11 de nov. de 2008

RESGATAR OS TRABALHADORES, NÃO OS BANCOS




Estamos perante a bancarrota de um sistema em que os abanicos tecnológicos, em vez de aumentarem o bem-estar da população, servem para aumentar a precariedade e a exploração e para destruir a Natureza. Um sistema dirigido pelo capital financeiro (essa união entre bancos e grandes corporações), cujo parasitismo e voracidade nos conduziram à gravíssima crise atual.

Estamos a viver o princípio de uma das mais graves crises que o capitalismo conheceu em toda a sua história. O sistema bancário internacional entrou em bancarrota e só se mantém porque os governos capitalistas saíram desesperadamente a salvá-lo, através de uma intervenção massiva como nunca houve. Endividaram o Estado em trilhões de dólares mundo afora (que pagaremos nós todos) e permitiram aos banqueiros manipular a contabilidade para esconder a falência.

Até ontem acérrimos defensores do "livre mercado", os governantes não hesitaram em sair a resgatar os principais responsáveis pela crise financeira. Mas esta é apenas a primeira parte, porque o verdadeiramente grave é o que vem a seguir: os despedimentos (agora é a Nissan e toda a indústria complementar que está por trás), a paragem, os ataques aos salários, os despejos por hipotecas que não se podem pagar, os cortes nas pensões e uma grave deterioração dos serviços e das prestações públicas. Este é o programa que nos espera. O capital não conhece outro caminho para superar a sua crise. Apenas podem salvar-se sobre o sofrimento de milhões.

Entramos numa crise longa, profunda e de caráter mundial, o que vai desordenar tudo.Governantes e "intelectuais" dizem-nos com o maior cinismo que a crise se deve aos abusos especulativos de alguns banqueiros, que falhou a regulamentação, e que, mal esta se implante, voltarão os bons velhos tempos.

No ponto mais alto de cada ciclo de "prosperidade" capitalista, sempre se desencadeou uma onda de especulação que anunciava a próxima queda. O que distingue a crise de sobreprodução atual não é a especulação em si, mas a gigantesca envergadura que alcançou, a sua natureza mundial e que o seu centro seja em Wall Street, o coração das finanças imperialistas mundiais.Estamos perante a bancarrota de um sistema em que os abanicos tecnológicos, em vez de aumentarem o bem-estar da população, servem para aumentar a precariedade e a exploração e para destruir a Natureza.

Um sistema dirigido pelo capital financeiro (essa união entre bancos e grandes corporações), cujo parasitismo e voracidade nos conduziram à gravíssima crise atual.Durante todos estes anos estiveram a enriquecer-se às mãos cheias, à custa da precarização do emprego, da baixa dos salários reais, do incremento da indústria de armamento, da espoliação e empobrecimento dos países dependentes, da privatização de empresas e serviços públicos e da especulação com a habitação e as finanças, provocando uns níveis de endividamento como nunca antes fora conhecido.

No final, aconteceu o inevitável: rebentou a bolha, o capital especulativo desvanece-se e tudo se desmorona.O governo Lula não pode negar a crise e nem dizer que é um problema que vem de fora, da aguilhoada das hipotecas norte-americanas, mas que aqui poderíamos estar tranquilos, porque a banca brasileira está "sólida" e aí está o governo decidido a protegê-la. Mas Lula sabe que o "milagre brasileiro", de que tanto se orgulha não se solidificará caso não façamos mudanças estruturais na economia do país( reforma agrária pra valer e a efetivação de uma política agrícola voltada para os interesses nacionais e sob o controle do campezinato, estatização de setores fundamentais- inclusive o setor financeiro, radicalização de distribuição de renda- elevação do salário mínimo, ampliação das políticas sociais do governo,redução da jornada de trabalho, educação e saúde públicas e de qualidade, efetivação de um plano nacional de aceleração do desenvolvimento como fez recentemente a China, além de criar o imposto social sobre as grandes fortunas).

Caso não percebamos essas oportunidades, a crise vai nos pegar em cheio e não adianta dizer que não. Entraremos já numa profunda recessão econômica. Não devemos cumprir a vontade da grande banca americana. Lula não deve comprar bilhões de dólares em papéis que ninguém quer, entrando para o capital dos bancos se estes estiverem na situação de se afundarem.

Com isto assegura a salvação dos banqueiros responsáveis pela crise, mas nem sequer garante que o crédito chegue à economia. O plano mundial do capitalismo financia-se à custa dum enorme aumento do endividamento público, que vai pesar como um rochedo durante muitos anos sobre a população trabalhadora, com uma grave degradação dos serviços públicos, inflação e impostos mais altos para os trabalhadores.
JÁ FAZ FALTA UMA GREVE GERAL PARA
CONDUZIR O GOVERNO LULA AO LADO DO SEU POVO


Se há alguma coisa desprezível nesta situação é o comportamento da burocracia sindical da CUT que, pela boca dos seus responsáveis máximos estão literalmente inertes, mostrando a sua disposição de aceitar "sacrifícios" e comprometendo-se a assegurar a "calma social" e impedir a unificação das lutas.

O patronato e o governo apregoam que é "preciso apertar o cinto" e a burocracia sindical fala de "partilha equitativa" da crise. Não podemos permitir que carreguem o peso da crise para as nossas costas. É o nosso futuro que está em jogo. É necessário elaborar um plano dos trabalhadores para a crise.Há que resgatar os trabalhadores, não a banca.

Enquanto assaltam o erário público e põem todos os recursos do Estado ao serviço dos banqueiros, milhares de trabalhadores da construção, do setor de automóvel e da indústria de componentes, em 2009, começaremos com milhões de desempregados e acabaremos com outros milhões.Há que denunciar este assalto e repudiar os argumentos que o justificam, "a bem do país".

Nenhum tostão para os responsáveis pela crise! A crise que a paguem os ricos e os banqueiros. Todos os recursos têm de estar ao serviço do resgate dos trabalhadores e dos setores populares da população.Os responsáveis pela crise devem ser penalizados e obrigados a devolver as fortunas que rapinaram.

Nem um centavo público para os capitalistas. Expropriação da banca privada e estatização do sistema de crédito, controlado pelos trabalhadores e pela sociedade.Empresa que pretenda fechar ou deslocalizar-se deve ser intervencionada ou nacionalizada sob controlo dos trabalhadores.Deve ser feito um Plano de obras públicas e serviços sociais ao serviço da população.

Derrotemos a direita que ensaia voltar, desta vez mais forte. Há que reduzir a jornada a 35 horas para dividir o trabalho por todos e a idade da reforma deve baixar para os 60 anos. Deve ser posto EM PAUTA a reestatização dos serviços públicos básicos como a saúde, a educação, o transporte, luz, telefonia ou a água.O Salário Mínimo deve elevar-se a 400 dólares( enquanto que os trabalhares europeus lutam por 1500 dólares. Já faz falta uma greve geral.
Travar o assalto que estamos a sofrer e apoiar os que estão em luta (Bancários, Funcionários Públicos, Metalúrgicos, Professores , Trabalhadores Rurais, Estudantes...) exige lutar pela convocatória de uma greve geral exigindo um plano de resgate dos trabalhadores.
A partir das empresas e setores em luta, dos comitês de empresa e das seções de todas as organizações sindicais, há que converter esta exigência num clamor. Lá, onde se apresentarem os burocratas do movimento sindical há que denunciar o servilismo e exigir-lhes a convocação de uma greve geral.

A batalha por essa greve começa no maior apoio aos trabalhadores. As que hoje estão em luta ajudando a que essas lutas se coordenem e unifiquem.