Da série leitura obrigatória
Lula podia evitar a corrupção, e não quis, e Dilma quer, mas não pode. Os oito anos de leniência praticada pelo ex-presidente rendem agora frutos no governo Dilma. Querer, ela quer, mas não está podendo, ao menos como desejaria. Insurgem-se os partidos da base parlamentar oficial, com o PMDB à frente, chantageando o palácio do Planalto com greves na Câmara e ameaças à governabilidade.
Quem abriu as portas para o partido que outrora derrubou a ditadura e agora derruba a ética? Com todo o respeito, foi o próprio Lula. Aceitou, ou melhor, estabeleceu as regras do jogo, permitindo que os partidos que o apoiavam ocupassem fatias da administração federal como se fossem capitanias hereditárias.
Por isso, em vez de dispensar Wagner Rossi do ministério da Agricultura, a presidente da República obriga-se a renovar-lhe confiança e prestígio. Com o ministro do Turismo é só um pouquinho diferente: a lambança agigantou-se quando a pasta era administrada pelo PT e estendeu-se ainda mais ao ser entregue ao PMDB. Pedro Novais tem atrás dele José Sarney, como Wagner Rossi dispõe do vice-presidente Michel Temer. Fazer o quê, no caso de Dilma Rousseff?
Afinal, o ministério foi-lhe em grande parte imposto, pelo Lula ou pelos partidos que respaldam seu mandato. Resta-lhe assistir a imprensa investigando e denunciando, em paralelo aos órgãos de denúncia e investigação, como a Policia Federal, o Ministério Público e a CGU. Entre eles e a presidente existe um contrato não escrito mais ou menos na base do “vocês vão em frente e eu assisto”, mas não parece a solução mais eficaz.
Para fazer tremer os corruptos e limpar a máquina pública seria vital que Dilma se encontrasse à frente das tropas, jamais na retaguarda, como se encontra.
Por Carlos Chagas/Tribuna da Imprensa.
Editado por Eri Santos Castro.
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