Com uma mistura de ficção e documentário, o filme "Luíses - Solrealismo Maranhense" mostra, sob um olhar crítico, os problemas políticos e sociais da capital.
O filme foi elaborado pelo Éguas Coletivo Audiovisual, grupo formado por treze colaboradores de diferentes naturalidades e profissões que se formou durante o Festival Guarnicê de Cinema.
"No filme, tentamos misturar tudo que percebíamos no dia a dia, como a questão da política local, que é trágica. É para tentar conscientizar as pessoas e para chamá-las para que comecem a falar", conta o diretor do filme, Lucian Rosa.
Com influências do tropicalismo e surrealismo, o grupo explora os elementos regionais da cultura maranhense. O diretor utilizou o mito da serpente, que cresce adormecida nos subterrâneos da cidade, e faz um paralelo com a mobilização e conscientização popular.
Em "Luíses - Solrealismo Maranhense", o primeiro longa produzido pelo coletivo, o diretor cortou momentos de ficção, feitos por atores, e inseriu no contexto depoimentos reais de moradores da capital maranhense: um estudante, uma enfermeira, os moradores de rua etc. A intenção era que essas "vozes" denunciassem a corrupção no poder público e o descaso com a
região.
"Colocamos que 'Luíses' são todos, desde o corrupto até o morador de rua, porque todos estão dentro da cidade, dentro do quadro. Cada personagem inserido tem a função de levar a realidade, não só a de miséria, mas da mágica e da beleza do local", explica a produtora, Keyciane Martins.
O "Solrealismo" do título também segue essa justificativa. Os jovens misturaram pitadas de surrealismo e tropicalismo, além de elementos da cultura regional maranhense.
Lucian conta que as pessoas que assistem e as que participaram das gravações o agradecem pela oportunidade de terem se sentido tocadas pela causa. "O Estado do Maranhão passa por uma história de oligarquias, o Sarney não é o primeiro, já teve outros. E pelo visto, vai continuar", opina.
O diretor também destaca a função social que o cinema tem e deve exercer. "Cada um tem uma função social muito importante. Se cada um tentar se transformar e transformar as pessoas, conseguiremos mudar muitas coisas", diz.
O filme maranhense teve um orçamento curto, de apenas R$ 1.200, arrecado em eventos organizados pelo coletivo.
Integrante da equipe, o mineiro Kenny Mendes veio para o Maranhão estudar artes visuais e, quando conheceu o grupo, viu que o cinema era a porta para se expressar e ajudar o próximo. "A mudança tem de vir das pessoas, porque o governo é o espelho da sociedade. São pequenas ações que geram questionamentos e afloram a sensibilidade das pessoas."
A produtora do coletivo quer levar o filme para festivais em todo país. "A partir do próximo ano, nossa proposta é fazer oficinas de cinema em comunidades carentes pelo Brasil. Queremos passar nossa experiência para as pessoas, para que elas possam contar sua próprias histórias", diz Keyciane Martins.
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