19 de mar. de 2012

A mulher e o mercado de trabalho

Neste mês de março, quando o Dia Internacional da Mulher se destaca nas celebrações do calendário, os jornais voltam a chamar atenção para o tratamento diferenciado que ocorre entre os sexos no mercado de trabalho. Muitos dos levantamentos divulgados pela mídia até agora apontam a desigualdade na remuneração paga ao homem e à mulher pelas empresas mesmo quando ambos exercem funções semelhantes. Segundo pesquisa do IBGE, no ano passado uma profissional do sexo feminino ganhava o equivalente a 72,3% do homem, isso considerando o mesmo cargo e formação. Em 2003, as mulheres recebiam cerca de 70,8% do salário do homem. Ou seja, embora a situação tenha melhorado, esta diferença vem se reduzindo em um ritmo ainda lento.

A ampliação dos direitos das mulheres deve acompanhar as conquistas que elas já vêm obtendo com esforço e coragem no mercado de trabalho. Ao longo das últimas décadas, elas vêm quebrando tabus, ocupando vagas até então exclusivamente masculinas. Um exemplo da mudança deste processo está nas plataformas de petróleo. Na década de 1970, havia apenas homens trabalhando embarcados na bacia de Campos. Hoje, as operações para a exploração de petróleo e gás não podem prescindir da força feminina. E essa participação não é exclusiva da Petrobras. As demais companhias privadas que têm contratos com a estatal já empregam um grande contingente de trabalhadoras.
Na construção civil, setor considerado até pouco tempo um reduto masculino, o quadro começa a dar sinais de mudanças. Nas obras dos estádios de futebol que passam por reformas ou estão sendo construídos visando a Copa do Mundo Fifa 2014, encontramos mulheres tanto nos trabalhos mais pesados como em funções de comando. São engenheiras, arquitetas, motoristas, auxiliares de serviços gerais ou cozinheiras presentes nos canteiros de obra. E a tendência é que essa participação da mão de obra se expanda cada vez mais e que a mulher esteja cada vez mais presente nos diversos setores da economia nacional.

A discriminação no mercado de trabalho é vergonhosa e precisa ser combatida por toda a sociedade nas esferas política e governamental. Neste momento, o Congresso Nacional discute uma iniciativa neste sentido que estabelece punição, por meio de pagamentos de multas elevadas, para as empresas que insistem em pagar valores menores para as trabalhadoras. A lei será muito bem-vinda, mas é preciso manter uma postura vigilante para que homens e mulheres possam ter suas diferenças valorizadas, o que é bom; mas a desigualdade jamais deve ser admitida, tendo em vista  que é uma forma intolerável de injustiça.
 
Por Moreira Franco é ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
Da assessoria MF.
Enviado por Eri Santos Castro.
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