1 de jun. de 2009

A carta do senador Sarney e a resposta do Jornal Pequeno

A CARTA DE SARNEY
Brasília, maio de 2009
Ao SenhorLOURIVAL MARQUES BOGÉADiretor-Geral, Jornal Pequeno
Prezado senhor,
A respeito da matéria publicada por esse jornal, afirmando haver tido eu a propriedade de uma quinta, castelo ou seja lá o que for, quero desmentir essa divulgação. Aliás, essa notícia, agora reproduzida com o objetivo de atingir a minha honra, surgiu há vinte anos, quando eu era Presidente da República, foi por mim contestada com documento do Cartório Imobiliário de Lisboa, certificando não ter nem haver tido eu nenhuma propriedade naquela cidade. Repito: não tenho e nunca tive nenhum imóvel ou o que quer que seja em Lisboa. Por Lisboa sempre tive amor, de suas cores, de sua história.
2. Mas, para que não paire qualquer dúvida sobre o meu hipotético imóvel, que nunca existiu, quero doá-lo à empresa editora do Jornal Pequeno, que tem como presidente sua progenitora, Hilda Bogéa, e seus filhos, para dele usufruírem todo o seu valor, podendo usá-lo, vendê-lo e transmiti-lo a seus herdeiros.
3. Assim, esse castelo que não existe passará a pertencer à família Bogéa, que há 50 anos insulta-me, desrespeita, injuria e difama a minha pessoa.
4. Desfrutem de mais essa patranha.
Saudações,JOSÉ SARNEY

RESPOSTA DO JP


Como o senador José Sarney gosta de numerar parágrafos, o JP vai acompanhá-lo em mais essa sua mania:
1. Nem a reportagem sobre o castelo de Sintra nem qualquer outra que envolva o senhor Sarney e seu clã são feitas pelo JP com o objetivo de atingir sua honra, como acusa o senador, e sim o que ele representa: um coronelismo político, econômico e midiático antiético, que oprime e mantém sob seu jugo uma legião de miseráveis num dos estados mais pobres do país. O senhor Sarney diz que um documento do Cartório Imobiliário de Lisboa certifica que ele não tem nem nunca teve “nenhuma propriedade naquela cidade”. “Repito: não tenho e nunca tive nenhum imóvel ou o que quer que seja em Lisboa”, complementou o senador. Vale esclarecer que a reportagem do JP diz que ele teve, por pelo menos 4 anos (1990 a 1993), a Quinta dos Lagos, em Sintra, e não em Lisboa. Por que o senador não nos envia uma cópia do documento fornecido pelo Cartório de Lisboa?
2. Em resposta à chacota do senador, “doando” a Quinta dos Lagos à família Bogéa, proprietária do JP, agradecemos mas rejeitamos o oferecimento. Primeiro porque nenhum dos Bogéa compartilha com o senhor Sarney o gosto por imóveis que lembram os senhores feudais da Idade Média (a Era das Trevas). Segundo porque o castelo não é mais do senador, portanto ele não pode doá-lo. Mas se o senhor Sarney abandonar o sarcasmo e quiser exercitar seriamente sua generosidade, pode doar aos desabrigados pelas enchentes do Maranhão uma de suas mansões de Curupu ou toda a dinheirama que recebeu ilegalmente – sem saber, é claro... – de auxílio-moradia do Senado. Aliás, essa é a sugestão da jornalista Ruth de Aquino, da revista Época. No mais, em contrapartida à boa ação do senhor Sarney, a família Bogéa e seu JP aceitam doar a ele e seu império de Comunicação um pouco de credibilidade e dignidade, que nos sobram e faltam à mídia sarneysista.
3. A família Bogéa não insulta, desrespeita, injuria e difama o senhor José Sarney há 50 anos. Como já foi dito no início, combatemos (há 44 anos, e não 50) o que ele representa: um modo antiético e imoral de fazer política, responsável pela perpetuação da miséria do Maranhão e que recentemente se estendeu ao Congresso Nacional, conforme o JP e todos os veículos sérios da imprensa nacional vêm mostrando à exaustão. Insulto, desrespeito, injúria e difamação tivemos a oportunidade de ver correndo solto no Sistema Mirante na campanha sem tréguas que resultou no golpe, via judicial (segundo o renomado jurista Francisco Rezek), que tirou do cargo um governador legitimamente eleito pelo povo e colocou em seu lugar a filha do senhor Sarney, derrotada nas urnas.
4. Traduzindo o vocabulário arcaico do senador, “patranha” quer dizer mentira. Vide “caso Reis Pacheco”, farsa da encomenda de morte do prefeito de Imperatriz Ildon Marques por parte do deputado Sebastião Madeira, as oito versões para a “bufunfa” de 1,34 milhão encontrada na Lunus etc. etc.
A Direção do JP

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