indicando um caminho para a decantada mudança. É importante juntar a pauta e a energia política que vêm das ruas e das redes sociais no Maranhão, com outra luta concreta e antiga, que vem das periferias, dos sem terra, quilombolas, indígenas, pelos direitos humanos, pela reforma agrária e pelo desenvolvimento sustentável. 
        Tendo como referência a experiência que vivemos de 2006 para cá, acreditamos que, aqui no Maranhão, temos que trabalhar para que os protestos e esta agenda possam estar juntos, na luta contra a máfia oligárquica. Juntando estas duas pontas, poderemos sonhar com um verdadeiro processo de renovação na política local. Um processo que, obviamente, não se encerrará nas urnas.  
 *Editorial da 44º edição do Jornal Vias de Fato (julho de 2013). 

13 de ago. de 2012

Assembleia Popular para discutir os outros 400 anos de São Luís

CONVITE

O governo do Estado do Maranhão e a prefeitura de São Luís estão fazendo festa pelos 400 anos da nossa cidade! E nós, também queremos comemorar. Mas, com tantos problemas, fica difícil pensar em festa! É preciso dizer que não estamos nem um pouco satisfeitos/as com a situação que vemos nas ruas de São Luís.

Queremos ter direito à cidade! E acreditamos que você também. Por isso, venha construir conosco O GRITO DOS 400 ANOS: Por uma São Luís sem Exclusão!

VENHA! Manifeste-se, para que possamos gritar bem alto, para todos/as, que não estamos satisfeitos/as com o descaso dos poderosos com a nossa cidade e sua população.

VENHA! Ajude a construir um ambiente para que São Luís esteja realmente digna de festa.
A cidade só pode celebrar quando todos os seus filhos e suas filhas estiverem incluídos/as, bem vestidos/as, alimentados/as, com dignidade, trabalhando, morando bem, com água potável, transporte público de qualidade, mobilidade urbana, saneamento básico, tendo acesso à saúde e educação. Isso é vida digna!

enha! Contribua! Para você, o que falta nesta festa?

QUANDO: DIA 15 DE AGOSTO – QUARTA FEIRA.
ONDE: NO SINDICATO DOS BANCÁRIOS – nº 413/417, RUA DO SOL - CENTRO.
HORÁRIO: ÀS 18 HORAS!
PARA QUEM: QUEM QUISER VIR E CONSTRUIR ESTE GRITO.
VENHA! NÃO DEIXE DE DAR SEU PITACO NESTE GRITO DOS 400ANOS POR UMA SÃO LUÍS SEM EXCLUSÃO. NOSSA CIDADE E Sua POPUALÇAO MERECEM!
 

Assinam e convocam: Comitê Padre Josimo, Jornal Vias de Fato, MST, União Por Moradia Popular, Central de Movimentos Populares, Conlutas, Sintrajuf, Irmãs de Notre Dame de Namur, Associação de Moradores da Vila Cristalina, RECID, Comitê das Assembleias Populares.
Contatos:
Rejane: 8862-4789/Elias: 8717-2192/Sandra8733-6008/Eunice Chê: 8859-2071

Elias Filho
militante do PT da base
central de movimentos populares-CMP/MA
"As Vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas... O tempo passa... e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais!" Bob Marley

11 de jun. de 2012

AÇAILÂNDIA E SANTA LUZIA LIDERAM O “RANKING DO TRABALHO ESCRAVO!


AÇAILÂNDIA E SANTA LUZIA LIDERAM O “RANKING DO TRABALHO ESCRAVO! - Os municípios de Açailândia e Santa Luzia do Tide (ambos no oeste do Maranhão) são os campeões em denúncias de trabalho escravo no estado, segundo o relatório anual “Conflitos no Campo - BrasiL 2011”. Açailândia aparece no relatório com cinco fazendas denunciadas e 39 trabalhadores envolvidos na denúncia, enquanto Santa Luzia registra quatro propriedades denunciadas e 49 trabalhadores envolvidos. Em 2011, 259 trabalhadores foram envolvidos nas 23 denúncias de trabalho escravo apuradas no Maranhão. Mais de 100 lavradores em condição análoga à escravidão foram libertados – entre eles, sete menores de 18 anos.Conheça a lista de fazendas denunciadas aqui: www.viasdefato.jor.br

