15 de ago. de 2011

Cristovam Buarque: 'Se falta apoio porque a presidente faz a faxina, é a desmoralização'

Não vamos nos iludir, o que está em jogo nessa "faxina" é a questão política e não os interesses do nosso país. 

No entanto, vejo excelentes oportunidades para a Dilma fazer um governo  com mais gestão pública e menos política (difícil, mas não impossível).

E penso que ela deveria aproveitar essa oportunidade que setores da mídia e oposição (sem interesses republicanos) para fortalecer as instituições públicas. 
Cristovam Buarque lança campanha para respaldar Dilma no combate à corrupção

O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), dizendo estar preocupado com a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff perder apoio político por causa da faxina ética em seus ministérios, está promovendo junto com outros senadores uma ação para dar respaldo à iniciativa do Planalto contra a corrupção. Segundo ele, o movimento conta com o apoio de pelo menos 15 senadores, entre eles o gaúcho Pedro Simon (PMDB), que ocuparão a tribuna do Senado na segunda-feira para se solidarizar com Dilma e as ações do governo contra os desvios na administração pública. Segundo ele, se Dilma voltar atrás na faxina, para tentar recuperar o apoio dos partidos, perderá o apoio das ruas.


Por que um movimento para apoiar a presidente Dilma na faxina nos ministérios?

CRISTOVAM: Primeiro porque ela está fazendo o certo. E, segundo, porque estamos tão desmoralizados que, se de repente, falta apoio no Congresso porque a presidente faz a faxina, aí é a desmoralização completa. Somos um grupo disposto a dar suporte à faxina que ela fez, está fazendo e que achamos que ela precisa fazer mais.


Como avalia a reação dos partidos da base aliada?

CRISTOVAM: Base é quando os partidos se juntam em torno de bandeiras em comum. O que temos é uma aglutinação de políticos, sem uma bandeira que unifique. Se a faxina da presidente afetar interesses, a aglutinação que lhe dá apoio político pode desaparecer, e isso é preocupante. Se a presidente voltar atrás agora para acomodar os interesses feridos pela faxina, ela vai perder o apoio das ruas.

No Congresso, os aliados criticam a maneira como Dilma está recebendo apoio da sociedade à faxina, prejudicando a imagem dos parlamentares. O senhor concorda?

CRISTOVAM: No Congresso ela está adquirindo novos suportes. Vejo pessoas como (os senadores) Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Pedro Simon (PMDB-RS), Pedro Taques (PDT-MT) e outros a favor da faxina que ela está fazendo. Ela está fazendo o certo, o que tira o apoio de muitas pessoas. A pergunta é: as pessoas feridas controlam o Congresso ou não? Se elas controlam o Congresso, aí corremos o risco de governabilidade. A habilidade dela seria dosar não a faxina, que ela tem de fazer toda. Mas dosar os apoios que ela perde e os que ela ganha. Se perder, tem de ganhar outros, ou vai ter problemas de governabilidade.

O senhor vai apoiar a CPI da Corrupção?

CRISTOVAM: A investigação é correta, mas o instrumento está partidarizado para infernizar o governo. A Dilma deveria tomar a iniciativa de fazer uma comissão de inquérito, chamando até parlamentares, juízes, colocando a polícia, a CGU (Controladoria Geral da União). Teria que dar ideia de independência e com credibilidade de que irá até o fim. Eu assinarei uma CPI para investigar a Polícia Federal se daqui a seis meses não se descobrir nada. Aí estão escondendo, a presidente fez simples jogo de cena. Seria uma Comissão Republicana de Inquérito. Sem partidarizar. Respaldar a apuração, cobrando mais apuração.

O senhor apoia o pedido de Dilma de não aprovar projetos que aumentem gastos por causa da crise mundial?

CRISTOVAM: Devemos reduzir ou parar essa questão das emendas nesse momento. E temos de impedir coisas que nos são caras. Por exemplo: luto pela federalização da educação de base. Não dá para exigir que se faça isso hoje na velocidade que desejo. Sou defensor da PEC 300, que iguala os salários dos policiais no Brasil, mas não vai dar para fazer este ano, no próximo ano. Sou a favor da Emenda 29, que põe mais dinheiro na Saúde. Neste ano não será mais possível. É uma questão de emergência.

Isabel Braga, em O Globo.
Enviado por Eri Santos Castro.
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