Eleições
municipais costumam ser encaradas como um porto raso da vida
democrática. Tudo se passa como se delas não dependesse a questão maior
da política, que é a luta pelo poder e, sobretudo, o poder de
transformar a sociedade, configurando-se a disputa local como mero
entreposto de baldeação para projetos e aspirações superiores. Mais que
nunca, a cidadania sofre e respira os ares do mundo, mas as pessoas,
como dizia o geógrafo Milton Santos, vivem em seus lugares. Sintonizar a
agenda dos lugares com as aspirações legítimas de seus moradores é um
desafio que já não pode mais ser descartado com o discurso protelatório
dos requisitos globais.Nos anos 80, em Porto Alegre, a criatividade
política da esquerda desbravou uma nova fronteira da democracia ao criar
o Orçamento Participativo, que afrontou o poder difuso dos mercados de
determinar a vida cotidiana dos cidadãos. Como avançar agora?
Da Carta Capital
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