Reproduzido do Diário de S.Paulo, 18/9/2011; título original “Fenômeno solar”, intertítulos
Para ganhar notoriedade deveria ter um codinome, talvez sigla (algo
como ADM, Agenda Diária Mundial) e, para ostentar respeitabilidade
adotar uma palavra da antiguidade clássica, soa sábia. Speculum,
do latim, viria a calhar: o espelho, amigo-algoz, é na verdade uma
compulsão que nos obriga a especular sobre as transcendências
cotidianas.
No espelho do noticiário, abarrotado com premências, acumulam-se contradições, confusões, mistificações e simploriedades. No país, o combate à corrupção parece prioritário, a presidente Dilma Rousseff acumula pontos ao completar a marca de quatro ministros demitidos por improbidade nos seus 285 dias de governo. Mas a demissão é um castigo volátil sujeito a uma rápida diluição, só funciona nas rememorações, no âmbito do Google e demais buscadores de dados.
Antônio Palocci está hoje confortavelmente instalado na galeria dos esquecidos, assim também Alfredo Nascimento e Wagner Rossi aos quais se juntará dentro de dias o “turista” Pedro Novais. Se demitir mais três até o fim do ano – o que seria plenamente justificável – a presidente-faxineira não terá neutralizado substancialmente a imoralidade instalada na máquina pública. Enquanto o senador José Sarney se mantiver como vice-rei de uma República cada vez menos republicana, o Estado continuará administrado pela inépcia e pelo despudor.
Sugestão de pauta: Igor Lago.
Por Alberto Dines.
No espelho do noticiário, abarrotado com premências, acumulam-se contradições, confusões, mistificações e simploriedades. No país, o combate à corrupção parece prioritário, a presidente Dilma Rousseff acumula pontos ao completar a marca de quatro ministros demitidos por improbidade nos seus 285 dias de governo. Mas a demissão é um castigo volátil sujeito a uma rápida diluição, só funciona nas rememorações, no âmbito do Google e demais buscadores de dados.
Antônio Palocci está hoje confortavelmente instalado na galeria dos esquecidos, assim também Alfredo Nascimento e Wagner Rossi aos quais se juntará dentro de dias o “turista” Pedro Novais. Se demitir mais três até o fim do ano – o que seria plenamente justificável – a presidente-faxineira não terá neutralizado substancialmente a imoralidade instalada na máquina pública. Enquanto o senador José Sarney se mantiver como vice-rei de uma República cada vez menos republicana, o Estado continuará administrado pela inépcia e pelo despudor.
Sugestão de pauta: Igor Lago.
Por Alberto Dines.
Editado por Eri Santos Castro.
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