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31 de jan. de 2014

Do Blogue Josias de Souza: "Contra o clã Sarney, candidato do PCdoB negocia frente com PSDB e PSB no MA"



Josias de Souza entrevista o presidente da Embratur, Flávio Dino - 11 vídeos




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O presidente da Embratur, Flávio Dino, tornou-se a personificação do paradoxo. Adversário político da família Sarney, Dino está subordinado ao ministro Gastão Vieira (Turismo), um apadrinhado do patriarca José Sarney. Na semana que vem, trocará o cargo que ocupa no governo de Dilma Rousseff por um projeto que tem como potenciais parceiros Aécio Neves e Eduardo Campos, os dois principais antagonistas da presidente.
Filiado ao PCdoB, uma logomarca que vem sempre enganchada ao PT, Dino se equipa para disputar o governo do Maranhão sem o apoio de Lula, Dilma e do petismo federal. Em entrevista ao blog, ele definiu como “um bom namoro” o esforço que realiza para atrair o PSDB e o PSB para sua coligação. Se a coisa evoluir para o “casamento”, como espera, Dino vai franquear seu palanque estadual a Aécio e Campos, os rivais de Dilma. “Serei um bom anfitrião de ambos”, declara.
O repórter perguntou a Dino por que Lula e Dilma preferem apoiar o candidato a ser indicado pelos Sarney a optar pelo nome do PCdoB. E ele: “…Não consigo crer que o presidente Lula ou a presidenta Dilma, com o conhecimento que têm da realidade do Estado, ignorem que esse regime político que lá está deve ser superado. Tenho certeza que os dois acham isso. Agora, qual vai ser a atitude concreta durante a campanha realmente eu não sei.”

Dino diz não ter desistido de incorporar o PT à sua caravana. Ele idealiza para o Maranhão algo que sucedeu no Acre em 1998. “Quando foi para derrotar o crime organizado, representado na ocasião pelo Hildebrando Pascoal e as forças políticas que ali se aglutinavam, houve uma aliança PT-PSDB, que levou à eleição do hoje senador Jorge Viana (PT).”
Não é um exagero comparar Roseana Sarney e o pai dela a Hildebrando Pascoal, o ex-deputado federal que se notabilizou por passar suas vítimas nas armas e na motosserra? Não, Dino não considera exagerada a comparação. “São modelos que concentram poder na mão de poucos e exercem esse poder às vezes com métodos que são ilegais. Esse é o sentido da comparação”, diz ele.
Dino prosseguiu: “Infelizmente, o Estado democrático de direito ou os valores da República não chegaram totalmente aos corredores do poder no Maranhão. Então, práticas ilegais são muito rotineiras lá. É esse o sentido da comparação. Há um pequeno grupo que concentra poder e riqueza e que mantém esse poder ilegalmente. Por isso é preciso uma ampla união de forças que tenham aptidão, vontade e coragem para enfrentar esse sistema de poder.”
Bem posto nas sondagens eleitorais, Dino se refere ao PT com uma ponta de ironia: “Assim como na Bíblia está registrado que ninguém serve a dois senhores, é preciso que o PT, afinal, trilhe o seu caminho [no Maranhão]. Enquanto isso, nós estamos buscando as composições com as forças locais que possam nos ajudar.”
O que ocorreria na cena federal se o PT do Maranhão rompesse com a família Sarney? “Tudo poderia acontecer, inclusive nada”, afirma Dino. “Acho que, mais provavelmente, nada.” O repórter insistiu: o senador Sarney não soltaria marimbondos de fogo? “Certamente não”. Para Dino, Sarney tem tantos interesses a defender no poder federal que “valorizaria esses interesses acima do mal-estar” maranhense.
Dino deixará a Embratur sem conseguir devolver para patamares razoáveis os preços a serem cobrados pelos hotéis brasileiros durante a Copa do Mundo. Desde o ano passado, a pasta do Turismo estima que os preços das diárias hoteleiras sofrerão variações de até 580%. “Creio que nós conseguimos evitar uma expansão ainda maior nos preços”, diz o ainda presidente da Embratur. Ele avalia que a situação “pelo menos não piorou”. Dino culpa a Fifa pelo descalabro.
Do Blogue do Josias de Souza, confira aqui!
Enviado por Eri Santos Castro.
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26 de dez. de 2013

