1 de fev. de 2008

Bandeira foi lido por Machado de Assis e sobreviveu a Guimarães Rosa

Manuel Bandeira (1886-1968) foi lido por Machado de Assis e sobreviveu a Guimarães Rosa. A afirmação soa como um disparate, mas é verdadeira e pode dar a medida do longo intervalo de tempo em que o poeta pernambucano atuou na poesia brasileira.
Efetivamente, quando Bandeira publicou seu primeiro livro (A Cinza das Horas, 1917), Olavo Bilac e Alphonsus de Guimaraens ainda estavam vivos; já em 1966, por ocasião dos seus 80 anos, quando surgiu a primeira edição da Estrela da Vida Inteira, última reunião de sua obra em verso, ocorria também a estréia de Cacaso (A Palavra Cerzida), e Paulo Leminski já tinha publicado os seus primeiros poemas.

Entre esses dois extremos, sintetizando muito, Bandeira teve participação decisiva na consolidação da poesia modernista, e sua correspondência com o amigo Mário de Andrade pode ser lida como uma autêntica poética do movimento. Dialogou estreita mente também com os poetas que estrearam em 1930, ou se afirmaram ao longo da década, em particular Carlos

Drummond de Andrade, Murilo Mendes, Augusto Frederico Schmidt e Vinícius de Moraes; posteriormente, vieram as relações com João Cabral de Melo Neto (que lhe dedicaria A Educação Pela Pedra, em 1966) e mesmo com alguns poetas da Geração de 45. Enfim, acompanhou de perto os movimentos poéticos que despontaram no final da década de 50, em especial a poesia concreta.

Nestes tempos de carnaval nada mal intercalar uma boa leitura.

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