21 de mar. de 2013

Meu conterrâneo e conteporâneo Fabrício Lobato sobre dores e da sua dor

 Fabrício é meu conterrâneo e contemporâneo. Ainda lembro-me do jogo de bola na sua casa, em Pinheiro, com ele, Ribinha, Junior de Juquinha, Pedrinho e outros. Depois que vim estudar em São Luís, no Marista e depois UFMA, soube que ele fora fazer Direito, em São Paulo. Pessoa de compromisso, afável e solidário. Neste momento, dirijo meus sentimentos e pensamentos a Deus e que ele o abençoe e lhe tire desse sofrimento. Força irmão! 

Sobre a dor

Passaram-se alguns dias sem que eu escrevesse neste ambiente talvez por falta de motivação. Parece que tudo ficou muito banal.

Ontem. dia 19 de março,  a Tv Bandeirantes exibiu uma matéria jornalística sobre a FIBROMIALGIA, ou SÍNDROME DE DOR DIFUSA. Então achei apropriada a dica de um assunto que me diz respeito e resolvi escrever sobre a minha experiência pessoal com a dor. O relato que farei certamente parecerá meio breguinha, figurinha comum em depoimentos dessa natureza. Mas não conheço outra fórmula para passar a mensagem.

Desde de 2001, quando retornei de São Paulo, que vinha sentindo uma fadiga excessiva, com algumas suaves dores musculares, especialmentes nos ombros, braços, pernas e pés. O sono começou a ficar conturbardo, tudo isso sem uma causa identificada.

Analgésicos e relaxantes musculares davam conta do recado e eu toquei a vida.

Nos ano de 2009 passei por uma artroscopia no ombro direito, para a retirada de um calo ósseo que me causava muitas dores.
Em 2010 fui internado mais de vinte vezes com crises de dores causadas por cáculos renais nos dois lados. Duas cirugias foram necessárias para reirar as pedreiras em 2011. Numa delas fiquei muito mal e internado por vários dias. Para os médicos, foi como eu ter parido – normal -  por mais de vinte vezes num único ano.

No ano de 2012, quando eu desfrutava de paz e tranquilidade profissional, curtindo minha família com total dedicação a ela, tendo abandonado as quatro carteiras (maços) de cigarros que fumava num único dia, puz os pés no chão num dia de segunda feira de setembro e não consegui levantar. As dores irradiadas em todo o corpo e a fadiga muscular me mantiveram na cama naquele dia e no resto da semana. Analgésicos e relaxantes musculares não resolveram.

O inferno se instaurou na minha vida sem me que me dessem o direito ao purgatório.
Eu não sabia a causa de tanto sofrimento. As dores não cessavam e por isso eu não dormia bem. Perdi peso rapidamente e me tornei arredio e impaciente com todos. Minha família, amigos e companheiros de trabalho se inquietaram com isso.

Minha atividade profissional parou totalmente, uma vez que eu não mais conseguia cumprir com os compromissos assumidos.
Procurei ajuda médica: reumatologia, neurologia e até psiquiatria. Fiz uma tonelada de exames. A maior surpresa prá todos foi o atestado de saninadade mental dado pelo psiquiatra. Eu não estava louco ao ponto de criar as dores e nao possuía qualquer problema neurológico ou reumatológico que justificassem as dores.

A depressão se instaurou e nem poderia ser diferente. Não conheço alguém feliz com o convívio com a dor.

Nessa altura eu recebia os mais variados conselhos e tratamentos, tais como: uma estadia num cabaré resolveria; o problema é da cabeça; evitar o estresse curaria. Chás disto ou daquilo. Rezas e outras religiões foram prescritas. Sei que todos tentavam, cada um ao seu modo, minimizar o meu sofrimento, mas nada diminuía as dores. Covém que esclareça que não fui ao cabaré,. mesmo porque o Ministério da Saúde adverte que esse tratamento tem doloridos efeitos colaterais.

Eu me escondia das pessoas com vergonha de não conseguir mais fazer meu corpo acompanhar minhas vontades. Só queria cama e paz. mas precisava trabalhar num ambiente de constante estresse – advocacia municipalista.

