Adriana Calcanhotto faz a vida valer
CD inclui 'Sem Saída', poema de Augusto de Campos
Em 2009, a gaúcha Adriana Calcanhotto faz 20 anos de Rio de Janeiro. Uma das razões que a levaram a se radicar na cidade? O mar. As mesmas águas que coloriram Maritmo, de 1998, tonalizam, agora, Maré , seu novo CD - o segundo de uma trilogia com "ambiência marítima" (o terceiro não se sabe quando virá). Apesar de ambos terem composições de autores como Waly Salomão, Dorival Caymmi, Péricles Cavalcanti, Antonio Cicero e do trio Dé Palmeira, Bebel Gilberto e Cazuza, são discos bem diferentes.
Ouça trecho de 'Porto Alegre' de Adriana Calcanhoto
A densidade a que Adriana se refere não está só em músicas como Sem Saída, texto do concretista Augusto de Campos que Cid Campos, seu filho, transformou em canção - sim, mais uma vez, Adriana mergulha fundo na poesia. Seu mar não tem só águas turvas. Tudo começa na maior calmaria, com a faixa-título (dela e de Moreno), embalada por violões bossa-novistas. Na letra - escrita especialmente para ser uma apresentação do CD -, ela diz, literalmente, a que veio: "Mais uma vez/ vem o mar se dar/ como imagem/ passagem/ do árido à miragem."
As pessoas pensam que são águas plácidas porque o disco é, aparentemente, mais acústico do que eletrônico, mas essa visão é superficial. As ondas mais altas começam a aparecer no tango Três, letra de Antonio Cicero e música de Marina Lima, que já havia sido gravada pela própria e vem sendo cantada em shows por Ana Carolina, em versão mais "afetada".
Maré tem ainda Onde Andarás, música de Caetano Veloso para poema de Ferreira Gullar, já gravada pelo baiano, por Maria Bethânia e por Marisa Monte. E Torquato Neto, musicado por Kassin, resultando na singela Um Dia Desses. Há quem veja resquícios de Partimpim nesta faixa. Adriana, que se viu tragada pela estrondosa popularidade do heterônimo e há muito queria despir-se dele, não vê.
Ao contrário de Maritmo, alavancado pelo sucesso Vambora, Maré não tem um grande hit.
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Ex-líder do Pink Floyd abriu o 12.º Festival Amazonas de Ópera, com 'Ça Ira'
Brilhante a atuação de Roger Waters (sim, o ex-líder do Pink Floyd) que abriu na noite de terça, 15, o 12.º Festival Amazonas de Ópera, com Ça Ira. Essa avalição partiu do Profº Marcos, ex-reitor da Universdidade Federal do Estado da Amazônia, que o conheci na época que fui vice-presidente norte da UNE, em 89/90. Afinal, o que esperar da apresentação de uma ópera composta por aquele veterano do rock que encheu o Estádio do Morumbi há um ano? Tendo como mote a Revolução Francesa, que eclodiu no país europeu entre 1789 e 1799, Waters deu a resposta logo no primeiro ato de Ça Ira, cujo libreto é de Étienne e Nadine Roda-Gil.
Agradeço o correio eletrônico do amigo Marcos
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A americanização da França
Agradeço o correio eletrônico do amigo Marcos
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postado por eri @ 16:28 0 Comentários
A americanização da França
Depois de quase um ano de mandato, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, raramente mencionou a arte ou a cultura. Uma das poucas vezes em que tocou no assunto, foi quando declarou no último mês de fevereiro que a cozinha francesa deveria ser tombada como patrimônio da humanidade pela Unesco.
O general De Gaulle tinha André Malraux ao seu lado. François Mitterrand reformou o Louvre. Pouco antes de deixar o cargo, Jacques Chirac abriu um grande museu para culturas não-Ocidentais . Todo presidente francês desde o fim da 2.ª Guerra construiu algum museu faraônico, uma casa de ópera, biblioteca ou iniciou algum programa cultural. Isto é, até agora.
Com seus jeans, sua rudeza, sua linguagem crua, sem gravata, ele estabelece uma nova iconografia para a França. Casualidade se traduz em um tipo mais secular de liderança, que é porque as pessoas que não gostam dele falam da americanização da França. Tanto para a direita como para a esquerda isso significa anti-intelectual.O gosto é o bom senso do gênio.
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