Deu no Josias de Souza: No Maranhão, Roseana deseja erguer 11 presídios com BNDES e sem licitações

Com a autoridade desafiada pelas facções criminosas que dominam o maior presídio do Maranhão, o complexo de Pedrinhas, a governadora Roseana Sarney deseja erguer 11 presídios novos a toque de caixa. Quer fazer isso com dinheiro do BNDES —coisa de R$ 53 milhões— e sem licitações.
Deve-se a atmosfera emergencial à imprevidência do próprio Estado. No Maranhão, emergência tornou-se outro nome para a imprudência. É como se o governo local, desejasse desnudar a incompetência, cometendo-a. A administração de Roseana recebera do Ministério da Justiça R$ 22 milhões para construir três cadeias entre 2011 e 2012.
A aplicação do dinheiro estava condicionada à apresentação de bons projetos. Por razões que a sensatez desconhece, o governo maranhense descumpriu as pré-condições. A verba voltou às arcas do Tesouro. E o caos do sistema penitenciário aprofundou-se na proporção direta do crescimento do monturo de cadáveres.
Nos últimos doze meses, foram executados dentro dos cárceres do Maranhão 59 detentos. Numa chacina de outubro passado, produziram-se no complexo de Pedrinhas dez cadáveres e mais de duas dezenas de feridos. Com o cadeião de Pedrinhas sob convulsão, Roseana decretou “situação de emergência” —que lhe permitiria agora dispensar as licitações.
Na semana passada, arrancado de sua inércia por um novo surto de violência no presídio de Pedrinhas (cinco mortos, três decapitados), o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu explicações a Roseana por escrito. O prazo para a resposta venceu na terça-feira.
Como não havia expediente na Procuradoria, a data limite foi esticada para esta quinta-feira pós-natalina. Porém, Roseana já mandou dizer que precisa de pelo menos 15 dias para se manifestar. O procurador-geral cogita requerer no STF a intervenção federal no Maranhão.
Há dois meses, em 24 de outubro, Roseana recebeu em sua sala representantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Seus interlocutores tinham acabado de visitar o inferno de Pedrinhas. Desfiaram na frente dela o rosário de violações de direitos humanos que haviam testemunhado.
Nesse encontro, Roseana disse que não compactua com as atrocidades. E mencionou a intenção de erigir os 11 presídios novos —dez no interior do Estado, um na capital São Luís. Entre os presentes estava o juiz Douglas de Melo Martins. Vinculado ao Tribunal de Justiça do Maranhão, Douglas está cedido ao Conselho Nacional de Jutiça. Ele assessora a presidência do órgão, hoje ocupada por Joaquim Barbosa, que também preside o STF.
Profundo conhecedor das mazelas carcerárias do Maranhão, o doutor Douglas sustenta que o Complexo Penitenciário de Pedrinhas fugiu ao controle sobretudo porque recebe presos de todo Estado. Nessa versão, o crime organizado do interior do Maranhão passou a disputar território dentro da cadeia com as facções criminosas da capital. Daí a elevada quantidade de defuntos.
Contra esse pano de fundo, Roseana acertou ao localizar em cidades do interior maranhense dez dos 11 presídios que pretende erguer. Ela prometera entregar as cadeias prontas em seis meses. Já lá se vão dois. E não há vestígio de parede levantada. O que o procurador-geral terá de avaliar é se Roseana será capaz de fazer por pressão o que não fez por obrigação.
Do Blogue Josias de Souza.
Enviado por Eri Santos Castro.
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24 de dez. de 2013

