30 de set. de 2009

Madereiros: pega, mata e come

Empresas do MA movimentaram ilegalmente 98 mil caminhões de madeira

Uma força-tarefa criada para investigar o transporte ilegal de madeira no
Maranhão chegou à conclusão de que foram movimentados irregularmente 98
mil caminhões de madeira no estado. Os técnicos, liderados pelo Ibama,
também descobriram indícios de fraudes em 57% das empresas que movimentam
madeira por meio do sistema de controle eletrônico do estado – o Sisflora.

A dimensão das fraudes fez com que a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) do
Maranhão anunciasse, na última sexta-feira (25) a troca do Sisflora pelo
sistema DOF, gerenciado pelo Ibama e utilizado na maior parte dos estados
brasileiros.

“O Sisflora foi testado durante cinco meses, e observamos muitas
fragilidades”, afirma o secretário de Meio Ambiente do Maranhão,
Washington Rio Branco, que assumiu a pasta em abril, quando Roseana Sarney
foi empossada governadora após a cassação de Jackson Lago.

Insegurança

Segundo Rio Branco, os trabalhos da equipe de força-tarefa começaram em
São Luís, mas tiveram que ser transferidos para a capital brasileira por
conta de pressão de empresas locais envolvidas nas irregularidades. “Os
ilícitos são tão grandes que tivemos que transportar as pessoas à
Brasília. É um problema muito sério de crime organizado”, afirma.

O diretor de Uso Sustentável da Biodiversidade e Florestas do Ibama, José
Humberto Chaves, confirma as dificuldades na investigação. “Pelo próprio
número de empresas envolvidas, o clima não é muito amistoso. Com certeza,
os técnicos que estão à frente disso estão sofrendo pressões em função de
tudo o que envolve essa questão.”

Lenha, toras e tábuas

De acordo com o Ibama, 653 de 1200 empresas cadastradas no Sisflora
apresentaram indícios de fraudes. A auditoria apontou a movimentação
irregular de 405 mil m³ de madeira em toras, 195 mil m³ de madeira
serrada, 1.600 m³ de estéreos (metros cúbicos incluindo o espaço entre as
madeiras) de lenha, mourões ou resíduos e 251 mil m³ metros de carvão.

Há suspeitas de que grande parte das toras e tábuas pode ter vindo de
parques, reservas e terras indígenas, já que as florestas do Maranhão já
sofreram grande devastação, e há poucas árvores para cortar fora das áreas
oficialmente protegidas.

O cerrado maranhense também é desmatado. Segundo Chaves, muita madeira é
retirada de lá para abastecer as siderúrgicas de Açailândia (MA). “É um
estado que tem demanda por madeira não só para serraria, mas também para
carvão”, informa. (AL)

Com informações G1
Enviado por Eri Santos Castro.

Nenhum comentário: