20 de jun. de 2011

Para ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, “Governo Berlusconi é o neofascismo italiano”


A decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 8 de junho, pela não extradição e pela libertação de Cesare Battisti pôs um ponto final em um caso estranhamente superdimensionado. Ex-militante de uma organização armada de esquerda pouco expressiva, que realizou ações durante os anos de chumbo na Itália (fim dos anos de 1960 e início dos anos de 1980), Battisti tornou-se obsessão para o atual governo italiano, pivô de uma crise diplomática artificial com o Brasil e objeto de ataques da mídia sensacionalista.

Para o ex-ministro da Justiça – que concedeu status de refugiado político a Battisti em 2009 - e atual governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, o caso precisa ser contextualizado: “O governo Berlusconi é decadente, de direita e é o neofascismo italiano, portanto um governo que, em última instância, tem como trajetória a perseguição de adversários e inimigos políticos para satisfazer a sua vocação repressiva. No caso Battisti, ele buscava um bode expiatório para unificar o governo, trazer a oposição e deixar num segundo plano a sua própria decadência.”

Genro comemorou a prevalência dos entendimentos anteriores do STF que deram refúgio a indivíduos envolvidos em delitos políticos e criticou o tratamento diferenciado do caso Battisti: “Não há nada de novo. Seria novo uma reversão dessa tradição do país, voltando os tempos da lamentável atitude do governo Vargas que entregou Olga Prestes (...) O caso de Zorzi, como muitos outros, não recebeu reclamação da imprensa. No caso Battisti, Berlusconi montou dentro da imprensa um esquema (...) O Brasil foi tratado como colônia”.

Delfo Zorzi, citado por Tarso Genro, é um ex-líder do grupo italiano de extrema-direita Ordine Nuovo, condenado em primeiro grau, e depois absolvido, por um atentado a bomba que matou 17 pessoas e feriu 84 na Praça Fontana, em Milão, em 1969. Fugiu para o Japão em 1974, teve sua extradição rejeitada e ganhou cidadania japonesa. Em 1990, admitiu ter plantado a bomba em Milão.

Por Vinícius Mansur.
Enviado por Eri Santos Castro.
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