Chefões do crime estupram mulheres de detentos na penitenciária do Maranhão


A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), perdeu a autoridade sobre um pedaço do território do seu Estado. No Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, quem manda é o crime organizado. Essa espécie de terceirização do cadeião maranhense às facções criminosas será retratada em relatório a ser entregue nas próximas horas ao presidente do STF, Joaquim Barbosa, e ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Chama-se Douglas de Melo Martins um dos redatores do documento. É juiz auxiliar da presidência do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Após visitar a penitenciária de Pedrinhas, ele adicionou ao rol de mazelas já colecionadas em inspeções anteriores uma novidade macabra: mulheres e irmãs de presos são forçadas a manter relações sexuais com chefes das facções criminosas que controlam a cadeia: o Primeiro Comando do Maranhão e o Bonde dos 40.
“As parentes de presos sem poder dentro da prisão estão pagando esse preço para que eles não sejam assassinados”, relata o doutor Douglas. “É uma grave violação de direitos humanos.” A atmosfera de caos facilita os estupros. No presídio do Maranhão, a tradicional separação dos presos em celas não existe mais. As grades foram arrombadas em rebeliões. Grupos de 250 a 300 presos compartilham suas iras e angústias misturados nas galerias.
Não há nesse inferno prisional espaço adequado para as visitas íntimas, tal como previsto em lei. O bom senso recomendaria que, em tais circunstâncias, os contatos físicos dos presos com suas mulheres e namoradas fossem suspensos. Não foi o que sucedeu no complexo de Pedrinhas. A direção da unidade não teve pulso para proibir as relações sexuais. Elas ocorrem ali mesmo, nas celas abertas. Por quê? Ora, porque os mandarins do crime querem que seja assim.
“Por exigência dos líderes de facção, a direção da casa autorizou que as visitas íntimas acontecessem no meio das celas”, conta o juiz Douglas Martins. Em contato com o secretário de Justiça e da Administração Penitenciária do Maranhão, Sebastião Uchôa, o enviado do CNJ pediu providências. O auxiliar da governadora Roseana “prometeu acabar com a prática”. Vivo, Garrincha perguntaria: ‘Já combinaram com o Primeiro Comando do Maranhão e o Bonde dos 40?
O olheiro do CNJ trouxe do Maranhão outra evidência de que o Estado manda pouco, muito pouco, quase nada na penitenciária de Pedrinhas. A inspeção dos visitantes só alcançou as áreas que os presos consentiram. “Como as celas não ficam fechadas, os agentes de segurança recomendaram não entrar”, relata o magistrado Douglas Martins. Por quê? Os barões da cadeia não autorizaram. “Seria muito arriscado”, declara o juiz.
Apenas no ano de 2013, estima-se que morreram na penitenciária do Maranhão mais de 50 detentos. Na penúltima rebelião, ocorrida na semana passada, feneceram cinco, três deles com as cabeças apartadas dos respectivos pescoços. Foi a imagem medieval das decapitações que levou o CNJ de volta às mazelas de Pedrinhas. Acompanhou o doutor Douglas um representante do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), o conselheiro Alexandre Saliba.
Na última sexta-feira (20), em visita à governadora Roseana Sarney, Alexandre Saliba entregou-lhe ofício remetido pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. No texto, o chefe do Ministério Público Federal requisitou informações sobre as providências eventualmente adotadas para deter o descalabro do sistema prisional. Deu três dias de prazo para o envio de uma resposta. Roseana disse a Saliba que atenderá à requisição de Janot nesta terça-feira (24) natalina. Será?
Conforme já noticiado aqui, Janot cogita requerer ao STF a decretação de uma intervenção federal no Maranhão. O descontrole da penitenciária de São Luís vem sendo atestado por emissários de Brasília desde 2011. Pressionando aqui, você chega a um relatório referente à inspeção anterior à que ocorreu na semana passada. Deu-se em outubro de 2012, nas pegadas de outra rebelião, que levou à cova dez presos.
O documento faz menção a uma audiência dos inspetores com Roseana Sarney. Nessa reunião de um ano e dois meses atrás, a governadora prometera erguer 11 novos presídios em seis meses –um em São Luís e outros dez no interior do Estado. Entre uma rebelião e outra, com a promessa da governadora de permeio, nada mudou na cadeia de Pedrinhas. A penitenciária continua sendo o melhor local para a construção de um Maranhão inteiramente novo. Caos não falta.
Saiu no Josias de Souza, confira aqui!
Enviado por Eri Santos Castro.
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24 de abr. de 2013

Saiu no Blogue Josias de Souza: 'PT censura propaganda de Márcio Jardim com críticas a Roseana Sarney'


Membro da Executiva do PT no Maranhão, Márcio Jardim estrelou um dos comerciais de 30 segundos que a legenda levou ao ar nas emissoras de tevê do Estado. A peça começou a ser exibida na segunda-feira (22). Menos de 24 horas depois, estava censurada, expurgada da programação e desautorizada. Tudo isso com o aval de Rui Falcão, presidente do PT federal.
O vídeo de Márcio Jardim começa bem, rendendo homenagens a Lula e Dilma Rousseff. Em dez anos, “tiraram milhões de brasileiros da situação de probreza extrema”, ele enaltece. Do meio para o final, a mensagem compara esse Brasil que “melhorou muito” com o Estado governado por Roseana Sarney (PMDB).

