15 de fev. de 2012

PESAR A FLÁVIO DINO OU TRATADO FILOSÓFICO DA DOR ALHEIA

Filhos não sofrem, transferem dores. Não partem, viajam dentro da gente;
Filhos não crescem, esticam as ilusões; não tardam, eternizam as madrugadas.
Filhos não adoecem, aumentam o dia; não pensam, preocupam o futuro.
Filhos não entendem, modificam; não esperam, chegam antes de nós.
Filhos nunca estão aqui nem lá, estão presentes; não vão nem ficam, passeiam na solidão dos pais.
Filhos não adormecem, trocam nossos sonhos; não erram, mudam nossas virtudes;
Filhos não são crianças, são projetos que não podem dar errado; não pecam, inventam o perdão.
Filhos não abraçam, cercam para sempre; não respiram, fazem faltar o ar.
Filhos não escolhem, obrigam; não choram, desrespeitam nossa dor.
Filhos não pedem, dão ordens; não fracassam, esperam por nós.
Filhos são filhos e em sendo filhos não morrem; se diluem em nossas veias à procura de respostas que também nós não conseguimos encontrar.
E que nos sejam plenas todas as certezas de que entre todas as alegrias os filhos serão a maior alegria e de que entre todas as dores não haverá dor maior.
 
Por JM Cunha Santos.
Enviado por Eri Santos Castro.
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2 comentários:

Erasmo Leite disse...

Crianças não morrem. O texto de JM Santos sintetiza o pensamento momentâneo, atual sobre a morte de Marcelo Dino. Os pais, sangrando de dor, verão na leitura do texto um pouco de lenitivo. Que Deus alivie essa fase difícil da familia dos Dino.
Crianças não morrem !

Erasmo Leite disse...

Filhos não partem...
O texto de JM Santos enquadra-se perfeitamente no contexto relacionado com a morte Marcelo Dino.
O sofrimento dos pais de Marcelo, naquele texto, parece receber um lenitivo. Filhos não partem...
Que Deus alivíe a dor da familia Dino.