18 de jan. de 2015

Bons propósitos para o ano novo, por Leonardo Boff

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Todo começo de ano é ocasião de se fazerem bons propósitos. São desafios que nos colocamos a nós mesmos para que a vida não seja sempre repetitiva mas criativa e, quem sabe, surpreendente. Alinho aqui alguns propósitos  para alimentar a fantasia criadora de cada um. 

1. Desenvolva em você a inteligência cordial, emocional e sensível. Inflacionamos a inteligência intelectual, sempre necessária, mas insuficiente. A inteligência cordial enriquece a intelectual com o afeto, o amor e o cuidado, sem os quais perdemos nossa humanidade  e não salvaremos a vida no planeta Terra. 
2. Deus sempre vem misturado em todas as coisas. Onde houver algum gesto de amor, de solidariedade e de reconciliação saiba que Ele está lá infalivelmente. Sem esses valores Deus é apenas um nome. 
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3. De manhã, ao despertar, ou antes de recolher-se, faça uma pequena homenagem a Deus, ou àquela Energia amorosa e poderosa que nos sustenta. Não precisa dizer nada. Reserve aqueles poucos minutos para Ele e só para Ele. Se precisar, chore  pelas demasiadas desgraças que ocorrem ou alegre-se por aquilo de bom que aconteceu. 
4. Cada um é um projeto infinito. Nada nos sacia plenamente. Passe pelas coisas, usufrua-as sem danificá-las mas não se detenha nelas. Vá em frente e sempre além, pois, somos caminhantes da vida, e somente um Infinito sacia nossa sede e fome infinitas. Onde houver um gesto de amor, solidariedade e reconciliação, Deus aí está. Sem esses valores Ele é apenas um nome 
5. Deseje ser águia que voa alto e livremente, quer dizer, tenha ideais e grandes sonhos. Mas não esqueça que deve ser também galinha, concreta e prudente, especialmente quando se trata de administrar os bens materiais e lidar com dinheiro. Aprenda quando deve ser águia e quando galinha. E saiba combinar sabiamente ambas as coisas. 
6. Faça uma terapia em sua linguagem. Dizem-se tantos palavrões no falar cotidiano e nas redes sociais. No começo era a Palavra. Ela tem força criadora e destruidora. Depende de você. Ela é “a ponte onde o amor vai e vem”, como cantam os cristãos das comunidades de base. 
7. Você pode hoje se informar sobre tudo. Praticamente tudo se encontra na internet e no Google. Mas cuide em se formar para ter uma humanidade mais plena. Disse uma sábia filósofa judia: podemos nos informar a vida inteira sem nunca nos educar. 
8. Quando entrar em casa, tome seu banho, descanse um pouco, não ligue logo a televisão ou consulte o facebook ou leia  os e-mails. Retire-se a um canto, fique em silêncio. Agradeça a Deus pela vida. Pois, nos dias atuais com os riscos que corremos em cada esquina ou em cada canto somos todos sobreviventes.

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9. Resista à propaganda. Ela não pensa em você, apenas no seu bolso para fazê-lo um consumidor e não um cidadão consciente.
Assuma como projeto de vida a sobriedade compartida. Podemos ser mais com  menos, por amor àqueles que pouco ou nada têm. Decida
você mesmo o que comprar e quando comprar, com plena liberdade e consciência.  
10. Incorpore a ética do cuidado essencial: cuide de sua saúde, de sua família, de sua casa, de seus amigos, cuide do ambiente inteiro com o mesmo sentimento de São Francisco de Assis, que respeitava e amava a todos os seres como irmãos e irmãs, especialmente a irmã água e a irmã e mãe Terra. Perceberá aos poucos que todos os seres, também as montanhas, possuem um coração que pulsa como o seu.  No fundo, você, sua casa e família, as pessoas, as paisagens, as montanhas, o céu estrelado, a  Lua, o Sol e Deus constituem um único, grande e generoso Coração pulsante. 

Por Leonardo Boff, teólogo e escritor, é autor de 'A grande transformação: na economia, na política e na ecologia' (Vozes, 2014).
Enviado por Eri Santos Castro.
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