14 de set. de 2015

A esquerda com Jeremy Corbyn vence disputa interna pela liderança do Partido Trabalhista, na Inglaterra. O mundo sofrerá fortes influências

Inglaterra: a esquerda com Jeremy Corbyn vence disputa interna pela liderança do Partido Trabalhista. 

No Brasil, O PT precisa de construção de uma nova maioria

interna também para sair da crise. Com os mesmos atores 

não dar!


LONDRES — A vitória do esquerdista Jeremy Corbyn na disputa pela liderança do Partido Trabalhista britânico no sábado desencadeou uma avalanche de novas filiações à agremiação. Em publicação na sua conta na rede social Twitter na manhã de ontem, Iain McNicol, secretário-geral do partido, informou que em apenas 24 horas depois da eleição de Corbyn 15,5 mil pessoas se juntaram formalmente aos trabalhistas, fazendo o total de membros ultrapassar 325 mil, numa alta de quase 5%. Não se sabe quantos destes novos militantes estão entre as mais de 100 mil pessoas que pagaram 3 libras (cerca de R$ 18) só para se registrarem como apoiadores e ganharem o direito de votar na eleição de anteontem, mas o novo vice-líder do partido, Tom Watson, também eleito do sábado numa disputa paralela, disse esperar que muitos deles decidam se filiar oficialmente no caminho para as próximas eleições gerais no Reino Unido, previstas para 2020.

Mas se a acachapante vitória de Corbyn, que conquistou quase 60% dos votos na disputa, é um sucesso entre a militância trabalhista, o mesmo não se pode dizer da liderança do partido: até ontem, nada menos que oito integrantes do gabinete paralelo da oposição trabalhista no Parlamento — que reflete a estrutura do governo do atual primeiro-ministro do Reino Unido, o conservador David Cameron — anunciaram que vão deixar seus cargos, e muitos outros informaram apenas que estão “deixando suas opções em aberto”.

Além disso, em entrevista à rede de TV britânica BBC ainda na manhã de ontem, o próprio Watson deixou claras suas diferenças de posição com relação às ideias do novo líder, de tendências mais socialistas na área econômica e isolacionistas na política externa. O novo vice-líder, no entanto, também pregou a unidade do partido em torno do mandato de Corbyn, afirmando serem “zero” as chances de algum tipo de golpe para removê-lo. Preocupados com possíveis divisões nas fileiras trabalhistas, outras figuras importantes do partido, como Ed Miliband, predecessor de Corbyn na liderança, e o ex-vice-primeiro-ministro britânico John Prescott também fizeram declarações exortando a união.

— Não podemos negar que isto representa um enorme realinhamento político, mas Jeremy Corbyn obteve um grande mandato de nossos membros — avaliou Watson. — Digo a meus colegas para protegerem este espaço, respeitarem o mandato que ele recebeu de nossos membros e tentarem ficar unidos.

Já os conservadores também teriam motivos para comemorar a vitória de Corbyn. Segundo analistas, a guinada à esquerda dos trabalhistas deverá favorecer o Partido Conservador junto ao eleitorado britânico na votação de 2020, quando então deverá estar sob a liderança de George Osborne, segundo em comando do governo Cameron. O atual primeiro-ministro não perdeu tempo para capitalizar politicamente sobre isso e já partiu para o ataque, afirmando que sob a égide de Corbyn o Partido Trabalhista tornou-se uma ameaça à segurança do Reino Unido.

"O Partido Trabalhista representa agora uma ameaça para nossa segurança nacional, nossa segurança econômica e a segurança de nossas famílias", escreveu em sua conta no Twitter.


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