Durante a ditadura militar por onde andavam o
senador Sarney e a governadora Roseana Sarney?
Em poucas frases, doutor Ubirajara destila o azedume. Para não revelar o que sabe, alega que está morrendo, vencido por uma moléstia grave. Reclama de um suposto dedo-duro, prometendo “rezar por ele, pela maldade que fez” ao delatar o seu paradeiro. E arremata a conversa com sarcasmo:
- Se alguém atirar em mim, estará me fazendo um favor.
Aos 74 anos, os cinco últimos dedicados a enfrentar um câncer de próstata, o ex-sargento do Exército e advogado Ubirajara Ribeiro de Souza rechaça, agoniado, a chance de revelar um segredo que carrega há quatro décadas: o destino de Carlos Alberto Soares de Freitas, o Beto, amigo e ex-comandante de Dilma Rousseff nos tempos em que a presidente da República era militante da VAR-Palmares, organização da luta armada atuante no início dos anos 1970.
Listas de entidades de direitos humanos apontam o ex-sargento como um dos torturadores do pior porão montado pelo regime militar: a “Casa da Morte”, em Petrópolis.
Por ter sido, como a vítima, jogador de basquete em Belo Horizonte, no início dos anos 1960, Ubirajara teria sido reconhecido por Beto na “Casa da Morte”, aparelho supostamente montado pelo Centro de Informações do Exército (CIE), naquela época, para torturar e eliminar os principais líderes da guerrilha urbana, considerados irrecuperáveis. O comandante da VAR teria sido assassinado ali em 1971.
O episódio da identificação do torturador ficou conhecido por causa do depoimento da única sobrevivente da casa, a também ex-militante da VAR e mineira Inês Etienne Romeu. Em 1980, ela contou à OAB que o sargento-jogador, reconhecido por Beto, usava no cárcere do CIE os codinomes “Zé Grande” ou “Zezão”.
Do blogue da Dilma.
Enviado por Eri Santos Castro.
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