18 de mai. de 2014

Época diz que Lobão está envolvido no esquema de desvio de dinheiro dos carteiros

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Reportagem de “Época”, já disponível no site da revista, aponta envolvimento do ministro Edison Lobão (Minas e Energia) no esquema de corrupção que quase levou o fundo de pensão dos carteiros, o Postalis, à ruína. As perdas superam a monta de R$ 7 bilhões.

Segundo a revista, Edison Lobão indicou para dirigir o dinheiro da aposentadoria dos carteiros um ex-sócio do filho Márcio Lobão, o engenheiro Alexej Predtechensky, conhecido como Russo. Lobão também indicou o administrador Adílson Costa para o segundo cargo mais importante do Postalis: a diretoria financeira.

Amigo de Lobão, Russo tinha no currículo a quebra da construtora Encol, nos anos 1990. Quando diretor da Encol, fora acusado de irregularidades na gestão. Russo também foi sócio de Márcio Lobão numa concessionária que vendia BMWs. A empresa faliu e o filho de Lobão perdeu a bandeira da montadora alemã.

A gestão de Russo/Adílson no fundo dos carteiros resultou em péssimos números. Dono de um patrimônio de R$ 7 bilhões, o Postalis vem acumulando perdas significativas. Entre 2011 e 2012, o deficit chegou a R$ 985 milhões. No ano passado, o fundo somou R$ 936 milhões negativos e, em 2014, as contas no vermelho já somam mais de R$ 500 milhões, com uma projeção para encerrar o ano acima de R$ 1 bilhão.

A situação do Postalis é tão grave que a Superintendência Nacional de Previdência Complementar, a Previc, responsável por fiscalizar os fundos de pensão, avalia uma intervenção no fundo. Os auditores da Previc estão cansados de notificar e autuar os diretores por irregularidades. Houve, ao menos, 14 autuações nos últimos anos.
Os mandatos de Russo e Adílson se encerraram em 2012. Eles foram substituídos por novos apadrinhados de Lobão. E o Postalis segue afundando rumo ao pré-sal.

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De acordo com Época, os indicados por Lobão fizeram “roleta-russa com o dinheiro do Postalis. Investia em produtos financeiros complexos e arriscados, por meio de um instrumento conhecido como “nota estruturada”. Ao fazer as operações desviava dinheiro para contas secretas de empresas com sede em paraísos fiscais. Por baixo, os investigadores estimam que US$ 24 milhões foram cobrados indevidamente do Postalis”.

Entre as empresas que recebiam dinheiro desviado do fundo de pensão dos carteiros, estava a Spectra Trust, empresa sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal. 
Segundo a Justiça americana, a conta pertencia a Predtechensky, o Russo, então presidente do Postalis. Em novembro de 2007, US$ 1,5 milhão foi transferido à Spectra. Os investigadores ainda tentam descobrir o total depositado na conta da empresa.

OUTRO LADO
O ministro Lobão afirma, por meio de nota, que conhece Russo há anos. Russo diz o mesmo. Mas Lobão, ao contrário de Russo, acrescenta: “A relação é de amizade”. Lobão, contudo, não admite sequer ter indicado Russo ou os atuais diretores do Postalis. “As nomeações no Postalis são feitas por um Conselho que atua vinculado a outro Ministério (o da Previdência)”, diz.

Márcio Lobão, ex-sócio de Russo, diz que se mudou de Brasília para o Rio em 2000 e que, desde então, não mantém contato com ele: “Nunca mais tive qualquer vínculo comercial, social ou empresarial com o senhor Alexej”.

O suplente de senador Edinho Lobão (PMDB) afirma não manter qualquer tipo de relacionamento com o ex-presidente do Postalis, Alexej Predtechensky. “Não converso com esse indivíduo”, diz. “Graças a Deus (não tenho relacionamento comercial com ele). Se tivesse recebido algum valor dele, estaria pensando em me suicidar.”

Aparentemente, a origem da raiva é a antiga sociedade entre Alexej e Márcio, irmão do senador, na concessionária BMW em Brasília. “Meu irmão, muito jovem, perdeu o negócio da vida dele por causa da gestão desse indivíduo. A BMW tomou a concessionária dele.”

Entre os péssimos negócios feitos pelos indicados de Lobão, a dupla vendeu a sede do Postalis, em Brasília, por menos do que ela valia. Agora, o fundo dos carteiros paga R$ 139 mil de aluguel para ficar no mesmo lugar.

Leia a reportagem completa aqui.
Enviado por Eri Santos Castro.
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