7 de set. de 2009

O jornalismo daqui a cinco ou dez anos


Meu trabalho não exige saber o futuro, mas suspeito que a paisagem jornalística em cinco ou dez anos será uma mistura de sobreviventes e "start-ups". E que a distinção entre mídia "mainstream" e nova mídia vai diminuir nas duas direções. As organizações tradicionais inclusive o "NYT", mas muitos mais continuarão a evoluir. Vamos sobreviver no impresso até quando os lucros justificarem (e, graças aos crescentes lucros com circulação, eles ainda justificam) mas vamos crescer, adaptar e prosperar em todas as plataformas.
Por outro lado, espero que iniciativas como ProPublica e GlobalPost, que dependem de filantropia e/ou do sacrifício de jornalistas dispostos a salários na linha da pobreza, achem modelos de negócio mais sustentáveis. Espero que as melhores entre as novas iniciativas façam alianças para garantir os serviços importantes e custosos que empresas como o "NYT" fornecem, como locais de trabalho seguros em países em guerra ou advogados para processos de liberação de informação e de defesa contra pessoas poderosas. Instituições jornalísticas se tornarão mais ágeis, e novas iniciativas se tornarão mais institucionalizadas. É o meu palpite, pelo menos.
Não quer dizer que eu aceite a web como uma bênção sem problemas. Me preocupa que a polarização e a glorificação da polêmica na web leve leitores a se sentirem informados sem jamais encontrar informação que contradiga seus preconceitos ou que os leve a pensar por si mesmos. Não penso que o jornalismo imparcial é necessariamente jornalismo neutro. É possível acreditar em todas aquelas coisas e celebrar as riquezas do jornalismo na web.
Do editor-chefe do 'New York Times', Bill Keller.
Enviado por Eri Santos Castro.

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