16 de mai. de 2012

PISTOLAGEM MATA MAIS DUAS PESSOAS NO MARANHÃO


Na tarde desta segunda-feira (14), Antônio Francisco Oliveira e Rogério de Oliveira, pai e filho, foram executados por pistoleiros Na na cidade de Lago da Pedra. Os corpos foram encontrados apenas na manhã de hoje.Os pistoleiros chegaram montados em cavalos e assassinaram o pai e o filho.Crimes como estes estão se tornando rotineiros no Maranhão. Com mais essas duas vítimas, já vai para dez o número de executados pela pistolagem no Maranhão, somente em 2012.
 
Enviado por Eri Santos Castro.
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11 de jan. de 2012

O índio queimado no Maranhão

 
No dia 31 de dezembro de 2011 o site do jornal Vias de Fato deu uma pequena nota, noticiando que havia nos chegado à informação de que um índio teria sido queimado no município de Arame, no interior do Maranhão. A vítima, segundo a denúncia, foi uma criança Awá-Guajá.

Com a repercussão da nota, alguns dias depois, no último dia 6 de janeiro, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) divulgou uma notícia em seu site (www.cimi.org.br) tratando do mesmo assunto e confirmando a nossa informação. O texto do CIMI foi feito em Brasília e assinado pelo jornalista Renato Santana. Nele está dito que, segundo os indígenas, “o corpo foi encontrado carbonizado em outubro do ano passado num acampamento abandonado pelos Awá isolados, a cerca de 20 quilômetros da aldeia Patizal do povo Tenetehara, região localizada no município de Arame (MA). A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi informada do episódio em novembro e nenhuma investigação do caso está em curso”.

Os suspeitos pelo crime contra a criança índia são os madeireiros que atuam em terras maranhenses. O caso repercutiu em todo o país.  O Ministério Público Federal convidou o CIMI e a Comissão de Direitos Humanos da OAB do Maranhão para discutir as providências que serão tomadas no sentido de apurar o caso.  Hoje à tarde (10/01/12) houve uma audiência para tratar do assunto.

Porém, antes disso, no dia 8 de janeiro, a Fundação Nacional do Índio no Maranhão (FUNAI), apressadamente (e é muito importante registrar a pressa) concluiu um relatório dizendo que o caso do índio queimado em Arame “trata-se de um boato”, de “uma mentira”, de “uma notícia sem fundamento”, cuja “a motivação é eminentemente política”. Lideranças indígenas nos ligaram hoje pela manhã revoltadas com o conteúdo do relatório.

O fato é que a história dos madeireiros na nossa região segue o mesmo roteiro e método do tráfico de drogas nos morros do Rio de Janeiro. Eles dominam pela força bruta e agem em parceria com o poder político/estatal/mafioso. Eles são violentos e circulam como se estivessem acima do bem e do mal. E já que a FUNAI falou de “motivação política” o Vias de Fato lembra que órgãos federais, políticos com mandato e o comando da máfia maranhense, têm relação com estes madeireiros. São cúmplices! É por isso que eles estão sempre tão à vontade para devastar, matar e esfolar tudo que eles encontram pela frente.

No Maranhão, os madeireiros estão também dentro de áreas indígenas. Por conta disso, vários índios são aliciados e participam do negócio. Os que não entram no jogo, sofrem diferentes tipos de agressões, caso dos Awá-Guajá.

Sendo assim, no momento em que a FUNAI lança um relatório em regime de urgência, tentando botar uma pá de cal sobre a denúncia do índio queimado e deixando livre de suspeitas os madeireiros que agem no Maranhão, é o caso de se levantar algumas questões.

A primeira se refere ao índio Clóvis Tenetehara. Ele é a única fonte citada nominalmente pela FUNAI. Na realidade, a FUNAI reproduz um depoimento de Clóvis quando ele diz que o assassinato da criança Awá se trata de “um boato, uma mentira”.  É estranho que neste mesmo relatório da FUNAI está dito que os próprios servidores da Fundação flagraram um caminhão madeireiro e que este teria feito uma doação (incluindo aí mantimentos) para Clóvis Tenetehara e sua família. Já no site da revista Caros Amigos está dito que o “o índio Guajajara Clóvis Tenetehara contou ao CIMI  que costumava ver os Awá-Guajá isolados durante caçadas na mata. Mas que não os vê mais, desde que localizou um acampamento com sinais de incêndio e os restos mortais de uma criança”.

