2 de out. de 2007

Huberto Eco e a anatomia do feio (para Genivaldo,meu amigo)

Depois de, há 20 anos, conquistar o mundo com sua primeira obra literária, "O Nome da Rosa", que vendeu mais de 16 milhões de exemplares no planeta, o erudito de 75 anos reflete agora sobre um tema pouco atraente para a modernidade: a feiura.
O novo livro, "História da Fealdade", será apresentado pelo autor na Feira do Livro de Frankfurt, Alemanha, dois anos após ter lançado o contraponto do tema, o ensaio "A História da Beleza".
"As sombras contribuem para que a luz resplandeça melhor", setencia Eco, que se serve de inúmeros autores, citações, textos históricos, poesias, romances e ensaios para expor que a fealdade e a beleza devem ser entendidas segundo o momento histórico e os cânones estéticos dominantes.
Em um dos trechos do livro publicados na revista italiana "Espresso", o professor Eco cita Robert Burton e sua obra "Anatomia da Melancolia" para refletir sobre as razões pelas quais um homem ama uma mulher feia.
O ensaísta começa com Leonardo, prossegue com Rabelais, autor de "Gargantua e Pantagruel", mestre do épico e cômico, genial por suas descrições vulgares, grotescas e populares, e chega a Burton com sua visão melancólica do futuro, da modernidade, um autor que se inspirou em Henry James e Proust.
Se na pintura o feio é representado com freqüência com a dor, na linguagem, sobram os sinônimos para se referir à fealdade: horrendo, desagradável, monstruoso, odioso, espantoso, fétido, sujo, repelente, vil, deformado, repugnante, antiestético.
A história da fealdade é decididamente mais interesante do que história da beleza, para isso Eco reconstroi incríveis histórias de horror e desprezo desde a época dos gregos, passando pela Idade Média para chegar à exaltação da 'fealdade' entendida como o diferente no mundo moderno.

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