Esse fato das multidões nas ruas de Pinheiro me
faz lembrar a peça teatral de Chico Buarque de Holanda e Paulo Pontes escrita
em 1975: ”A Gota d’água”. Atingiu-se agora a gota d’água que fez transbordar o
copo. Os autores de alguma forma intuíram o atual fenômeno ao dizerem no
prefácio da peça em forma de livro: “O fundamental é que a vida brasileira
possa, novamente, ser devolvida, nos palcos, ao público brasileiro…
Nossa tragédia é uma tragédia da vida brasileira”. Ora, esta tragédia é
denunciada pelas massas que gritam nas ruas. Esse Brasil que temos não é para
nós; ele não nos inclui no pacto social que sempre garante a parte de leão para
as elites. Querem um Brasil brasileiro, onde o povo conta e quer contribuir
para uma refundação do país sobre outras bases: democrático-participativas, éticas e com formas menos malvadas de relação
social.
Esse grito não pode deixar de ser
escutado, interpretado e seguido. A política poderá ser outra daqui para frente...
Um grito de efeito de
saturação: o povo se saturou com o tipo de política que está sendo praticada na
cidade de Pinheiro inclusive por um prefeito. E agora o que? Bem dizia o
poeta cubano Ricardo Retamar: “o ser humano possui duas fomes: uma de pão que é
saciável; e outra de beleza que é insaciável”. Sob beleza se entende
educação, cultura, reconhecimento da dignidade humana e dos direitos
pessoais e sociais como saúde com qualidade mínima e transporte
menos desumano.
Um espírito de insurreição está varrendo toda a cidade de Pinheiro, ocupando o único espaço que
lhes restou: as ruas e as praças. O movimento está apenas começando.
Por William Redondo, confira aqui!
Enviado por Eri Santos Castro.
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