Então, nesta confusão toda, quem está mentido? Quem está sendo bobo ou se fazendo de bobo? A FUNAI? O CIMI? A Caros Amigos? O índio Clovis Tenetehara? Os outros setores da imprensa e da Sociedade Civil? Teria Clóvis dado um depoimento para o CIMI e outro para a FUNAI? Ele mudou de depoimento? E se mudou, o que teria lhe motivado? Hoje nos chegou a informação que ele, inclusive, teria recebido um carro. Até o momento não conseguimos confirmar exatamente esta história do veículo. Mas, são muitos os fatos que precisam ser apurados. E outros índios, certamente, devem ser ouvidos!

Quanto ao nosso papel, desde o início, foi o de ajudar a denunciar uma história que é comentada por vários índios da região de Amarante e Arame: UMA CRIANÇA INDÍGENA AWÁ-GUAJÁ TERIA SIDO QUEIMADA POR MADEIREIROS!

E nós sabemos que existe todo um histórico de violência contra índios e outros povos da terra que vivem (e sobrevivem) no Maranhão. São posseiros, quilombolas, sem terra, ribeirinhos etc. E o poder público e a grande mídia local (ambos ligados a máfia Sarney) são protagonistas e/ou coniventes com esta situação de barbárie. E as mortes acontecem... Muitas não são registradas. E o povo grita. E ninguém ouve. Então, numa situação como esta, a FUNAI, ao invés de teorizar sobre liberdade de imprensa, tem é que cumprir o seu verdadeiro papel e convencer a sociedade de que está agindo de forma correta, honesta e com total e absoluta transparência.

Em nossa edição de novembro de 2011 (nº 26), o índio Frederico Guajajara disse que “recentemente um madeireiro passou com um caminhão por cima de um índio Guajajara. Uma índia Kanela de 51 anos, foi estuprada e assassinada com requintes de crueldade e uma índia Krikati de 22 anos e com problemas mentais foi estuprada dentro da aldeia por um homem branco armado. A Funai tem conhecimento disso tudo e não tomou nenhuma providência.” A matéria tratou de uma rebelião de índios que ocupou a sede da FUNAI  em Imperatriz (MA) e, na ocasião, lançou uma carta aberta a sociedade.

Nesta carta está citada a tentativa de cooptação de comunidades indígenas e a relação de madeireiros com figuras da FUNAI.  Integrantes do CIMI voltaram a garantir hoje, na reunião com o Ministério Público Federal e com a Comissão de Direitos Humanos da OAB, que, já neste período, servidores da FUNAI foram informados que o corpo de uma criança indígena foi encontrado carbonizado.  Isto foi há dois meses! Agora, ao invés de fazer uma profunda investigação sobre esta “nova” denúncia, a FUNAI tenta, rapidamente, abafar o assunto citando um único e controvertido depoimento.

O adágio popular diz que onde há fumaça, há fogo. Neste caso das terras dos Awá-Guajá, tem muito mais do que isso...

Por Alice Pires, no sítio Vias de Fato.
Enviado por Eri Santos Castro.
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9 de jan. de 2012

Violência contra quilombolas no Maranhão

Alice Pires
Um conjunto amplo de entidades acompanhará duas importantes audiências relacionadas à violência contra quilombolas no Maranhão.Nesta segunda, serão ouvidos em Itapecuru, fazendeiros e quilombolas do Povoado Salgado, em Pirapemas. (Caso do poço envenenado e perseguição de pistoleiros).Dia 10.01 (terça), em São João Batista, a partir das 9h, será realizada a 2ª audiência a respeito do assassinato do líder quilombola Flaviano Pinto, da comunidade do Charco.
Além das atividades descritas acima, no dia 09/01, (segunda-feira), as comunidades quilombolas do Território Aldeia Velha/Pirapemas se encontrarão para avaliar a caminhada até agora e traçar as próximas estratégias de resistência e enfrentamento.

