29 de abr. de 2014

EDINHO LOBÃO TEM 35% DE REJEIÇÃO : A MÁ FAMA TEM FUNDAMENTO OU É ETIQUETA SEM SENTIDO? COM A PALAVRA O FINADO WALTER RODRIGUES

Edinho Lobão nunca se preocupou com o a opinião pública. Mal-afamado durante o governo do pai, Edson Lobão(1991/1995), Edinho teria sido alcunhado de "Edinho 30%", por Fernando Sarney, segundo o falecido blogueiro Walter Rodrigues.

O finado Walter Rodrigues vítima das "pedras azuis"- o Viagra, foi implacável nas denúncias contra Edinho. Rodrigues no seu Colunão duvidava da permanência de Edinho no Senado. Errou, Edinho ficou e transformou-se em Presidente da Comissão de Orçamento.

WR montou em 2008, longo dossiê contra Edinho Lobão. WR tinha o objetivo de impedir a posse de Edinho Lobão no Senado. A atuação do blogueiro/pioneiro recebeu o aplau$o de Ricardo Murad, mas não vingou. Edinho ficou e é candidato a governador.

Murad fez declaração em versos para Edinho. Hipocrisia declamada. Edinho tem 6 meses, para livrar-se da fama acumulada em 24 anos. A situação lembra aqueles que param de beber- provar é recaída, negar é perda de tempo. O melhor é ter serenidade a cada provocação.

Com a palavra o finado Walter Rodrigues :


"Edinho Lobão na conjuntura


É impossível discordar de Edison Lobão Filho, o Edinho, quando ele afirma que o bombardeio que lhe fazem na “mídia nacional”, com munição de episódios transcorridos há mais de 10 anos, tem a ver com a nomeação do pai dele para o poderoso Ministério das Minas e Energia. 
Primeiro por ser natural que a imprensa saia em busca do passado dos ministros tão logo são cogitados ou anunciados. Segundo porque nunca falta, nessas horas, quem desencave denúncias e faça chover documentos, quase sempre porque deseja substituir o ministro por outro que mais lhe convenha ou pelo menos constrangê-lo a comportar-se dessa ou daquela maneira. 
Contra o ministro Edison Lobão praticamente não há nada. Quando governador (1991-94), como sucede a todos, foi criticado por isso e por aquilo, esquemas com empreiteiras e fornecedores, miudezas tradicionais. Nenhum grande escândalo, ao contrário do que ocorreu a Roseana Sarney, José Reinaldo Tavares e ao recém-chegado Jackson Lago. 
Acrescente-se que Lobão, ao contrário dos sucessores, interferiu muito pouco na autonomia da Assembléia Legislativa, permitindo a instalação de CPIs que devassaram os setores de Obras e Saúde e até o Judiciário estadual. Nenhum governo maranhense dos últimos 40 anos foi tão tolerante com a oposição.
O mais perto que Lobão chegou dos sucessores, se considerada a repercussão política, foi quando permitiu que o filho adquirisse o controle da Rádio e Televisão Difusora, um negócio até hoje obscuro.
TV dos governadores
O Grupo Difusora pertencera à família do deputado Magno Bacellar, cujos negócios levaram a breca quando tentou eleger-se senador em 1986 (perdeu para Edison Lobão). Endividado, Bacellar transferiu seu patrimônio para o deputado Chico Coelho, testa-de-ferro do governador Luiz Rocha (1983-86), e para os empresários William Nagem e Fernando Sarney, este último sócio oculto. Da transação participaram a construtora Constran — empreiteira da avenida Litorânea, em São Luís, no governo Rocha — e o Banco Itamaraty, ambos pertencentes ao empresário Olacy de Moraes, na época o “rei da soja” e das parcerias público-privadas.
Rocha diria mais tarde que Chico Coelho o “traiu” ao vender as emissoras ao governador Epitácio Cafeteira (1987-90). Cafeteira não mostrou a cara, com deixando que William Nagem e um filho continuassem como donos ostensivos. 
Com Lobão assumindo o governo em 1991, Edinho entrou na parada e adquiriu as emissoras, com William Nagem e tudo. Negócio financiado pelo Banco Real, da seguinte maneira: “A TV Difusora foi adquirida através de um empréstimo, em que foi dado como garantia a própria Difusora”, declarou Edinho numa entrevista em 28/8/92. Simples assim.

