DOSSIÊ: Horácio Verbitsky, do 'Página 12', resgata documentos e testemunhos que evidenciam a conivência do cardeal Bergoglio com a ditadura argentina. Em Roma, no sermão dominical, o Papa Francisco fala em 'perdão', 'tolerância' e 'misericórdia
Na manhã seguinte ao anúncio de um Papa argentino, o jornal 'Página 12' sacudiu Buenos Aires com a manchete: ‘Dios, Mio!'. Na última 6ª feira, como relata o correspondente de Carta Maior, Eduardo Febbro, o porta-voz da Santa Sé reclamou do que classificaria como ‘acusações caluniosas e difamatórias' envolvendo o passado do Sumo Pontífice.
Atribuiu-as a ‘elementos da esquerda anticlerical'. Alvo: o ‘Página 12'. A cúpula da Igreja acerta ao qualificar o ‘Página 12' como ‘de esquerda' - algo que ostenta e do qual se orgulha praticando um jornalismo analítico, crítico, ancorado em fatos. Mas erra ao qualificar seu afinco como 'anticlerical'. O destaque que ele dispensa ao tema dos direitos humanos não se restringe a investigar as relações do cardeal Bergoglio com a ditadura. Fundado em maio de 1987, o ‘Página 12' é reconhecido como o grande ponto de encontro da luta pelo direito à memória argentina. A fidelidade a essa diretriz levou-o, naturalmente, a investigar os crimes e os cúmplices da ditadura. Tornou-se o acelerador de uma transição que muitos gostariam de postergar e maquiar.
A única verdade é a realidade
Enviado por Eri Santos Castro.
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