As
Viagens de Gulliver, de Jonathan Swifit, é um livro que, segundo nosso
mestre maior da engenharia, Fernando Lobo Carneiro, tem muito a ver com a
engenharia estrutural, por conta de que, tanto os anões do país de
Lilipute quanto os gigantes do país de Brobdingnag revelam
impossibilidades físicas, por conta de questões ligadas à escala de suas
dimensões. A reflexão sobre essas questões foi muito importante para o
projeto de modelos reduzidos, de que os engenheiros muito nos valemos na
elaboração de projetos.
No entanto, há na obra de Swifft a
descrição de uma viagem menos conhecida, ao país de Luggnagg, onde
nasciam, excepcionalmente, seres dotados de imortalidade, os
struldbrugs, sobre os quais se aguça a curiosidade de Gulliver, ao ponto
de conseguir um diálogo com eles, no intuito de tirar proveito para si
daquela estranha propriedade. Descobriu Guliver que, “de ordinário, eles
se haviam como mortais até os trinta anos; depois dessa idade
senhoreavam-nos, gradativamente, a tristeza e o desalento. Quando
completavam oitenta anos de idade, idade tida nesse país como limite
máximo da vida, tinham não só toda a insensatez e todas as enfermidades
dos outros velhos, senão muitas outras, nascidas da medonha perspectiva
de nunca morrer”.
Eis aí onde entra a relação de Oscar Niemeyer e
sua extraordinária concepção da vida, com o conhecimento de Luggnagg e
seus struldbrugs. Deve ele ter lido o belo livro de Jonathan Swift e
dele tirado a lição de que mais vale a imortalidade da obra do que a
infeliz imortalidade do corpo. Niemeyer vive!
Por Marcos Rolim, jornalista, filosofo e ex-deputado federal-PT/RS.
Enviado por Eri Santos Castro.
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