17 de fev. de 2009

Ainda repercute entrevista de Jarbas Vasconcelos

Ainda repercute muito a entrevista do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). O partido silencia. Esse silêncio se auto-denuncia. Veja partes do artigo, publicado no 'Globo' de hoje, de Arnaldo Jabor. 'Sua explosão é legítima e incontestável, vinda de um dos fundadores do MDB, depois transformado nessa anomalia comandada pelo Sarney, que é o líder sereno e hábil da manutenção do atraso em nossas vidas. Duvidam? Vão a São Luís para entender o que fez esse homem de jaquetão impecável há 40 anos no poder daquele estado.' Jarbas aponta: ' A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador Sarney, (...) que vai transformar o país num grande Maranhão.' Confira partes do artigo.



Estamos anestesiados diante da vida política do país. A entrevista de Jarbas Vasconcelos na revista "Veja" desta semana é uma rara ilha de verdade neste mar de mentiras em que naufragamos. Precisávamos dessas palavras indignadas que denunciam a rede de mediocridade política e de desagregação de poderes que assola o país, do Congresso ao Executivo.

De dentro de casa, Jarbas berrou: "O PMDB é corrupto!". E mostrou como esse partido nos manipula, sob o guarda-chuva do marketing populista de Lula. O que Jarbas Vasconcelos atacou já era voz corrente entre jornalistas, inclusive o pobre diabo que vos fala. Mas sua explosão é legítima e incontestável, vinda de um dos fundadores do MDB, depois transformado nesta anomalia comandada pelo Sarney, que é o líder sereno e hábil da manutenção do atraso em nossas vidas. Duvidam? Vão a São Luís para entender o que fez esse homem com seu jaquetão impecável há 40 anos no poder daquele estado. Jarbas aponta: "A moralização e a renovação são incompatíveis com a figura do senador Sarney, (...) que vai transformar o país em um grande Maranhão".

Mais que um partido, o PMDB atual é o sintoma alarmante de nossa doença secular. Era preciso que um homem de estatura política abrisse a boca finalmente, neste país com a oposição acovardada diante do ibope de Lula. Estamos aceitando a paralisia mental que se instalou no país, sob a demagogia oportunista deste governo. O gesto de Jarbas é importante justamente por ser intempestivo, romanticamente bruto, direto, sem interesses e vaselinas.

É mais que uma entrevista - é um manifesto do "eu-sozinho", um ato histórico (se é que ainda sobra algo "histórico" na política morna de hoje). E não se trata de um artigo de denúncia "moral" ou de clamor por "pureza": é um retrato de como alianças espúrias e a corrupção "revolucionária" deformaram a própria cara da política brasileira. Com suas alianças e negaças, o governo do PT desmoralizou o escândalo! Lula revalidou os velhos vícios do país, abrindo as portas para corruptos e clientelistas, em nome de uma "governabilidade" que nada governa, impedido pela conveniência e pelos interesses de seus "aliados". É como ser apoiado por uma máfia para combater o mal das máfias. Jarbas não tem medo de ser chamado de reacionário pelo povão ou pelos intelectuais que ainda vivem com o conceito de "esquerda" entranhado em seus cérebros, como um tumor inoperável.

Essa palavra "esquerda" ainda é o ópio dos intelectuais e "santifica"qualquer discurso oportunista. Na mitologia brasileira, Lula continua o símbolo do "povo" que chegou ao poder. A origem quase "cristã" desse mito de "operário salvador", de um Getúlio do ABC, dá-lhe uma aura intocável. Poucos têm coragem de desmentir esse dogma, como a virgindade de Nossa Senhora.

(...)
Vivemos um grande autoengano.

A raposa tomando conta do galinheiro
PMDB comanda Legislativo, seis ministérios e estatais do setor de energia e comunicações

O orçamento geral que o PMDB administra do Governo Federal é da ordem de R$151 bilhões, segundo a lei orçamentária de 2009 aprovada pelo Congresso. São seis ministérios , mais o controle do poder legislativo, sem contar os recursos da cobiçadas estatais do sistema elétrico.

O galinheiro está cheio e a raposa insaciável.

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