“O Maranhão continua ostentando os piores indicadores sociais do país”, espinafra o companheiro Jardim. “Somos os piores na saúde e na educação. Vivemos num estado de profunda insegurança, medo e violência, que aterroriza a todos nós.” Roseana e seu pai, o senador José Sarney, não apreciaram as observações.

Por ironia e imposição legal, o palavreado tóxico do petista foi veiculado inclusive na tevê Mirante, emissora da família Sarney. Armou-se no eixo São Luís Brasília algo que os nordestinos chamam de furdunço. Presidente do PT maranhense, Raimundo Monteiro falou pelo telefone com Rui Falcão. Na sequência, divulgou no site do PT nacional uma nota.

No texto, disponível aqui, Raimundo anotou que foi “surpreendido” com a veiculação da peça na qual Jardim “faz críticas à administração liderada pela governadora Roseana Sarney.” O dirigente desceu ao ponto: “…Consultando o presidente nacional do PT, Rui Falcão, determinei a substituição dos programas, cujo conteúdo está desautorizado.”
Por quê? “Não fosse pela contradição de o PT criticar o governo do qual faz parte, também não faz sentido investir contra uma liderança que tem apoiado desde o inicio o nosso projeto nacional.” Márcio Jardim surpreendeu-se com a reação. Ouvido pelo repórter John Cutrim, declarou: “Sequer citei o nome da governadora Roseana, fiz apenas observações pontuais. Incrível como a oligarquia se incomoda quando alguém desnuda a falta de capacidade de continuarem governando esse Estado. Não resistem sequer a trinta segundos.”

Certas decisões, como essa avalizada por Rui Falcão, deveriam ser censuradas. Ou, pelo menos, difundidas de mão em mão em envelopes de plástico preto. Ninguém tomaria conhecimento do vídeo do companheiro Márcio Jardim se a irritação dos Sarney e a censura do PT não tivessem o cuidado de chamar a atenção. Quem conhece apenas esse PT dos últimos dez anos talvez não acredite. Mas já foi proibido no partido falar bem da família Sarney. Nos velhos tempos do ex-PT, o próprio Lula puxava o coro. Repare no vídeo abaixo.

Veja os dois vídeos (Márcio Jardim e Lula), no Blogue de Josias de Souza, aqui!
Enviado por Eri Santos Castro.
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6 de jul. de 2011

Sarney, Alfredo Nascimento e a falta que faz um vilão

Brasília precisa urgentemente de um vilão. Um vilão desses de novela, com os olhos a rutilar chispas de maldade.
Um vilão assim –caricato, pés sobre a mesa, charuto entre os dedos— ordenaria desvios e superfaturamentos sem pudores e ambiguidades.
Não há vilões assim em Brasilia. Ali, a eventual apropriação de verbas não é vista como coisa amoral. É parte do modelo, consequência do apoio de partidos a governos.
Nesta terça (5), o tetrapresidente pemedebê do Senado, José Sarney, saiu em defesa do ministro pêérre dos Transportes, Alfredo Nascimento.
Sarney enxergou acerto na decisão de Dilma Rousseff de manter Nascimento no cargo. Disse que não se pode exonerar o ministro “apenas por uma acusação publicada”.
Antes da publicação da denúncia, Dilma reunira-se com a cúpula dos Transportes. Queixara-se do descalabro das obras inflada$.
Nesse encontro, Dilma disse que o ministério, por descontrolado, precisava de babá. Teria três: ela própria e as ministras Gleisi Hoffmann e Ideli Salvatti.
A despeito disso, Nascimento permanece na cadeira de ministro, sob aplausos de Sarney.
Retorne-se ao início: Brasília precisa urgentemente de um vilão. Um vilão que trouxesse a maldade estampada na cara, sem ambiguidades.

- Em tempo: Foto de Fábio Pozzebom, da Agência Brasil.
Do blogue de Josias de Souza. 
Enviado por Eri Santos Castro.
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6 de jun. de 2011

Análise: Dilma depende mais do PMDB do que gostaria

O PMDB exibe uma coesão que não existia sob FHC nem Lula. Pressionada, Dilma desengaveta pedidos de nomeação do partido, diz Josias de Souza. 

