Na noite deste sábado (14 de agosto de 2010), foi divulgada a 2ª pesquisa ESCUTEC,
feita para o jornal O Estado do Maranhão. Os números completos só devem ser
divulgados pelo instituto de pesquisa no início da semana, mas algumas observações
preliminares já podem ser feitas.
1) É incorreta a afirmação d’O Estado do Maranhão de que a pesquisa “deixa
inalterada a disputa pelo governo” (conforme o site imirante.com:
http://imirante.globo.com/noticias/2010/08/14/pagina250729.shtml).
2) Tal afirmação só faz sentido quando referida à pesquisa ESTIMULADA para
governador, em que os entrevistados recebem um cartão com o nome dos
candidatos, sendo solicitados a informar em quem votariam naquele momento.
3) Na pesquisa ESTIMULADA, os três principais candidatos permaneceram na
margem de erro da pesquisa (3%), sendo que Roseana Sarney (– 0,8%) e
Jackson Lago (– 2,1%) tiveram variação negativa, enquanto Flávio Dino teve
variação positiva (+ 1,4%).
4) A vantagem de Roseana sobre os outros dois, que em julho era de 7,8%,
manteve-se praticamente a mesma em agosto (7,7%). Já o número de indecisos
aumentou, também dentro da margem de erro, saindo de 4,1% para cerca de
5,6% (o número exato ainda vai ser divulgado).
5) Contudo, as conclusões são completamente diferentes quando observamos a
pesquisa ESPONTÂNEA, em que o eleitor cita seu candidato sem o estímulo de
cartão. A maior parte dos analistas políticos concorda que a pesquisa
ESPONTÂNEA é aquela que efetivamente aponta o grau de decisão (ou
indecisão) do eleitorado e seu nível de envolvimento com o processo eleitoral.
6) Dessa forma, os números da pesquisa ESPONTÂNEA apresentados pela
ESCUTEC fornecem um quadro bastante diferenciado, apontando importantes
alterações na disputa pelo governo estadual.
7) Na pesquisa ESPONTÂNEA, Roseana Sarney apresenta mínima variação
positiva (de apenas 0,2%), enquanto os candidatos do campo oposicionista
apresentam expressivas variações positivas, no limite ou além da margem de
erro da pesquisa: assim ocorre tanto com Jackson Lago (+ 2,7%), quanto com
Flávio Dino (+ 3,2%).
8) Assim, na pesquisa ESPONTÂNEA, a vantagem de Roseana Sarney sobre os
outros dois candidatos, que em julho era de 10,6 %, caiu para 4,9 % em agosto, uma queda de 5,7 pontos percentuais, quase o dobro da margem de erro da
pesquisa. A vantagem de Roseana Sarney caiu em mais da metade.
9) A conclusão é cristalina: apesar de ainda haver um grande número de indecisos
(32%), uma parte do eleitorado maranhense (indeciso em julho) já começou sim
a definir seu voto nas últimas 3 semanas (entre 25 de julho e 15 de agosto),
como efeito da campanha que já deslanchou, OPTANDO em esmagadora
maioria pelo VOTO OPOSICIONISTA em Flávio Dino ou Jackson Lago.
10) Esta é a ALTERAÇÃO mais significativa do quadro eleitoral apontado pela
pesquisa ESCUTEC: o início da campanha de rua aponta um crescimento
expressivo das intenções de voto nos candidatos de oposição, reafirmando mais
uma vez o que todas as pesquisas anteriores apontavam, a alta taxa de rejeição
da candidata filha da oligarquia e a tendência de realização de um 2º turno.
11) Se transformássemos, a partir da pesquisa ESPONTÂNEA da ESCUTEC, os
dados percentuais em números absolutos, teríamos o seguinte: nas últimas três
semanas, cerca de 6% do eleitorado definiu seu voto para governador, assim
dividindo-se, Flávio Dino conquistou cerca de 135 mil votos, Jackson Lago
angariou cerca de 114 mil votos, e Roseana Sarney apenas 8.500 votos.
12) Ou seja, cerca de 96% dos eleitores que definiram seu voto a partir do início da
campanha OPTARAM pela OPOSIÇÃO, numa clara tendência de realização do
2º turno. Embora ainda não esteja claro quem passará para o 2º turno, se Jackson
Lago (que também tem alta taxa de rejeição) ou Flávio Dino (ainda
desconhecido de boa parte do eleitorado), com leve vantagem deste último por
estar apresentando melhores variações positivas e ter baixa rejeição.
13) Para finalizar, nunca é demais lembrar que toda pesquisa registra apenas um
momento da campanha, e que as tendências atuais podem se confirmar (ou não),
a depender de inúmeras variáveis:
a) o início da campanha em rádio e tv, a partir de 17 de agosto (próxima 3ª feira);
b) as possíveis reformulações das estratégias eleitorais dos candidatos;
c) as definições quanto à impugnação das candidaturas “ficha suja” pelo TSE;
d) o peso da máquina política de clientelismo e compra de votos, assim como
abuso de poder econômico e midiático, que bem sabemos é utilizada pela
oligarquia.
Por Wagner Cabral, professor do Departamento de História da UFMA.
Enviado por Eri Santos Castro.
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