4 de jan. de 2012

Maranhão bate record em trabalho escravo

  • MARANHÃO DEITA E ROLA COM TRABALHO ESCRAVO -O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) atualizou o Cadastro de Empregadores flagrados explorando mão-de-obra escrava no país. Conhecido como "Lista Suja", O estado do Maranhão é um dos que mais tem nomes na lista, o Cadastro apresenta 52 inclusões e passa a conter 294 infratores, entre pessoas físicas e jurídicas, número recorde. Para ver a lista completa, clique aqui. www.viasdefato.jor.br

9 de nov. de 2011

“Mídia Alternativa, Sociedade Civil e Luta Social”

É Hoje!!!!!!
 
Acontece hoje, quarta (09/11), a partir das 18h30min, no Sindicato dos Bancários, o debate promovido pelo jornal Vias de Fato sobre “Mídia Alternativa, Sociedade Civil e Luta Social”. Entre os palestrantes estão jornalista Igor Felippe Santos (MST-SP), Flávio Reis (UFMA) e Helciane Araújo (UEMA). O evento marca o aniversário de dois anos deste jornal mensal, fundado em outubro de 2009 por Cesar Teixeira, Emilio Azevedo, Altemar Moraes e Alice Pires. Hoje os interessados poderão também fazer assinaturas e adquirir camisas com imagens de charges publicadas no Vias. E, como ninguém é de ferro, após a prosa tem música, cachaça e camarão seco. 
 
Da assessoria.
Enviado por Eri Santos Castro.
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6 de nov. de 2011

Convite: “Mídia Alternativa, Sociedade Civil e Luta Social”

Na próxima quarta-feira (9/11) haverá um debate, em São Luís (MA), organizado pelo Jornal Vias de Fato, sobre “Mídia Alternativa, Sociedade Civil e Luta Social”. Será no Sindicato dos Bancários, na Rua do Sol, a partir das 18h30min.Este evento marca o aniversário de dois anos do Vias de Fato, jornal fundado em outubro de 2009 por Cesar Teixeira, Emilio Azevedo, Altemar Moraes e Alice Pires. Sua pauta é voltada para as questões relativas à política, direitos humanos, preservação ambiental, cultura, memória, movimentos sociais, organizações populares e a comunidade estudantil e universitária.Os palestrantes serão o jornalista Igor Felippe Santos; editor do site do MST em São Paulo, integrante do Centro de Estudos Barão de Itararé e da Rede de Comunicadores pela Reforma Agrária; Flávio Reis, professor do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Helciane Araújo, jornalista, socióloga e professora da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

Por Alice Pires.
Enviado por Eri Santos Castro.
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13 de out. de 2011

Conflitos fundiários: São Luís pode explodir

Cidade Criativa
O vice-governador Washington Luiz tem dedicado parte do seu tempo para equacionar esse gravíssimo problema que atinge milhares de famílias ludivicenses. Há diversas ordens de despejos para a polícia militar executar. Para onde irão essas pessoas? Veja matéria abaixo no Vias de Fato.
Nesta quinta (13.10), a Relatoria Nacional do Direito à Moradia da Plataforma DHESCA Brasil (relativo ao Pacto Internacional de Direitos Humanos Sociais, Econômicos, Culturais e Ambientais, da ONU) iniciará uma visita de 02 dias a São Luís, em virtude da grave situação dos conflitos fundiários urbanos que ameaçam inúmeras comunidades na Ilha. . Sexta-feira tomaremos café com a comunidade Terra Sol - são quase 400 famílias comd espejo marcado para dia 19/10. 
Sugestão de pauta Alice Pires.
Veja em: www.viasdefato.jor.br
Editado por Eri Santos Castro.
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8 de set. de 2011

Quem lucra com a festa dos 400 anos?


Sou cidadã ludovicense e o Poder Público nunca me perguntou o que acho da comemoração dos 400 anos de São Luís. Acredito que tal pergunta também nunca tenha sido feita para você. Agora, pediram a opinião da população para escolher qual a melhor marca para esta comemoração. Isso me parece um absurdo!
Nunca fizeram uma enquete, em nossa cidade, para saber qual a opinião da população para os serviços prestados na saúde, segurança ou educação.

