Morar
na Índia me fez compreender que a minoria branca do mundo passou
séculos nos enganando para que acreditássemos que a pele branca faz uma
pessoa superior a outra. Mas na verdade a pele branca só é mais
suscetível aos raios ultravioleta e propensa a rugas.
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Freud me deixou igualmente cética quanto à inveja do pênis. O poder de
dar à luz faz a “inveja do útero” mais lógica e um órgão tão externo e
desprotegido como o pênis deixa os homens extremamente vulneráveis. Mas
ao ouvir recentemente uma mulher descrever a chegada inesperada de sua
menstruação (uma mancha vermelha se espalhara em seu vestido enquanto
ela discutia, inflamada, num palco) eu ainda ranjo os dentes de
constrangimento. Isto é, até ela explicar que quando foi informada aos
sussurros deste acontecimento óbvio, ela dissera a uma platéia 100%
masculina: “Vocês deveriam estar orgulhosos de ter uma mulher menstruada
em seu palco. É provavelmente a primeira coisa real que acontece com
vocês em muitos anos!”
Risos.
Alívio. Ela transformara o negativo em positivo. E de alguma forma sua
história se misturou à Índia e a Freud para me fazer compreender
finalmente o poder do pensamento positivo. Tudo o que for característico
de um grupo “superior” será sempre usado como justificativa para sua
superioridade e tudo o que for característico de um grupo “inferior”
será usado para justificar suas provações.
Enviado por Eri Santos Castro.
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