Enviado por Eri Santos Castro.
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4 de fev. de 2011

O perigo da unanimidade de Lobão

Serginho Groisman
por blogdojosias
Para Lobão (ministro) o sistema de transmissão de energia do Brasil é o mais moderno do mundo. E o apagão em 7 estados foi o que?

11 de dez. de 2010

Complexo de Lula se esconde entre Sarney e ACM

Ricardo Stuckert/PR

Na semana passada, em viagem ao Maranhão, Lula abespinhou-se com a pergunta de um repórter. Vale a pena recordar.

A indagação soou apropriada: agradeceria o apoio dado pela oligarquia Sarney ao seu governo?

E Lula, destemperado: "Eu agradeço [o apoio do Sarney]. E a pergunta preconceituosa é grave para quem está há oito anos comigo em Brasília...”

“...Significa que você não evoluiu nada do ponto de vista do preconceito, que é uma doença. O presidente Sarney é o presidente do Senado...”

“...Colaborou muito para que a institucionalidade fosse cumprida. Você devia se tratar, quem sabe fazer psicanálise, para diminuir um pouco esse preconceito".

Pois bem. Na noite desta sexta (10), de passagem pela Bahia, Lula revelou-se, ele sim, candidato a umas boas sessões de análise.

Ao lado do governador Jaques Wagner (PT), o presidente festejou os êxitos de um programa local, o Topa (Todos pela Alfabetização).

Discursou por quase meia hora. A certa altura, afagou Wagner. Enalteceu-lhe o feito de ter prevalecido na Bahia sobre a oligarquia comandada por ACM. Disse:

“Já imaginou? Um cara galego, lá do Rio de Janeiro, vir aqui pra Bahia e ser eleito no primeiro turno... Derrotar a oligarquia que governava esse Estado...”

“...É por isso que eu acredito em Deus. Eu acredito em Deus, entre outras coisas, por essas coisas que acontecem e não têm explicação sociológica, filosófica”.

Ora, qual a diferença entre Sarney e ACM? Nenhuma. Ou, por outra, uma: Sarney não passou um minuto na oposição.

“O Estado não existe pra atender aos senhores que sempre se serviram do Estado”, disse Lula em Salvador. Beleza.

No poder desde as caravelas, o oligarca Sarney serve-se do Estado há cinco décadas. Nos últimos oito anos, com o diligente auxílio de Lula.

No fatídico pronunciamento, Lula reiterou que, depois de “desencarnar”, vai “continuar na vida política, agora muito mais à vontade”. Correrá o país.

“Quando chegar aqui na Bahia, sem compromissos, sem segurança, sem protocolo, sem crimonial pra encher o saco...”

“...Sozinho, como nos velhos tempos, vou poder tomar um negocinho qualquer –não vou dizer o que é—, sem preocupação com a imprensa...”

“...Sem preocupação com a fotografia, vamos conversar mais livremente, sem preocupação com as palavras”.

Antes de inaugurar a temporada de viagens e de se entregar aos inebriantes prazeres de “um negocinho qualquer”, Lula talvez devesse procurar um psicanalista.

Se estivesse economicamente a perigo, poderia recorrer à psicanálise de grupo, dividindo a conta com o repórter que o inquiriu no Maranhão.

Por sorte, deixa a presidência de caixa alta. Pode bancar um psicanalista individual. Desses que oferecem sofá de veludo e abajur lilás.

Em algum ponto entre Sarney e ACM, escondem-se os complexos de Lula. O tratamento não é garantia de cura. Porém...

Porém, com sorte e boa análise, Lula pode pegar todas as suas deformações e juntá-las num único complexo. O complexo da governabilidade.

Verá que, em dois reinados, presidiu um ponto de encontro entre a maluquice político-administrativa e os malucos com fins lucrativos.

- Serviço: Aqui, o áudio com a íntegra do discurso de Lula. Falou por 27min17s. O trecho em que festeja a derrocada da oligarquia baiana soa aos 19min40s.

Do blogue de Josias de Souza.
Enviado por Eri Santos Castro.

20 de nov. de 2010

Dilma guardava arma, e daí?

Foi às páginas da Folha, neste sábado (20), a primeira notícia extraída do processo aberto pela ditadura contra Dilma Rousseff na década de 70.

