28 de mar. de 2010

Oposição terá dois candidatos para derrotar Roseana Sarney: a onda vermelha de Flávio avança e Jackson aposta em aliança com PSDB



O ex-governador Jackson Lago garante que está “bem de saúde e 
pronto para a luta”
O ex-governador Jackson Lago garante que está “bem de saúde e pronto para a luta”


Depois de passar mais de 40 dias fora do Estado, o ex-governador Jackson Lago (PDT) regressou a São Luís e logo deu início a intensas conversas com lideranças políticas. Aos 75 anos de idade, ele esteve em São Paulo, para tratamento de saúde, e garante que está se sentindo muito bem e disposto para encarar a próxima campanha eleitoral.
 No cenário de articulações políticas no Estado, Jackson Lago revelou ao Jornal Pequeno que já decidiu que buscará, prioritariamente, uma aliança com os tucanos, para impor uma nova derrota ao grupo Sarney: “Tanto o PDT quanto o PSDB têm posições históricas no combate ao sarneysismo. Então, eu acredito que será possível nós celebrarmos uma aliança. Pelo menos, é desejável. Muito desejável. E creio ser possível neste ano o PDT, o PSDB e outros partidos celebrarem uma coligação”, afirmou.      �
 Além da aliança que deseja com o PSDB, Jackson Lago falou ainda sobre a cassação de seu mandato, sobre desdobramentos da ação judicial relacionada à chamada Operação Navalha e disse que não teme a ofensiva do grupo Sarney, na cooptação de lideranças, e sobretudo de prefeitos ligados à oposição. Leia abaixo a íntegra da entrevista:
Jornal Pequeno – O senhor regressou a São Luís, depois de quase dois meses fora do Estado, dizendo que passou por um longo período de reflexões. Que reflexões foram estas?
 Jackson Lago
– O que aconteceu comigo foi que num período tão longo assim, fora do dia a dia, da rotina, do contato com os companheiros e com os adversários, foi realmente possível, sem dúvida, refletir bastante sobre a realidade do nosso Estado, sobre a situação atual, sobre o nosso afastamento do governo, sobre ações que talvez deveríamos ter praticado no sentido de oferecer uma reação mais intensa ao golpe judiciário que infelizmente aconteceu.
 JP – Agora, ao seu modo de ver, o que aconteceu, ou seja, a cassação de seu mandato, poderia ter sido evitada?
Lago
– Como falei, refleti bastante sobre isto. E nestas reflexões nós compreendemos a gravidade daquela decisão, e compreendemos que aquele golpe judiciário sobre a vida pública do Estado é maior do que se possa imaginar. O que ocorreu não foi o simples afastamento de um governador eleito pelo voto popular, mas foi um fato que traduz o grande poder do grupo dominante a nível de Estado e a nível nacional.�
Traduz o inconformismo deste grupo dominante em aceitar a alternância de poder. E o mais grave é que mostra que este grupo dominante tem acesso a importantes decisões a nível nacional.  De forma que, dentro desta realidade, nós entendemos que o mínimo que nós temos que fazer é criar as condições físicas, procurando restaurar a saúde, e procurar buscar as condições políticas e eleitorais, para oferecer o nosso nome ao povo do Maranhão, para que ele possa efetivamente fazer um julgamento do que representou para ele a anulação pelos poderes da República de mais de um milhão e 300 mil votos populares.
JP – O senhor já está então criando as condições para sair novamente candidato a governador?
Lago
– Nós entendemos que, dentro desta linha, é nosso dever procurar criar as condições físicas, políticas e eleitorais para que a população tenha uma oportunidade de expressar como ela viu esse golpe, como ela viu a usurpação de sua vontade e, dentro desta linha, nós temos de concluir que esta eleição não será apenas mais uma eleição. Ela será também uma eleição questionadora. Será questionadora de decisões judiciais que desconsideram a vontade popular.    �
JP – Tem havido muitas especulações e comentários de que o senhor estaria doente. Afinal, qual o problema de saúde que o senhor enfrenta?
Lago
– Na realidade, eu venho tratando de um tumor de próstata, há vários anos.  E felizmente o tratamento está sendo bem conduzido. Parece que Deus me reservou uma vida longa, de forma que nós acreditamos que vamos ter saúde não apenas para lutar, como também para trabalhar pelo nosso Estado.
 JP – Em relação à saúde, então, o senhor se sente tranqüilo?
 Lago
– Sim, estou tranqüilo e eu me sinto fisicamente em condições de lutar e com a consciência de ser o meu dever percorrer o Estado, ouvir a população, com ela construir um programa de governo, mas também juntamente com ela refletir sobre o golpe judiciário que afetou a vontade expressa por mais de um milhão e 300 mil votos.
JP – Como o senhor avalia o atual cenário, considerando as pré-candidaturas da governadora Roseana Sarney e do deputado federal Flávio Dino?
Lago
– Na realidade, o Maranhão, à época das eleições, sempre teve vários candidatos ao governo. A minha visão pessoal é que, considerando a realidade de dominação prolongada em nosso Estado, o ideal seria que houvesse um plebiscito já no primeiro turno. Mas isso não depende da minha vontade. Depende do desejo, da ótica e da maneira de ver dos diferentes partidos.
Fui candidato a governador em 1994, sem maiores condições de competitividade, mas para poder fazer o meu partido avançar. Isto faz parte da construção do processo democrático que vem se arrastando há algum tempo em nosso país. Então eu vejo com muita naturalidade as candidaturas que estão aí postas.
