Inglaterra: a esquerda com Jeremy Corbyn vence disputa interna pela liderança do Partido Trabalhista. |
No Brasil, O PT precisa de construção de uma nova maioria
interna também para sair da crise. Com os mesmos atores
não dar!
LONDRES — A vitória do
esquerdista Jeremy Corbyn na disputa pela liderança do Partido Trabalhista
britânico no sábado desencadeou uma avalanche de novas filiações à agremiação.
Em publicação na sua conta na rede social Twitter na manhã de ontem, Iain McNicol,
secretário-geral do partido, informou que em apenas 24 horas depois da eleição
de Corbyn 15,5 mil pessoas se juntaram formalmente aos trabalhistas, fazendo o
total de membros ultrapassar 325 mil, numa alta de quase 5%. Não se sabe
quantos destes novos militantes estão entre as mais de 100 mil pessoas que
pagaram 3 libras (cerca de R$ 18) só para se registrarem como apoiadores e
ganharem o direito de votar na eleição de anteontem, mas o novo vice-líder do
partido, Tom Watson, também eleito do sábado numa disputa paralela, disse
esperar que muitos deles decidam se filiar oficialmente no caminho para as
próximas eleições gerais no Reino Unido, previstas para 2020.
Mas se a acachapante vitória de Corbyn, que
conquistou quase 60% dos votos na disputa, é um sucesso entre a militância
trabalhista, o mesmo não se pode dizer da liderança do partido: até ontem, nada
menos que oito integrantes do gabinete paralelo da oposição trabalhista no
Parlamento — que reflete a estrutura do governo do atual primeiro-ministro do
Reino Unido, o conservador David Cameron — anunciaram que vão deixar seus
cargos, e muitos outros informaram apenas que estão “deixando suas opções em
aberto”.
Além disso, em entrevista à rede de TV
britânica BBC ainda na manhã de ontem, o próprio Watson deixou claras suas
diferenças de posição com relação às ideias do novo líder, de tendências mais
socialistas na área econômica e isolacionistas na política externa. O novo
vice-líder, no entanto, também pregou a unidade do partido em torno do mandato
de Corbyn, afirmando serem “zero” as chances de algum tipo de golpe para
removê-lo. Preocupados com possíveis divisões nas fileiras trabalhistas, outras
figuras importantes do partido, como Ed Miliband, predecessor de Corbyn na
liderança, e o ex-vice-primeiro-ministro britânico John Prescott também fizeram
declarações exortando a união.
— Não podemos
negar que isto representa um enorme realinhamento político, mas Jeremy Corbyn
obteve um grande mandato de nossos membros — avaliou Watson. — Digo a meus
colegas para protegerem este espaço, respeitarem o mandato que ele recebeu de
nossos membros e tentarem ficar unidos.
Já os conservadores também
teriam motivos para comemorar a vitória de Corbyn. Segundo analistas, a guinada
à esquerda dos trabalhistas deverá favorecer o Partido Conservador junto ao
eleitorado britânico na votação de 2020, quando então deverá estar sob a
liderança de George Osborne, segundo em comando do governo Cameron. O atual
primeiro-ministro não perdeu tempo para capitalizar politicamente sobre isso e
já partiu para o ataque, afirmando que sob a égide de Corbyn o Partido
Trabalhista tornou-se uma ameaça à segurança do Reino Unido.
"O Partido Trabalhista representa agora
uma ameaça para nossa segurança nacional, nossa segurança econômica e a segurança
de nossas famílias", escreveu em sua conta no Twitter.
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