20 de fev. de 2013

COMENTÁRIOS ao livro CONTOS E CRÔNICAS DE UM PINHEIRENSE de AYMORÉ DE CASTRO ALVIM

Aymoré, por vocação e destino, encaminhou-se para a Medicina e para a docência, tornando-se professor de Parasitologia Médica, na Universidade Federal do Maranhão. Dedicou-se, também, à pesquisa por entender, desde cedo, que essa atividade é inerente às próprias funções, sendo imprescindível para a produção de conhecimentos novos e formação científica dos alunos.
Dedicou-se com sucesso à burocracia, tendo sido Chefe do Departamento de Patologia, Chefe de Gabinete no Reitorado do Prof. Aldy Mello, Pró-Reitor de Graduação, além de ter participado de todos os Conselhos Superiores da Universidade. Um dos idealizadores da Fundação Sousândrade, participa ativamente no Conselho Curador dessa entidade.
 
No cumprimento dessas tarefas, produziu, ainda, dezenas de trabalhos publicados em periódicos especializados e apresentados em conclaves da área.
 
Após consolidar a sua carreira universitária, voltou-se para a literatura, um dos vieses do seu talento versátil extravasado na juventude, através de sonetos românticos e acrósticos. Fora a colheita da mocidade. No jornal “Cidade de Pinheiro”e no Jornal Pequeno, Aymoré passou a publicar artigos de cunho médico, histórico de interesse atual, às vezes polêmicos e controversos, como aborto, células-tronco, teorias sobre a origem do Universo, além de crônicas, abordando os usos e costumes dos moradores de Pinheiro, nos primeiros decênios de sua autonomia como vila e, mais tarde, como cidade a partir de 1920. Alguns dos seus trabalhos são, também, publicados na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do qual é membro efetivo. Há dois anos fundou a Sociedade Maranhense de História da Medicina que congrega médicos interessados nesse domínio, tendo já realizado o 1@ Congresso aqui em São Luís.
 
Atualmente, através de meios virtuais (blog, site, Facebook) divulga poesias da fase madura, as quais provavelmente serão publicadas em livro.
Entretanto, o ponto culminante da sua trajetória literária deu-se em 2006 ao publicar Pinheiro em foco, revelando o conteúdo de documentos, até então inéditos, sobre a criação do município de Pinheiro, coletados através de uma meticulosa investigação em fontes primárias mantidas no Arquivo Público, assim como a administração da Vila desde a sua emancipação até o fim da República Velha.
 
Agora Aymoré traz a lume, enfeixadas em livro reminiscências da sua meninice passada inteiramente em Pinheiro. São flashes de episódios ocorridos nessa cidade, geralmente pitorescos, aos quais o autor conferiu o odor de sua nostalgia e o colorido da sua saudade, dando-lhe o ritmo necessário para tornar a leitura prazerosa.
 
Alguns episódios chegam a comover-nos, refletindo a pureza e ingenuidade dos seus protagonistas. Outros provocam hilaridade pelo inusitado das situações, mas, nesses casos, Aymoré usa nomes fictícios, principalmente dos personagens já falecidos, para evitar constrangimentos dos parentes.
 
Todos esses fatos, sem uma sequência conológica rígida, resgatam brumas pretéritas das distantes décadas de 1940-50, revelando costumes vigentes na pacata e agradável Pinheiro daquele tempo, num enorme contraste com a cidade atual, estranha e violenta, com suas ruas congestionadas por um trânsito caótico e barulhento. 
 
É como se a cidade houvesse perdido a sua alma em troca de uma modernização equivocada, confundida como progresso, evidenciada pelo crescimento desorganizado que se expandiu para além de sua capacidade física e ambiental, destruindo e invadindo seus campos, poluindo as águas da tão encantadora Faveira.
 
Em quase todos os episódios, Aymoré como porta-voz de uma feição romântica saudosista, procura salvar o que ainda resta de uma cidade que, infelizmente hoje, só existe em nossas lembranças.
Esse amor incontido por Pinheiro reflete a inconformidade com as modificações atuais, com a destruição do seu patrimônio histórico, incapazes de conviver, harmoniosamente, com uma arquitetura humanizada que deu à cidade o título de Princesa da Baixada.
 
Por Moema de Castro Alvim, Livreira e Membro Fundador da APLA.
Enviado por Eri Santos Castro.
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