JP – O que existe de verdade nas informações de que o senhor estaria tendo frequentes conversas com o PSDB, e até mesmo com lideranças nacionais deste partido?
Lago
– Na realidade, eu fui procurado e conversei com o presidente nacional do PSDB, até porque eu também sou vice-presidente nacional do PDT. Então é natural que os dirigentes partidários conversem entre si. E no Maranhão há uma característica muito especial: há um sentimento de que o grupo dominante, aliado ao poder nacional, nos cassou o mandato. Então há muita expectativa no sentido de que boa parte da população não acredita que possamos estar nos mesmos palanques. PSDB é um partido grande aqui no Maranhão, assim como o PDT também é um partido grande. Nós sempre tivemos muita proximidade. Então, nós esperamos ter uma coligação com o PSDB.
JP – E como ficaria uma provável aliança com o PT?
 Lago
– O PT sempre foi um partido companheiro. Tem objetivos bem próximos e estivemos sempre juntos. Mas o PT neste momento está dividido, entre uma candidatura que quer arrastá-lo – a candidatura do grupo dominante – e uma outra candidatura. De forma que os petistas simpatizantes da nossa candidatura não tiveram o percentual necessário para oferecer o nosso nome para uma disputa formal interna, dentro do PT. De forma que neste final de semana o PT vai tomar uma decisão que, creio, será importante para a vida pública do Estado. Nós não temos dúvida nenhuma de que importantes lideranças e bases do PT nos apóiam e votam conosco. Mas formalmente o partido, nesta eleição, não estará nos apoiando, como também não nos apoiou no primeiro turno da eleição passada. Apoiou o ministro Vidigal e no segundo turno marchamos todos juntos.�
 JP – Como o senhor avalia a cooptação de prefeitos e outras lideranças da oposição que o grupo Sarney vem fazendo, especialmente nas cidades do interior do Estado?
 Lago
– Neste aspecto, é importante lembrar que nós disputamos a eleição de 1994 com o apoio de dois prefeitos: Isaac Dias, em São Bento, e Chico Leitoa, em Timon. E obtivemos 20% dos votos do Estado. Na eleição de 2002, nós tivemos o apoio de mais ou menos meia dúzia de prefeitos; e obtivemos 42% dos votos do Estado. O importante é que o povo é sábio e sabe o que fazer, na hora da decisão. Então, a cooptação de lideranças políticas não é decisiva, para ganhar a eleição.
 JP – Qual a análise que o senhor faz do cenário para a disputa das duas vagas ao Senado? O senhor apoiará o ex-governador José Reinaldo?
Lago
– Eu vejo que a oposição tem grandes nomes para indicar para as duas vagas do Senado. Tem o ex-governador José Reinaldo, que já manifestou o desejo de concorrer a uma dessas vagas. E há outros nomes, como o ministro Edson Vidigal, que disputou o governo, na eleição passada. Há informações de que o deputado Roberto Rocha também gostaria de oferecer o seu nome para concorrer ao Senado. Ou seja, há muitos nomes importantes na oposição maranhense.   �
JP – Em relação ao Governo do Estado, o senhor acredita então que será uma eleição plebiscitária?
Lago
– Na eleição passada, nós tivemos a oportunidade de ver o plebiscito que aconteceu no segundo turno e a população dizendo não a este grupo.  No entanto, este grupo, nas últimas décadas, ou como sempre, vem mostrando um grande apego nas estruturas nacionais, nos órgãos federais, no poder público federal. Então nós tivemos a experiência, na eleição passada de que derrotá-los aqui localmente foi muito importante. Mas eles não diminuíram o poder que têm a nível nacional e conseguiram recuperar o Governo do Estado, através de um golpe judiciário. Então, para que o Maranhão fique livre dos métodos impostos por este grupo, é importante que haja mudança a nível estadual e a nível nacional.  �
JP – Mas com a tendência do lançamento de outras candidaturas ao governo, como a do deputado Flávio Dino, por exemplo, como vai ser possível a unidade das forças de oposição?
Lago
– O segundo turno sempre propicia isto. Naquela primeira eleição que resultou na posse da senhora Roseana Sarney, todos sabem que o Cafeteira ganhou aquela eleição, porque no segundo turno todos se uniram em torno do Cafeteira.  Então, quem tem a mesma visão do Estado, e que está em partidos diferentes ou em posições diferentes, no primeiro turno, se une no segundo turno.
JP – Qual a sua impressão sobre a pré-candidatura de Flávio Dino ao Governo do Estado?
Lago
– Eu acho que é uma candidatura importante.  É um jovem político. Eu creio que se começa é assim.  Eu mesmo, em 1994, fui candidato ao Governo do Estado. Então eu acho que é legítimo e importante que surjam nomes na política do Estado e espero que se consolidem  através do tempo como lideranças realmente comprometidas com as mudanças que o Maranhão necessita.  �
JP – Em relação ao julgamento da ação relacionada à Operação Navalha, qual é a sua expectativa?
Lago
– Estou absolutamente tranqüilo. Contra mim não tem nada. Nunca meu nome foi citado e nem há qualquer referência. Não conheço os dirigentes da Gautama, nunca os vi, nunca os cumprimentei, nunca fiz nenhum contrato com eles. De forma que isto não passou de uma manobra daqueles que têm acesso a decisões de estruturas públicas federais.
Do Blogue do Manuelzinho (JP)
Enviado por Eri Santos Castro.

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