Em entrevista, ex-ativista italiano diz ser perseguido pela Justiça brasileira e diz que extradição pretenderia 'derrotar' Lula
Em sua primeira entrevista desde a decisão que negou sua extradição, ex-ativista italiano Cesare Battisti disse ser "perseguido" pela Justiça brasileira e assinalou que sua eventual extradição à Itália significaria "derrotar" o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de "afetar" o governo da atual presidenta Dilma Rousseff.Lula, em seu último dia de mandato, negou a extradição de Battisti solicitada pela Itália. "Serei uma moeda de troca para muitas coisas. Se Lula tivesse tomado essa decisão antes, todos iam cair em cima dele, porque me derrotar também é derrotar Lula", disse Battisti, em entrevista concedida ao jornal Brasil de Fato.
Battisti, detido no Brasil desde 2007, foi membro do grupo Proletários Armados pelo Comunismo e condenado na Itália a prisão perpetua pelo assassinato de quatro pessoas durante os anos 1970. "Agora, o objetivo principal da direita brasileira, neste caso, é atingir o governo de Dilma", acrescentou Battisti em suas primeiras declarações após ser beneficiado pela decisão de Lula.
Na segunda-feira da semana passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cezar Peluso, admitiu que o tribunal pode rever a decisão do ex-presidente e ordenar a extradição. Depois do recesso, o STF voltará a analisar o caso.
A entrega de Battisti à Itália foi aprovada pelo STF em novembro de 2009, mas a decisão ficou nas mãos de Lula, que no dia 31 de dezembro se manifestou a favor da não extradição. No dia 6 de janeiro, o STF negou o pedido de liberdade condicional para Battisti.
O italiano diz que sua situação o "traumatizou" e disse que precisou de tratamento psiquiátrico, pois cada vez que escuta a palavra "Itália" pensa que é algo com ele e tem "taquicardia". "Criaram um monstro que não tem nada a ver comigo", ressaltou.
Esta semana, o presidente da Itália, Giorgio Napolitano, pediu a Dilma, por meio de uma carta, que Battisti seja extraditado o mais rápido possível. O governo brasileiro não divulgou o conteúdo da carta, mas a imprensa italiana afirmou que Napolitano reiterou a existência de um tratado de extradição bilateral e que o Brasil deve respeitar.
Da Assessoria.
Enviado por Eri Santos Castro.
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