Leia o artigo completo no www.viasdefato.jor.br
Rejane Galeno, no Vias de Fato.
Enviado por Eri Santos Castro.
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25 de jul. de 2011

Jornal Vias de Fato

Além da distribuição e venda alternativa na UFMA, UEMA, IFMA, organizações sociais, movimentos, ONGs, sindicatos e entre os assinantes, o jornal também pode ser encontrado em banca da Praça João Lisboa, Praça Deodoro, Praia Grande, São Francisco, Renascença, Cohama, Alemanha e Diamante. Se ainda não leu, ache o seu e invista na democratização da informação no Maranhão.  



Acompanhe diariamente na internet:

19 de nov. de 2010

Emoção, povo na rua e pressão popular marcam o lançamento da Relatoria de Conflitos Fundiários do Maranhão


A Rede de Combate aos Despejos no Maranhão lançou ontem (18/11) a Relatoria Estadual de Conflitos Fundiários. O ato ocorreu na comunidade Menino Gabriel (ex-Bob Kennedy), onde há um ano, houve um brutal despejo que atingiu dezenas de famílias.  Logo após o ato de lançamento, a comunidade, apoiada pelas entidades que compõe a Rede, partiu em comboio até a prefeitura de Paço do Lumiar para exigir da prefeita Bia Venâncio que faça o repasse de R$ 60 mil reais, necessário para a regularização fundiária de Menino Gabriel. O recurso é fruto de compromisso assumido no dia 18 de dezembro do ano passado e que previu um repasse de R$ 90 mil e até agora só foi repassado R$ 30 mil.

O clima ficou tenso na prefeitura. Um segurança de Bia Venâncio sacou de um revólver. Representantes da Rede de Combate aos Despejos conseguiram evitar o pior. Depois, de posse de um microfone, os manifestantes pediram que a prefeita aparecesse. Mas, imediatamente tiveram a energia interrompida para impedir o uso do som.

“Estão desligando a energia, para não usarmos o microfone, mas quero dizer que podemos usar essa energia, porque ela é paga com nossos impostos, mas isso não vai nos intimidar, pois ainda temos nossa voz” enfatizou Reginaldo, integrante do Quilombo urbano... .......

Por Alice Pires
Enviado por Eri Santos Castro.

9 de nov. de 2010

Feijoada do Vias de Fato

Convite

Será realizada no dia 13 de novembro (sábado),a partir de 12:30h, no Chama Maré, na Ponta da Areia, a I Feijoada Vias de Fato. Além de comemorar o primeiro aniversário do jornal, ocorrido em outubro deste ano, o evento tem como objetivo arrecadar fundos que serão investidos neste projeto de comunicação. A sua presença é importante!  Participe! Invista na democratização da comunicação no Maranhão.

Os convites da feijoada estão à venda no (e com):


Sindicato dos Bancários (Rua do Sol)
Chico Discos (Rua Sete de Setembro)
Livraria Poeme-se (Praia Grande)
Alice Pires (8824-81-47 / 8145-50-52)
Altemar Moraes (8123-5184)
Elmo Cordeiro (9606-4324)
 
O valor do convite é R$ 10,00
Esperamos você!!

4 de out. de 2010

Diante do terrível luto social do Maranhão...

  Com:www.viasdefato.jor.br

A injustiça passeia pelas ruas com passos seguros.

Os dominadores se estabelecem por dez mil anos.

Só a força os garante.

Tudo ficará como está.

Nenhuma voz se levanta além da voz dos dominadores.

No mercado da exploração se diz em voz alta:

Agora acaba de começar:

E entre os oprimidos muitos dizem:

Não se realizará jamais o que queremos!

O que ainda vive não diga: jamais!

O seguro não é seguro. Como está não ficará.

Quando os dominadores falarem

falarão também os dominados.

Quem se atreve a dizer: jamais?

De quem depende a continuação desse domínio?

De quem depende a sua destruição?

Igualmente de nós.

Os caídos que se levantem!

Os que estão perdidos que lutem!

Quem reconhece a situação como pode calar-se?

Os vencidos de agora serão os vencedores de amanhã.

E o "hoje" nascerá do "jamais".

*Recebemos de uma amiga e leitora este texto, que  é parte de um poema de Bertolt Brecht chamado “Elogio da Dialética”.