É muito estranho você querer que as pessoas acreditem que você está doente sem que lhe falte algum pedaço do corpo. Ao que parece, na sociedade em que vivemos só se configura uma doença quando há um curativo aparente, um membro faltante ou uma internação cirúgica. De tempos em tempos uso uma bengala quando estou na fase de fadiga muscular, após o uso de analgésicos fortes.

Comecei a tomar alnalgésicos potentes, daqueles que viciam até que minha família me viabilzou uma pesquisa mais apurada em São Paulo, onde permaneci por duas semanas sob os cuidados de um espeialista em dor e sendo submetiddo a exames sobres os quais nunca tinha nem ouvido falar. Um dos mais estranhos foi ter de dormir num laboratório com o corpo grudado por duas dúzias de eletrodos e duas câmeras me vigiando. Noutro, passei uma hora num tomógrafo, depois de ter tomado um suco de iodo radiotivo e várias injeções aplicadas por uma enfermeira com roupas contra radiação. Para cada resultado negativo um suspiro de alívio e uma decepção.

Nessa alttua do campeonato eu já estava batido. Totalmente entregue e sendo sustentado pela minha família.

O diagnóstico da fibromialgia é por exclusão. Se dói muito em determinados pontos do corpo e os axames não acusam uma causa então sobra a sindrome de dor difusa.

Retornei prá São Luis onde permaneci tomando analgésicos menos agressivos e próprios para a fibromialgia e um medicamento prá melhorar o sono.
Minha sensibilidade ao frio aumentou consideravelmente. Alguns minutos num ambiente com ar condicionado provocam dores em todo o corpo. 

Encontrei o Dr. João Batista em São Luis, especialista em dor, pesquisador sobre o assunto e presidente de uma importante entidade internacional que estuda o assunto. Prescreveu outros remédios e me encaminhou para a hidroterapia, fisioterapia respiratória e acupuntura. Minha qualidade de vida logo melhorou.

Então, por não poder me segurar com as próprias pernas mudei para Santa Helena com a minha família. No interior a vida é mais saudável e mais barata, mas não tenho acesso às terapias.

Depois de uma ano sem trabalhar, desde janeiro retomei minha profissão e hoje convivo com a fibromialgia numa relação conturbada, de altos e baixos. Nuns dias tenho dores amenas e noutros elas são irradiadas, profundas e fortes. Dói a alma, músculos, tendões e outros tecidos moles.

Quando as dores se tornam quase insuportáveis fecho-me na minha casa e tento não arranjar compromissos profissionais e familiares. Dirigir por mais de uma hora é insuportável. Pensar e raciocinar se tornam tarefas impossíveis. 

Permanecer quieto me causa maior conforto, mas atrofia a musculatura por falta de atividade física.
Fibromialgia ainda não tem cura, provavelmente foi causada por um trauma físico (as cirurgias), carece de constante fisioterapia e remédios para amenizar a as dores.

Aos amigos e conhecidos, peço que procurem tratar com mais cuidado este assunto. Alguém próximo pode estar precisando de sua ajuda nesse campo e o pior apoio é aquele que taxa o portador de fibromialgia de preguiçoso, de pirado ou manhoso. O paciente deve ser pego pelos braços e levado à pesquisa da fonte da dor e depois ao tratamento. Quem tem fobromialgia não tem inciativa.

A doença é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, é incapacitante, de difícil diagnóstico e de tratamento continuado, caro e especializado, acomete preferencialmente mulheres e seus sintomas podem se iniciar até mesmo na infância.

Se não fosse o apoio constante da minha família e de muitos amigos, fatalmente eu não estaria aqui contando essa longa história. Viver com dor é não viver.

Creio que me aproximei de Deus, da família, dos bons hábitos, e dos melhores amigos, perdoie e pedi perdão, separei-me do ódio e do rancor, dei mais valor ao que ganho com o meu trabalho lícito. Então, estou recompensado. A Sofia me tira da cama todos os dias.

Que assim seja!


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