Aymoré, por vocação e destino, encaminhou-se para a Medicina e
para a docência, tornando-se professor de Parasitologia Médica, na
Universidade Federal do Maranhão. Dedicou-se, também, à pesquisa por
entender, desde cedo, que essa atividade é inerente às próprias funções,
sendo imprescindível para a produção de conhecimentos novos e formação
científica dos alunos.
Dedicou-se com sucesso à burocracia, tendo
sido Chefe do Departamento de Patologia, Chefe de Gabinete no Reitorado
do Prof. Aldy Mello, Pró-Reitor de Graduação, além de ter participado
de todos os Conselhos Superiores da Universidade. Um dos idealizadores
da Fundação Sousândrade, participa ativamente no Conselho Curador dessa
entidade.
No cumprimento dessas tarefas, produziu, ainda, dezenas
de trabalhos publicados em periódicos especializados e apresentados em
conclaves da área.
Após consolidar a sua carreira universitária,
voltou-se para a literatura, um dos vieses do seu talento versátil
extravasado na juventude, através de sonetos românticos e acrósticos.
Fora a colheita da mocidade. No jornal “Cidade de Pinheiro”e no Jornal
Pequeno, Aymoré passou a publicar artigos de cunho médico, histórico de
interesse atual, às vezes polêmicos e controversos, como aborto,
células-tronco, teorias sobre a origem do Universo, além de crônicas,
abordando os usos e costumes dos moradores de Pinheiro, nos primeiros
decênios de sua autonomia como vila e, mais tarde, como cidade a partir
de 1920. Alguns dos seus trabalhos são, também, publicados na Revista do
Instituto Histórico e Geográfico do qual é membro efetivo. Há dois anos
fundou a Sociedade Maranhense de História da Medicina que congrega
médicos interessados nesse domínio, tendo já realizado o 1@ Congresso
aqui em São Luís.
Atualmente, através de meios virtuais
(blog, site, Facebook) divulga poesias da fase madura, as quais
provavelmente serão publicadas em livro.
Entretanto, o ponto
culminante da sua trajetória literária deu-se em 2006 ao publicar
Pinheiro em foco, revelando o conteúdo de documentos, até então
inéditos, sobre a criação do município de Pinheiro, coletados através de
uma meticulosa investigação em fontes primárias mantidas no Arquivo
Público, assim como a administração da Vila desde a sua emancipação até o
fim da República Velha.
Agora Aymoré traz a lume, enfeixadas em
livro reminiscências da sua meninice passada inteiramente em Pinheiro.
São flashes de episódios ocorridos nessa cidade, geralmente pitorescos,
aos quais o autor conferiu o odor de sua nostalgia e o colorido da sua
saudade, dando-lhe o ritmo necessário para tornar a leitura prazerosa.
Alguns
episódios chegam a comover-nos, refletindo a pureza e ingenuidade dos
seus protagonistas. Outros provocam hilaridade pelo inusitado das
situações, mas, nesses casos, Aymoré usa nomes fictícios, principalmente
dos personagens já falecidos, para evitar constrangimentos dos
parentes.
Todos esses fatos, sem uma sequência conológica rígida,
resgatam brumas pretéritas das distantes décadas de 1940-50, revelando
costumes vigentes na pacata e agradável Pinheiro daquele tempo, num
enorme contraste com a cidade atual, estranha e violenta, com suas ruas
congestionadas por um trânsito caótico e barulhento.
É como se a cidade
houvesse perdido a sua alma em troca de uma modernização equivocada,
confundida como progresso, evidenciada pelo crescimento desorganizado
que se expandiu para além de sua capacidade física e ambiental,
destruindo e invadindo seus campos, poluindo as águas da tão encantadora
Faveira.
Em quase todos os episódios, Aymoré como porta-voz de
uma feição romântica saudosista, procura salvar o que ainda resta de uma
cidade que, infelizmente hoje, só existe em nossas lembranças.
Esse
amor incontido por Pinheiro reflete a inconformidade com as
modificações atuais, com a destruição do seu patrimônio histórico,
incapazes de conviver, harmoniosamente, com uma arquitetura humanizada
que deu à cidade o título de Princesa da Baixada.
Por Moema de Castro Alvim, Livreira e Membro Fundador da APLA.
Enviado por Eri Santos Castro.
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