Fatos e versões

Quando o pai era governador, Edinho foi chamado pelos detratores de “Edinho 30”, numa sugestão de que cobrava comissão de empreiteiros e fornecedores do Estado. Ninguém sabe quem lhe pôs o apelido, mas até Fernando Sarney figura entre os suspeitos, segundo o desconfiável Jornal Pequeno. Na época (o recente 2006),o JP estava tomado de amores pelo dono da Difusora. 
O próprio Edinho mencionou a alcunha numa entrevista à Difusora 26/2/94: “Esses políticos medíocres vão chamar de ladrão, vão dizer que eu sou o Edinho 30. Podem chamar à vontade”. Força de expressão, está claro. Ele detesta essa maledicência, alias jamais comprovada.
Provado mesmo é o tom ao mesmo tempo arrogante e confuso com que rebate as acusações que periodicamente lhe são feitas. 
É o caso das atuais suspeitas (na verdade requentadas de 1998, com acréscimos documentais relevantes) de que teria usado laranjas para enganar a Receita estadual. Ele nega com veemência, mas sua pretensão de encerrar o assunto sapecando meia dúzia de palavras não resiste ao exame menos rigoroso.
Sirva de exemplo a estranha entrevista publicada hoje no Estado do Maranhão , com manchete de primeira página: “Edinho refuta denúncia e vai assumir Senado”. É pouco mais uma fraude. 
Começa que não foi concedida ao Estado, e sim à Folha de S.Paulo, e é sempre muito estranho que uma coisa assim vire manchete, quando o jornal tem acesso direto e fácil ao personagem. Termina que é uma estrevista bem fraquinha, com perguntas mal situadas e respostas atravessadas. Que acabam reforçando as suspeitas.
O Estado nada esclarece, mas o que há contra Edinho (até mesmo em denúncia do Ministério Público) pode ser resumido assim:
1) Nos anos 90 ele tornou-se parceiro comercial dos irmãos Marco Antônio e Marco Aurélio Pires Costa, donos da Itumar, distribuidora da cerveja Schincariol em São Luís. O próprio Edinho informa que a Itumar era “propriedade” dos irmãos, embora estivesse formalmente “em nome da mãe deles”. O Ministério Público suspeita que Edinho tornou-se sócio oculto da empresa também.
2) Edinho e os irmãos Costa fundaram uma empresa chamada Bemar, que compartilharia o endereço da Itumar, para “distribuidor cerveja no interior do Maranhão”. Edinho sócio ostensivo, com 50% das cotas. A outra metade ficou em nome da mulher de Marco Antônio, Maria Luiza Almeida, e da sogra de Marco Aurélio, que obviamente “representavam” os dois irmãos. Rompida com o marido, de quem cobra indenização milionária na Justiça, Maria Luiza afirma que a Bemar era apenas um biombo para ocultar ações ilegais da Itumar, especialmente sonegação de impostos.
3) Em 1998 (governo Roseana), a Polícia Civil e a Auditoria Geral do Estado descobriram um esquema de fraude nos computadores da Receita estadual, com cerca de 200 empresas beneficiárias. A Itumar “de Edinho Lobão”, segundo era voz corrente, encabeçava a lista. Mil boatos e recolhimentos depois, o processo foi a 
4) Pouco depois, Edinho saiu da sociedade Bemar, transferindo suas cotas para a sogra de Marco Aurélio e para uma empregada de Maria Luiza, mulher de Marco Antônio. Segundo Edinho, em carta eletrônica ao jornalista, foi Marco Antônio quem lhe indicou Maria Lúcia Martins, a empregada, como laranja, sem que Edinho soubesse de quem se tratava. Segundo o advogado de Marco Antônio, José Antônio Almeida, Maria Lúcia entrou como laranja de Maria Luiza, já na época em litígio matrimonial com Marco Antônio. Segundo Maria Luiza, tudo foi combinado às claras entre Marco Antônio e Edinho. Marco Antônio assume a responsabilidade e isenta Edinho.
4) A versão de José Antônio Almeida parece a mais insustentável de todas. A prova de que Maria Lúcia era laranja de Marco Antônio (ou pelo menos também de Marco Antônio) é que ele e o irmão continuaram operando a empresa, mediante procurações. Marco Aurélio, com procuração da sogra. Marco Antônio, de Maria Lúcia.
5) Complicador: a Polícia Federal verificou que é falsa a assinatura de Maria Lúcia tanto no contrato de transferência das cotas (de Edinho), quanto na procuração passada a Marco Antônio. 
Mais: o laudo aponta como falsificador Neuton Barjona Lobão, tio de Edinho. Mais ainda: Neuton encarregou-se era uma espécie de “gerente financeiro” tanto da Itumar quanto da Bemar, empresas, segundo Edinho, que nada tinham a ver uma com a outra.
6) Edinho considera-se protegido por uma declaração escrita — guardada no cofre da Difusora — em que Marco Antônio “assume todo o passivo fiscal, trabalhista, criminal, civil, em relação à Bemar”, segundo disse à Folha. Grifei criminal para ressaltar o absurdo. Ninguém pode livrar-se da lei penal transferindo seu crime a outrem, ainda que um amigo esteja disposto a “assumi-lo”.

Risco de insolação 

Aconselhado a desistir do Senado — até para não prejudicar a acomodação do pai num ministério cobiçado por tantos e alvo do rancor dos ex-correligionários de Lobão no DEM —, Edinho reage garantindo que assume, sim, e, segundo algumas fontes, que permanece no exercício do mandato para o que der e vier. 
A hipótese mais provável, entretanto, é que ele assuma apenas para garantir a vaga e em seguida peça alguns meses de licença para melhor dedicar-se à demonstração de sua inocência. O segundo suplente, Remi Ribeiro (PMDB), também tem problemas, mas nada de muito grave: apenas uma denúncia de peculato que já prescreveu e outra de “estupro presumido”, jamais comprovada e aparentemente sem base. Dá para agüentar.
Resta saber se uma simples licença fará cessar a artilharia inimiga ou se a vida empresarial do 1o suplente continuará sob exame constante e implacável. A despeito de sua ousadia e das reservas de melanina que possa ter, Edinho pode acabar concluindo que a exposição excessiva à luz do sol não lhe faz bem".

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