12 de set. de 2013

Exclusivo no MA- A mídia conservadora e o 'Mensalão': E o julgamento teve seu 11 de setembro. Jornais estão chocados.

Imprensa e Mensalão – 12/09/2013
PANORAMA

E o julgamento teve seu 11 de setembro. Jornais estão chocados. O tema está em todas as manchetes, salvo Valor (com chamada de capa). Manchete do Correio Braziliense: “Mensalão perto de reviravolta no STF”.

Folha e Estadão vão de “novo julgamento”. Ele está “por dois votos”, como resume a Folha. Esta coloca na capa uma imagem de Joaquim Barbosa contrariado. Conta que quatro ministros acatam recursos “que beneficiam Dirceu”. E traz opiniões divergentes de seus articulistas.

Igor Gielow diz que “a barafunda vai se instalar, e a pizza ruma ao forno”. Janio de Freitas lembra que a convenção dos direitos humanos assegura o duplo grau de jurisdição. Os dois textos têm chamada na primeira página. Marcelo Coelho escreve que “o jogo vira a favor de José Dirceu e companhia”. Abaixo, Ivar Hartman (FGV Direito Rio) lamenta a decisão.

A manchete de O Globo está inacreditável: “Petistas já temem julgamento no ano eleitoral”. (Nada poderá ser positivo em relação ao PT, parece ser o lema do jornal.) O Estadão diz, em chamada na capa, que Planalto quer evitar desgaste na eleição: a reabertura “não agrada ao governo Dilma Rousseff”.

Quase toda a capa do jornal carioca é destinada ao julgamento. Três repórteres assinam o texto da manchete. A fonte que lamenta a virtual prorrogação do julgamento é oculta. A ala do PT que comemora aparece com Ricardo Berzoini, Paulo Rocha e Carlos Zarattini.

Segundo a Folha, ministros do STF dizem que processo não acabará até o fim de 2014, caso embargos sejam aceitos. O jornal repercute opinião de Helenita Acioli, que teme que o julgamento se prolongue “anos a fio”.

O texto do Valor fala de julgamento até o fim do ano.

Folha e Estadão começam a dizer que pode haver prescrição, caso as penas por formação de quadrilha não superem dois anos.

JORNALISMO DE TORCIDA

Nos últimos meses a torcida prevaleceu sobre o jornalismo. Ela e as plantações. Há alguns meses, era dada como certa a aceitação dos embargos infringentes. De repente, uma nota (salvo engano, no Painel) dizia que Carmen Lúcia estaria balançada. E que, com isso, poderia influenciar Rosa Weber.

A hipótese logo se tornou uma verdade inquestionável. Mas esqueceram de combinar com as russas. Ou pelo menos com a ministra gaúcha.

Nada indica, porém, que os jornais aprenderam com os fatos. Basta observar, hoje, a minimização do encerramento abrupto da sessão de ontem, por Joaquim Barbosa. Ou de sua curiosa saída do plenário durante o voto de Rosa Weber. Minimização, não: exclusão. Ninguém fala disso.

Em contrapartida, é maximizada a possibilidade de redução da pena de réus. Com destaque para Zé Dirceu. Um trecho do texto do Estadão chega a dizer que, em nova análise dos processos, “os votos de Barroso e Teori beneficiarão os réus”.

O jornal repercute na capa outro trecho do texto dos repórteres: a admissão dos novos recursos “iniciaria um roteiro legal e burocrático extenso”. A construção no condicional revela o desejo do jornal de que ainda haja uma nova reviravolta na votação.

Um artigo no Estadão oferece uma tese original para o voto dos ministros. Dimitri Dimoulis, do Direito GV, diz que os ministros não eliminaram os infringentes porque não quiseram perder a possibilidade de o tribunal criar suas próprias regras processuais. Uma opção estratégica “de serem donos de seu processo”.

Valor e o Correio Braziliense ressaltam o papel dos ministros novatos na definição do rumo do julgamento.

MAIS SOBRE O JULGAMENTO

->Mônica Bergamo, na Folha, abre sua coluna falando de projeto de filme de Luiz Carlos Barreto. Segundo ele, “a história correta, sincera e honesta do mensalão e de outros episódios, como o golpe de 1964”.


-> José de Abreu conta que pode interpretar Ricardo Lewandowski em seu filme, “AP 470 – O Golpe Jurídico”.

-> cientistas políticos ouvidos pela Folha divergem entre si. Carlos Melo diz que o que deve ser observado é o direito, não a sede de justiça. José Álvaro Moisés afirma que alongar o processo pode ser bastante traumático.

-> no site de O Globo, à noite, Tânia Rangel (FGV Direito Rio) lançou outra tese: a de que a aceitação dos embargos infringentes cria uma elite política. Ela diz que o segundo julgamento só ocorrerá para quem tiver ação penal originária no Supremo, como os parlamentares. (Governadores, prefeitos e juízes, por exemplo, não.) 

ZÉ DIRCEU

-> O Globo traz notícia sobre sumiço de documentos na Casa Civil. Com questionamentos da PGR a Zé Dirceu sobre o mensalão.

-> “O órgão informou ao Globo não ter mais em seus arquivos o processo com a tramitação interna do ofício 734/2005”, em que Cláudio Fontes perguntava a Dirceu, em 13 de junho de 2005, sobre denúncia de Roberto Jefferson.


-> o jornal fala de passagem da nota do ex-ministro, publicada em seu blog, contra a manchete sobre “desafio” ao STF.
 

-> o Estadão publica uma foto de Dirceu “em seu apartamento”. (O Valor informa que o imóvel é do irmão.) Ao lado, relato de uma alegria contida pelo placar favorável “que não esperava”.

-> o texto da Folha (em pé de repercussão de opinião de Aloizio Mercadante) informa que Dirceu reuniu ontem poucos parentes e assessores. O mesmo ocorre em O Globo e no Valor.

-> o Valor é quem dá mais destaque ao ex-ministro. Diz que entre os assessores presentes estava Roberto Marques. O texto diz que Marques teve seu nome envolvido em supostos saques junto a participantes do esquema, “o que não foi comprovado”.

-> o jornal explora também a cachaça que o advogado Pedro Maciel levou para o irmão de Dirceu. A bebida também é mencionada nos textos do Estadão e de O Globo.

(ANÁLISE: a champanhe solicitada pela namorada de FHC aparece em outro contexto narrativo, na coluna de Sonia Racy. O mesmo acontece com o uísque na mão do ministro Marco Aurélio Mello. Só petista não pode beber.) 

TENDÊNCIAS

-> Sonia Racy, no Estadão, faz extensa cobertura da posse de FHC na ABL. Foto com fardão e tudo. Uma das notas conta que Marco Aurélio Mello foi abordado por uma senhora: “Quero saber se no mensalão de Minas Gerais vai ter esse fuzuê todo”.

FRASES

“Se entendermos que o STF deva pura e simplesmente ouvir a voz das ruas, é melhor acabar com o Supremo. As ruas é que têm que ouvir o Supremo”. (Alberto Zacharias Toron, na Folha)

Pauta: Maria Alice.
Enviado por Eri Santos Castro.
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