Meirelles faz opção européia para 'ensaio sobre a cegueira'
O filme não tem nada de 'hollywoodiano', como andavam anunciando. O drama é um retrato cru de uma epidemia de cegueira que atinge, aos poucos, toda a população mundial.
Com estréia prevista para 12 de setembro, Ensaio Sobre a Cegueira tenta agradar o público que leu o romance, mas não dá as cartas de uma grande produção, pelo contrário: se esquiva dos valores estéticos, usa telas brancas para absorver diálogos e abusa da luminosidade.
Tive a felicidade de assistir ao seu lançamento, somente para jornalistas americanos, devido a uma amizade desenvolvida na NBA de Las Vegas, no ano passado.
O que Meirelles retrata a partir de então é a batalha absurda desses personagens por sobrevivência. Única capaz de enxergar, a personagem de Julianne Moore é quem guia as vítimas neste cenário de horror, mas demora a agir quando a situação toma proporções políticas e violentas.
Apesar dos elogios, engana-se quem pensa que Ensaio Sobre a Cegueira é um filme com potencial para alcançar um grande número de fãs, mesmo fugindo dos padrões óbvios.
Ensaio Sobre a Cegueira é um drama tenso que envolve o colapso urbano, mas jamais remete a outros filmes com o mesmo tema, como o recente Fim dos Tempos, de M. Night Shyamalan. Com toques dosados de humor, tragédia e muitos diálogos costurados, Meirelles construiu um drama que jamais ganhará expressão popular. Assim, o legado de Saramago continua imune, para a alegria de seus leitores.