19 de abr. de 2009

Edgar Allan Poe, O Corvo e o "Nunca Mais'


Recorro-me nestes tempos sombrios ao Edgar Allan Poe (1809 - 1849) , em especial ao seu poema imortal 'O Corvo', que Poe escreveu-o inspirado em Vírgínia Clemm, sua prima-irmã, com quem se casou quando ela tinha apenas treze anos de idade; Virgínia faleceu de tuberculose, em conseqüência da pobreza em que vivia o casal. Na obra original , o corvo setencia um 'Nunca Mais', aprisionando o autor a impossibilidade de rever a sua amada.

Na minha alegoria deste domingo, o corvo quer nos negar a liberdade, afirmando a chibata; negar a ruptura com a miséria e anos de atraso, afirmando uma política de favores e não de direitos. . Esse corvo que grasna sempre 'NUNCA MAIS' para a liberdade merece ser morto, morte cor de esperança

No ano de 1847, Poe teve algumas de suas histórias traduzidas para o francês por Charles Baudelaire, que, num trecho do prefácio que fez para a publicação da obra, disse: “A força de negar provoca a sua antítese." Ou seja, a oligarquia provoca a sua superação. Mallarmé, um dos expoentes do Simbolismo francês, continuou a fazer a divulgação das histórias e poesias de Poe, que se viu consagrado nos dois anos que antecederam sua morte. Essa consagração deveu-se não apenas ao conto, mas também a sua poesia, cujos versos falam apenas de mundos interiores, sem qualquer menção ao mundo exterior, embora o interior numa difere do mundo exterior.

O poema O Corvo, essa obra-prima de Poe só ficou acabada depois de ter sido modificada ao longo de dez anos; Poe era dotado de extraordinária imaginação, qualidade que se somava a outra, qual seja, a de ter sido intransigente no tocante à qualidade literária de sua obra; daí ter despertado o interesse na sua tradução do inglês para muitos idiomas – para o português, o poema teve traduções de Machado de Assis e de Fernando Pessoa.

Leia dois parágrafos do poema O CORVO, de Edgard Allan Poe:

Vara o silêncio, com tal nexo, essa resposta que, perplexo,julgo:
“É só isso o que ele diz; duas palavras sempre iguais.
Soube-as de um dono a quem tortura uma implacável desventurae a quem, repleto de amargura, apenas resta um ritornelode seu cantor; do morto anelo, um epitáfio:
o ritornelode ‘Nunca, nunca, nunca mais’ ”
Como ainda ó Corvo me mudasse em um sorriso a triste face,
girei então numa poltrona, em frente ao busto, à ave, aos umbrais,
e, mergulhando no coxim, pus-me a inquirir (pois, para mim,visava a algum secreto fim) que pretendia o antigo Corvo,
com que intenções, horrendo, torvo,
esse ominoso e antigo Corvo grasnava sempre: “Nunca mais”.

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