30 de jun. de 2009

Revolucionárias sob véu

Onda de protestos que convulsiona o país revela a força crescente das mulheres, sufocadas desde a Revolução Islâmica de 1979

A bala que varou o coração de Neda Agha Soltan, 26 anos, no último dia 18, também expôs uma ferida incrustada no seio da sociedade teocrática islâmica: a Revolução Iraniana de 1979 cerceou direitos básicos das Mulheres e tolheu parte de sua liberdade. Se Neda apenas assistia a um dos protestos que têm sacudido Teerã nos últimos dias, outras iranianas tomaram as ruas da capital de 7,8 milhões de habitantes para soltar um grito sufocado há tempos na garganta. A estudante Ghazal (nome fictício), 19 anos, tem participado das manifestações acompanhada da mãe ou das irmãs. “Todos sabem que o povo iraniano é como fogo sob cinzas. O grito da oposição se tornou um idioma em meu país”, afirmou Ghazal ao Correio, por meio de um software de videoconferência pela internet. Ela contou que, na manhã de ontem, a metrópole iraniana parecia “profundamente adormecida”, mas os distúrbios começaram durante a noite.Ghazal sabe da incerteza em relação ao futuro do movimento contrário à reeleição do presidente Mahmud Ahmadinejad. “É preciso manter uma pressão extrema.
E em toda revolução há alguns prazos, as pessoas se cansam de protestar”, admitiu. O fato de alguns iranianos abandonarem as fileiras do ex-premiê Mir Hossein Moussavi aumenta a indefinição em torno do levante social. “Muitos estão desistindo por temerem a segurança de suas famílias”, explicou Ghazal. Nem mesmo a milícia Basij e seus homens à paisana parecem intimidar as mulheres. Professora da Escola de Estudos Internacionais Avançados Johns Hopkins, em Washington, a iraniana Sanam Vakil lembra que elas têm demonstrado ativismo político desde a revolução de 1979. “Esse fenômeno vem aumentando, à medida que as Mulheres se tornam mais educadas”, diz Sanam, que acaba de escrever um livro cujo título provisório é Agents of change: women’s activism in the Islamic Republic of Iran (Agentes de mudança: o ativismo das Mulheres na República Islâmica do Irã).
Fonte: W. Post
Postado por Eri Santos Castro.

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