2 de abr. de 2012

FIB-Felicidade Interna Bruta em debate hoje na ONU

Alô, alô, ONU, Himalaia chamando!  

ONU debate Felicidade Interna Bruta

Em 02/04, a convite do primeiro-ministro do Butão, Jigmi Thinley, cerca de 600 pessoas, de diferentes países, se reunirão na sede da ONU, em NY, para discutir o índice FIB – Felicidade Interna Bruta, indicador de progresso que leva em conta o bem-estar da população e o respeito ao meio ambiente, entre outros critérios. Eri Castro, responsável do Jornal Pessoal que leva o seu nome, participará daqui a pouco do encontro, via conferência.

Quem está de olho nos bastidores da preparação da Rio+20, que pretende ser a maior cúpula planetária já realizada, não se surpreende mais com as incertezas que rondam o evento. O peso da pauta de mudanças climáticas continuará tímida e decepcionante como foi anunciado? Seguirá na trilha da negação das evidências científicas? Quando conheceremos a programação oficial? E a definição da agenda paralela? O que se pode esperar efetivamente de seus resultados? Os mais influentes chefes de estado estarão presentes? Que propostas serão apresentadas pelos empresários? E pelas mulheres? E povos indígenas?

Com comboios de carros oficiais e de segurança de 193 países circulando pelo já conturbado trânsito carioca, será possível ir da Zona Sul à Barra da Tijuca num mesmo dia? Com uma pauta tão ampla, as urgentes questões ambientais perderão prioridade para as discussões sobre erradicação de pobreza? A Cúpula dos Povos será uma espécie de Ocuppy Aterro do Flamengo?
Talvez seja necessário esperar algumas semanas ou até o final da cúpula para saber as respostas. Mas quando se olha de perto o que alguns grupos de trabalho estão preparando, as incertezas quanto ao que esperar do evento parecem se dissipar. Há grupos de trabalho que prometem propostas que darão, no mínimo, muito combustível para a discussão. Um desses grupos irá propor nada menos do que uma mudança no coração do regime econômico e um novo pacto que substitua Bretton Woods, o famoso acordo que estipula as regras fundamentais das relações globais do capitalismo.

Esse grupo é formado por aproximadamente 600 pessoas, que começam a chegar a Nova York neste final de semana, para discutir, na sede da ONU, a elaboração de um documento já intitulado “Materializando o Mundo que Queremos”. Ban Ki-moon, o secretário geral da ONU, já confirmou presença. O príncipe Charles gravou um vídeo para a sessão inaugural desta segunda-feira. Jeffrey Sachs e seus colegas do Earth Institute, levarão o sumário de um workshop que a Universidade de Colúmbia realiza na véspera.
Vários economistas distinguidos pelo Prêmio Nobel somam-se a líderes espirituais, ongueiros, empresários e autoridades governamentais para três dias de apresentações e debates. No centro de tudo isso está Lyonchen Jigmi Thinley, primeiro-ministro do Butão, que desceu dos montes escarpados do Himalaia para as margens do East River onde conduz o encontro “Felicidade e Bem Estar: Definindo um Novo Paradigma Econômico”.

Seu objetivo é fazer com que as medidas de desenvolvimento não dêem valor apenas para o produto econômico, mas à também à felicidade percebida pelas pessoas. “Essa ‘felicidade’ nada tem a ver com o sentido usual dado a essa palavra, para denotar um estado efêmero e passageiro — feliz hoje ou infeliz amanhã devido a alguma condição temporária externa, como elogio ou culpa, ganho ou perda”, diz Thinley. “Em vez disso, ela se refere à profunda e perene felicidade desfrutada a partir de se viver a vida em plena harmonia com o mundo natural, com nossas comunidades, cultura, herança espiritual, e sabendo e confiando que nossos líderes de fato se importam com o bem comum”.

Essa declaração, correta como expectativa moral, mas quase ingênua diante da cruel hipocrisia política do cotidiano, dá um pouco a dimensāo da coragem de Thinley, líder de um país pobre, com população pouco superior à do estado do Acre, de assumir a liderança de uma discussão global de tamanha magnitude. O que leva alguns dos mais brilhantes líderes da atualidade a concordar e se alinhar com Thinley em sua quixotesca missão de tocar no coração da economia? É o que veremos.

Felicidade para todos

Por Caco de Paula.

Enviado por Eri Santos Castro.

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