21 de jul. de 2020

“MDB” de esquerda é retrocesso e farsa

O MDB não era uma frente, era apenas uma fachada e que ninguém diga que deliberada, pois foi o espaço de oposição que a ditadura permitiu e do qual serviu-se para destruir os partidos políticos do pré-64.
Nunca foi um partido e a maior prova é que jamais teve coesão interna, nem mesmo quando apresentou a “anticandidatura” de Ulysses Guimarães e Euler Bentes Monteiro às eleições indiretas fajutas com as quais a ditadura maquiava o autoritarismo.
Havia de tudo por ali, de Chagas Freitas emedebista fajuto, cujo papel era bloquear o surgimento de uma representação de esquerda no Rio de Janeiro até os “autênticos” que pagaram com os mandatos a ousadia de enfrentar o regime.
Ninguém “era” do MDB, “estava” no MDB.
Imaginar que, sem que haja nenhuma outra ditadura formalmente implantada no país, que se possa pensar, como se especula hoje em O Globo sobre o simpático governador Flávio Dino, que a forma correta de enfrentar Jair Bolsonaro seja a formação de um “MDB de esquerda” é um retrocesso que não só resultará em fiasco quanto será um desserviço ao povo brasileiro.
Afinal, o que se pretenderia ali, pelo leque de interlocutores proposto – de Luciano Huck a Marcelo Freixo – seria mesmo a tal “geléia geral” que aqui já se analisou e que, é evidente, só funciona para “zerar” a responsabilidade de setores conservadores ou pretendentes à condição de centro-esquerda tiveram na eleição do atual presidente.
Pior, é uma articulação que só existe porque aceita e se beneficia – embora nem sempre o diga – da grande anomalia da vida política brasileira: a exclusão do mais popular presidente da história recente do país, Lula.
Pois é evidente que nenhuma destas articulações sobreviveria que Lula não estivesse na “quarentena” política que lhe impôs o vírus da Lava Jato, num processo condenatório escandaloso que nenhuma pessoa de princípios pode tratar como um dado imutável da realidade.
Aliás, o MDB da ditadura só chegou ao sucesso eleitoral que alcançou porque, da mesma forma, se beneficiava da exclusão dos exilados e da eliminação de partidos fortes, como o PTB e o PSB, bem como, desde antes, dos partidos comunistas.
A anistia e a – embora limitada – liberdade de organização partidária vieram antes das eleições de 1982, que só assim se puderam considerar relativamente livres.
Este anacrônico “MDB de esquerda” não é um caminho politicamente aceitável, não é ético e não exige entendimento, mas cobra capitulação. Não é, por isso, viável.
A não ser para quem quer circular nos salões da política com seu discurso “politicamente correto” e não empoeirar as sandálias com a realidade do povão.
Com o Tijolaço.
Enviado por Eri Castro.
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