26 de set. de 2011

FIM DAS TOURADAS NA CATALUNHA

Neste domingo (25) aconteceu a tourada de despedida na Catalunha; o espetáculo foi proibido graças às campanhas de ativistas dos direitos dos animais.

É a Espanha sepultando suas tradições. A atividade já vinha em franco declínio, com o número de touradas caindo para pouco mais de um terço da quantidade anterior à atual crise capitalista.

Trata-se do tipo de notícia que me deixa dividido. De um lado, estão certíssimos os que querem impedir a imposição de tais tormentos aos touros. Trata-se de uma crueldade? Sem dúvida! Animais não devem ser torturados e sacrificados para nossa diversão? Sem dúvida!

Do outro, sempre me fascinou o desafio à morte assumido por toureiros, pilotos de automobilismo, pugilistas, etc. Que têmpera a de quem entra na arena confiando na sua perícia contra as investidas furiosas de uma montanha de carne!

Segundo um bom amigo espanhol, dos dois ícones máximos das  plazas de toros, Dominguín construiu sua fama deixando que as chifradas passassem assustadoramente próximas do seu corpo. O menor erro de cálculo seria fatal. Mas, sua frieza era espantosa; sua técnica, refinadíssima.

E havia também o loco Cordobés, menos estilista e mais raçudo. Este levantava a platéia com seu passionalismo, suas bravatas, como se quisesse igualar a ferocidade do touro, enfrentando-o de igual para igual.

A altíssima voltagem desses espetáculos não poderia escapar aos artistas. Hemingway e Picasso foram dois que se prostraram à sua beleza selvagem. E a apoteose do toureiro na Carmen de Bizet é um dos temas de ópera mais populares em todos os tempos.

Uma página romântica se fecha, deixando o mundo um pouco menos desumano... e um pouco mais insosso.

São as tais contradições.

Por Náufrago da Utopia.
Editado por Eri Santos CAstro.
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