Os documentos estavam trancados num cofre do STM (Superior Tribunal Militar).

Por dez votos contra um, os ministros do tribunal reconheceram o direito do jornal de ter acesso aos papéis.

Depois de manusear um primeiro lote de cópias, os repórteres Matheus Leitão e Lucaz Ferraz informam o seguinte:

1. Dilma Rousseff detinha, junto com outros dois militantes, os códigos que, combinados, levavam a um arsenal.

2. Eram as armas da VAR-Palmares, organização que combateu a ditadura militar (1964-1985).

3. A revelação foi levada aos autos num “depoimento” arrancado de João Batista de Sousa em março de 1970.

4. Companheiro de Dilma, João Batista falou sob tortura. Mas, procurado pelos repórteres, confirmou o conteúdo do processo, adicionando detalhes.

5. Responsável pela guarda do armamento da VAR-Palmares, João Batista desenvolveu um código que identificava o endereço, em Santo André (SP).

6. Dividiu o segredo com outras duas pessoas da organização. Um pedaço do código foi repassado a Dilma. Nessa época, ela se escondia sob o codinome de “Luíza”.

7. O outro naco do código foi às mãos de Antonio Carlos Melo Pereira, que, na clandestinidade, atendia pelo nome de “Tadeu”.

8. Na hipótese de prisão de João Batista, Dilma e Antonio Carlos teriam como chegar ao “aparelho” das armas. Bastaria que juntassem as duas partes do código.

9. "Fiz isso para que Dilma, minha chefe na VAR, pudesse encontrar as armas", declara, hoje, já decorridos 40 anos, João Batista.

10. O arsenal incluía: 58 fuzis Mauser, 4 metralhadoras Ina, 2 revólveres, 3 carabinas, 3 latas de pólvora, 10 bombas de efeito moral...”

...100 gramas de clorofórmio, 1 rojão de fabricação caseira, 4 latas de "dinamite granulada" e 30 frascos com substâncias para "confecção de matérias explosivas".

11. João Batista participou de assaltos a bancos e mercados. Hoje, conta: "Informava todas as ações para Dilma com três dias de antecedência".

12. Tido pelos colegas como um dos mais corajosos militantes da VAR-Palmares, João Batista arrostou quatro anos de cadeia. Diz ter sido torturado por mais de 20 dias.

13. Na entrevista, declarou ter votado em Dilma. Até hoje ele a chama de "minha coordenadora".

14. Antes de ser preso, acertara com Dilma três “pontos” de encontro. Diz que não revelou aos torturadores as horas e os locais.

15. Dilma seria presa meses depois de João Batista. Ele recorda que, depois, ela lhe disse que utilizou o código para resgatar o arsenal da Var-Palmares.

16. Nos autos do processo, o trecho em que João Batista fala do código foi anotado assim:

"Que, tal código, entregou a ‘Tadeu’ e ‘Luisa’, sendo que deu a cada um uma parte e apenas a junção das duas partes é que poderia o mencionado código ser decifrado".

17. Procurada, Dilma Rousseff, agora presidente eleita, não quis comentar.

18. José Dirceu, que chamara Dilma de “companheira de armas” na solenidade em que transmitiu a ela o cargo de chefe do Gabinete Civil, reagiu assim:

“Ficha de órgão político é lixo puro. Se você acreditar [nas acusações], precisa acreditar também que o [jornalista] Wladimir Herzog se matou".

19. No caso específico, os dados foram corroboradas por quem as prestou. De resto, até o “lixo” e os métodos da ditadura têm inestimável valor historiográfico.

Não é por outra razão que o petismo, Dirceu incluído, defende a criação de uma "Comissão da Verdade". O companheiro não há de supor que a verdade é via de mão única.

No mais, um país que desconhece o seu passado perde a oportunidade de aproveitar, no presente, os acertos pretéritos. Perde também a chance de esquivar-se dos erros.

Por Josias de Jouza.
Enviado por Eri Santos Castro.

17 de nov. de 2010

Novo Centrão quer Sarney presidente do Senado

O jornalista Josias de Souza fala sobre Sarney e o PMDB, veja abaixo dois parágrafos: 

"O PMDB ataca com reação em dois lances. Num, relançou José Sarney para sua quarta presidência no Senado.

Noutro, festejou a formação de um megabloco na Câmara com PMDB, PP, PR, PTB e PSC. Se vingar, soma 202 deputados."

