Estava em outro combate bem mais de 30 dias, mas aqui estou de regresso
Deu no Jornal do Brasil
Galeano cidadão da América e reproduzido no Colunão e aqui
"Eduardo Galeano, o primoroso autor de As veias abertas da América Latina, clássico do irredentismo continental, acaba de receber em Montevidéu o título de primeiro Cidadão Ilustre do MercoSul. Agradecendo a saudação, pronunciou mais de um de seus belos e antológicos discursos.
Trechos:'Nossa região é o reino dos paradoxos.“Paradoxalmente, Aleijadinho, o homem mais feio do Brasil, criou as mais altas belezas da arte da época colonial;paradoxalmente, Garrincha, arruinado desde a infância pela miséria e pela poliomielite, nascido para a infelicidade, foi o jogador que mais alegria deu em toda a história do futebol;“O único país hispano-americano verdadeiramente livre foi paradoxalmente assassinado em nome da liberdade. O Paraguai não estava preso na jaula da dívida externa, porque não devia um centavo a ninguém, e não praticava a mentirosa liberdade de comércio, que nos impunha e nos impõe uma economia de importação e uma cultura de impostação.Um século depois da guerra do Paraguai, um presidente do Chile deu sua palavra, e se deu.Os aviões cuspiam bombas sobre o palácio do governo, também metralhado pelas tropas de terra. Ele havia dito:- Eu, daqui, não saio vivo.“E, saltando a cordilheira, me pergunto: Por que será que Che Guevara, o argentino mais famoso de todos os tempos, o mais universal dos latino-americanos, tem o costume de continuar nascendo? Paradoxalmente, quanto mais o manipulam, quanto mais o traem, mais nasce. Ele é o mais nascedor de todos.' "