21 de fev. de 2017

100 Anos da Revolução Russa: 6 escritores da antiga União Soviética

A Revolução Russa foi um dos principais acontecimentos do século XX
No começo do século XX, a Rússia era um país de economia atrasada e dependente da agricultura. Os trabalhadores rurais viviam em extrema miséria e pobreza, pagando altos impostos para manter a base do sistema czarista de Nicolau II. Em 1905, no conhecido Domingo Sangrento, Nicolau II mostra a cara violenta e repressiva de seu governo. Manda seu exército fuzilar milhares de manifestantes. Marinheiros do encouraçado Potenkim também foram reprimidos pelo czar. Começava então a formação dos sovietes, a organização dos trabalhadores russos.
Os movimentos de oposição ao regime czarista russo abriram portas para a formação do chamado Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR). Mesmo influenciados pelos valores marxistas, os integrantes do partido estabeleceram a criação de duas alas políticas fundamentais: mencheviques e bolcheviques. A primeira com uma interpretação mais ortodoxa dos conteúdos marxistas, pelo viés da burguesia, e a segunda defendendo que o governo deveria ser diretamente controlado pelos trabalhadores.
Iniciaram-se muitas greves urbanas e rurais pedindo democracia e mais empregos. Até que em fevereiro de 1917 é derrubada a autocracia russa, levando ao poder Kerensky, da ala menchevique, como governo provisório. Os bolcheviques, liderados por Lênin, organizaram uma nova revolução, que ocorreu em outubro de 1917. Prometendo paz, terra, pão, liberdade e trabalho, ele assumiu o governo da Rússia.
Assim, foi dado origem à União Soviética, o primeiro país socialista do mundo, que durou até 1991. Essa foi umas das grandes revoluções da história, talvez comprada somente à francesa. Os operários expropriaram banqueiros e latifundiários e, inclusive a Igreja, em favor deles mesmos e dos camponeses. Recusaram-se a pagar dívidas do czar aos bancos ocidentais, saíram da Primeira Guerra Mundial, e garantiram às mulheres direitos que apareceriam parcialmente em algumas democracias europeias somente depois da primeira metade do século XX.
Em 2017, completam-se 100 anos da Revolução Russa.  
Que tal relembrar escritores da antiga URSS que contribuíram, e muito, com a literatura universal?

Guerra e paz, de Leon Tolstoi
Tolstoi era conde e nasceu em uma família rica. Bem-sucedido como escritor, atormentava-se com questões sobre o sentido da vida e, por isso, passou a viver  de forma simples como os camponeses. Guerra e paz descreve a campanha de Napoleão Bonaparte na Rússia, ao mesmo tempo em que acompanha os amores e aventuras de Natacha, Andrei, Pierre, Nikolai, Sônia e centenas de coadjuvantes, não menos marcantes.


Os irmãos Karamázov, de Fiódor Dostoiévski
Um dos maiores autores da história da humanidade, posição de extrema responsabilidade e reconhecimento. Suas obras exploram a autodestruição, humilhação e assassinato, além de analisar estados patológicos que levam ao suicídio, à loucura e a homicídios. O último romance do escritor, Os irmãos Karamázov, representa uma síntese de toda sua produção e é tido por muitos como sua obra-prima.


Esqueci como se chama, de Daniil Kharms
Neste livro, o leitor vai saborear dez contos nonsense de Daniil Kharms, uma das vozes mais originais da literatura russa do século XX. Conhecido pelo estilo insólito e bem-humorado de suas histórias, ele nos desafia a olhar o mundo às avessas, sem regras e convenções, contrariando qualquer expectativa pelo que virá a seguir. Em seus contos, dois meninos podem ir da Rússia ao Brasil de avião, mas voltar de carro. No circo pode haver duzentos castores e quatrocentos e vinte mosquitos doutores.
O capote e outras histórias, de Nikolai Gogol
Gogol, o enigmático expoente da literatura russa, foi um contista genial, romancista e teatrólogo. Este volume apresenta ao leitor um panorama geral da obra gogoliana, ao trazer, ao lado de algumas de suas histórias mais conhecidas, “O capote”, “O nariz e Diário de um louco”, duas narrativas folclóricas do ciclo ucraniano: “Viy” e “Noite de Natal”. Como diria Dostoiévski: “Todos nós saímos do Capote de Gógol”.


O percevejo, de Vladímir Maiakóvski
Considerado por muitos o maior poeta da era soviética, Maiakóvski, desde muito cedo, envolveu-se com os movimentos pré-revolucionários. Mas nesta obra, o entusiasmo dele com a Revolução de 1917 dá lugar a uma visão crítica do futuro do socialismo, expressa numa sátira contundente que mistura temas jornalísticos, jingles publicitários, mitos pessoais, canções, política, amor e ficção científica.
As três irmãs, de Anton Tchékhov
O escritor inventou uma nova forma de escrever contos: com o mínimo de enredo e o máximo de emoção. Em suas histórias, criava atmosferas, registrando situações que não se encerravam no final dos relatos – diferente do gênero da época, intrigante, com desfechos inesperados. As três irmãs é considerado uma obra-prima da dramaturgia mundial. Nele, Tchékhov relata o conflito de três mulheres, Olga, Maria e Irina, que vivem no fim do século XIX em uma cidade do interior da Rússia, e desejam, mais do que nunca, voltar a Moscou, onde julgam ter tido uma vida feliz.
Enviado por Eri Santos Castro.
Do Jornal Pravda, Rússia.
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