Uma sociedade com homens e mulheres socialmente iguais, humanamente distintos e totalmente livres, eis um sonho infinito. Afinal, todos somos moradores do mundo que sonhamos.
Depois de dois anos de circulação na Europa, chegou ao "New York Times" o último produto do pensamento radical francês. É o livro "A Próxima Insurreição", redigido por um "comitê invisível". Com 124 páginas, propõe um levante mundial anarquista, a partir da organização de comunas com o recurso à "autodefesa" (expressão que costuma deslizar para o terrorismo). Algumas de suas tiradas estão no melhor estilo do radicalismo francês:"Não é a economia que está em crise. A economia é a crise.""Não há catástrofe ambiental.
Há a catástrofe que é o ambiente.""O progresso virou sinônimo de desastre".Denunciando uma sociedade em estado de "morte clínica", ironiza "uma humanidade motorizada movendo-se com etanol de Estocolmo a São Paulo".A "Insurreição" propõe a sabotagem de quaisquer instâncias de representação e a formação de comunas, na busca de um dia em que a organização suprimirá a obrigação de trabalhar. Por mais que esse resumo sugira que é coisa de maluco, há no texto um inteligente vendaval.
A tradução americana do livro, bem como o original em francês, estão na internet. Basta procurar "L'Insurrection qui vient" ou "The coming insurrection".Bula: A última teorização insurrecional francesa veio no livro "Revolução na Revolução?", de Régis Debray, publicada nos anos 60. Ele defendia a revolução armada na América Latina a partir de focos. Tinha a simpatia dos cubanos e custou a vida a muita gente. Quanto ao autor, foi trabalhar no governo do presidente François Mitterand e escreveu uma autobiografia na qual deixou no papel de paspalho quem acreditou nele.
Com Elio Gaspare
Postadopor Eri Santos Castro.
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