Enviado por Eri Santos Castro.

31 de out. de 2010

Fernanda Torres: ‘Propaganda e marketing’ eleitoral

Andy Warhol

Craque da arte da interpretação, a atriz Fernanda Torres vem se revelando uma observadora arguta do teatro eleitoral de 2010.

Neste domingo (31), dia em que a catarse da platéia vai retirar de cena uma das peças em cartaz, Fernanda lança sobre palco seus olhos de especialista.

Em artigo veiculado na Folha, ela enxerga um quê de teatro infantil na propaganda de Serra. E analisa os vários papéis que levaram Dilma a se perder de si mesma.

Vai abaixo o texto:


“Jamais compreendi o direcionamento populista do marketing de José Serra. No primeiro turno, levei um choque quando assisti a uma cena em que o candidato do PSDB se sentava no sofá de uma senhora singela para ouvi-la falar a respeito de um problema de saúde no olho.
‘Depois desse olho, a senhora perdeu o outro olho?’ Perguntava ele. A enferma, então, ameaçava chorar e Serra abraçava-a com dó, pedindo que não se emocionasse porque, senão, ele se emocionaria junto. Só faltou o violino cigano.
Um especialista em linguagem do corpo afirmou, logo no início do primeiro turno, que o tucano passava a ideia de que sabia do que estava falando, mas não se importava com o próximo. Talvez opiniões como essas tenham-no levado a gravar cenas tão lacrimosas.

Quando Marina deu o segundo turno de presente para a oposição, achei que o populismo seria deixado de lado em prol de uma mensagem mais adulta e objetiva.
Ledo engano.
Serra continuou exalando bondade enquanto abria seu programa de forma sensacionalista, demonizando Dilma e rebatendo com o mesmo dólar furado as acusações de entreguismo feitas ao governo FHC pelo PT.
O público percebe quando está sendo tratado como criança.
Há duas semanas, recebi por e-mail um depoimento contundente postado por Hélio Bicudo via internet. Nele, o bacharel em direito e fundador do PT chamava a atenção para os exageros partidários de Lula, para a ameaça à liberdade de expressão e pedia que a população, por meio de seu voto, se posicionasse contra um partido que coloca seus interesses acima dos da nação.
O time de Serra devia ter poupado o trabalho e transmitido as palavras de Bicudo no ar, em looping, no horário eleitoral.
A equipe de Dilma também fez a caveira dos tucanos, mostrou sua candidata visitando casebres, brincando com o cachorro e conversando com desamparados, mas sempre como pano de fundo.
O grande trunfo do programa do PT -além da luz caprichada, do custo superior e do auxílio luxuoso de Lula- foi uma entrevista extremamente bem produzida em que a candidata petista se dirigia a um arguidor oculto.

Editada de Dilma para a própria Dilma, a peça publicitária lhe dava tempo de exprimir suas ideias sem sofrer com o que parece ser uma dislexia verbal que apresenta em público, de pausar sem que parecesse branco, de não ser agressiva como exigem os debates nem sorridente ‘pede voto’.

A impressão de intimidade, criada com a longa conversa e os silêncios para reflexão, destacava a personalidade grave de Dilma e a ajudava a formar uma imagem de serenidade digna de um presidente.

Em um ano, a ex-ministra foi maternal, severa, irritável, boa, beata, vítima, algoz, seguiu o norte das pesquisas e, perseverante, enfrentou a via crucis eleitoral como poucas vezes se viu na história deste país.

Se as previsões se confirmarem nesta noite de domingo, depois de tantas metamorfoses ambulantes, talvez a própria Dilma descubra com o eleitorado quem é a mulher que hoje se torna presidente".

Do Blogue do Josias de Souza.

18 de out. de 2010

A sétima verdade deste segundo turno

 A onda religiosa enfraquece

A onda religiosa enfraquece. Trocando aborto e união civil de gays por educação e meio ambiente, Serra e Dilma passariam a dialogar com os eleitores que optaram por Marina Silva no primeito round.Que primeiro fizer isso ganhará mais votos.

Somam 19,3% do eleitorado. Coisa de 20 milhões de votos. O Datafolha informa que 51% pendem para Serra e 23% dizem preferir Dilma.

Mas há ainda 11% de ex-eleitores de Marina que dizem votar em branco e, mais importante, 15% se declaram indecisos. 

Enviado por Eri Santos Castro.

15 de out. de 2010

É possível impedir o crescimento de Serra?

Em crise, campanha de Dilma vive seu pior momento

  Danilo Verpa/FolhaA duas semanas da eleição, o QG de Dilma Rousseff atravessa seu pior momento.

A sintonia que permeava as relações de Lula com o comando da campanha trincou.

As críticas ao estilo centralizador dos operadores do QG espraiaram-se pela coligação.

A submissão da candidata à agenda religiosa deixou indignado um pedaço do PT.

Fraturas expostas debilitam a campanha em praças tão estratégicas como Minas.

Tudo isso contra um pano de fundo ornado por pesquisas internas inquietantes.

Detectou-se avanço do rival José Serra nos maiores bolsões de votos do Sudeste.

As sondagens indicam que Serra avança em São Paulo, em Minas e no Rio.

Nos dois primeiros Estados, atribui-se o fenômeno ao embalo do primeiro turno.

Serra seria beneficiário do êxito de Geraldo Alckmin e do grupo de Aécio Neves.

No Rio, o tucano estaria herdando nacos expressivos do eleitorado de Marina Silva.

Teme-se, de resto, que a abstenção sugue parte dos votos de Dilma no Nordeste.

Em privado, Lula critica o marqueteiro João Santana, que antes endeusava.

Diz que a propaganda televisiva padece de ausência de “povo” e falta de “emoção”.

Nos subterrâneos, atribui-se o formato atual da publicidade –prenhe de comparações entre a era tucana e a fase petista— mais a Lula que a Santana.

Viria do presidente a inspiração para o reforço do tom “plebiscitário”, com especial ênfase às privatizações feitas sob FHC.

Teria partido de Lula a ordem para levar o vice-presidente José Alencar ao vídeo. Uma forma de atenuar a desestruturação da campanha de Dilma em Minas.

Ali, o PT se rói em desavenças entre as alas de Fernando Pimentel e Patrus Ananias. E o PMDB de Hélio Costa, esmagado por Aécio, já não quebra lanças por Dilma.

Na prátrica, a campanha de Dilma demora-se em sacudir a poeira do primeiro turno. Lula não frequenta a cena apenas no papel de crítico. É criticado.

Atacam-no pelas costas. Atribui-se ao cabo eleitoral de Dilma parte da culpa pelos problemas que levaram a eleição ao segundo turno.

Afora o ‘Erenicegate’ e a sublevação das igrejas, a escalada retórica de Lula contra a mídia teria feito o eleitor de classe média a olhar de esguelha para Dilma.

Numa tentativa de reverter o quadro, planeja-se tonificar a campanha no Sudeste.

Nesta sexta (16), Dilma realiza comício em São Miguel Paulista, bairro de São Paulo. No sábado (17), deve desfilar em carreata pelas ruas de Belo Horizonte.

Pelo PT, José Eduardo Dutra e Alexandre Padilha rearticulam os prefeitos mineiros. Pelo PMDB, o vice de Dilma, Michel Temer, tenta reenergizar o seu partido.

Dutra e Padilha passaram por Belo Horizonte nesta quinta (14). Temer desembarca na cidade nesta sexta (15).

Lula avocou para si a tarefa dee soldar a votação de Dilma no Nordeste, um pedaço do mapa em que sua popularidade é maior do que a média nacional.

Contra a abstenção, planeja-se injetar na propaganda de rádio e TV mensagens dirigidas ao eleitor de baixa renda e de escolaridade exígua.

Para desassossego do petismo, também o comando da campanha de Serra deliberou centrar esforços no Sudeste, em especial São Paulo, Minas e Rio.

Nesta quinta, Aécio Neves produziu a primeira evidência de que decidiu derramar suor por Serra. Reuniu em torno do candidato, em Belo Horizonte, 300 prefeitos.

Na quarta-feira (20) da semana que vem, o tucanato fará evento semelhante no Rio.

Noutra praça convertida em prioridade tucana, o Rio Grande do Sul, o PMDB de Temer aderiu, em sua maioria, a Serra.

Pela primeira vez desde o início oficial da campanha, há quatro meses, Lula e os operadores de Dilma parecem realmente preocupados com o adversário.


Por Josias de Souza.
Enviado por Eri Santos Castro.