O governador deposto Jackson Lago tem energia que faz inveja a todos nós. Ele faz da inteligência para esses momentos de enfrentamento amazônico, um cultivo permanente da reflexão como elemento de superação. A humildade que lhe é peculiar lhe conduz ao auto conhecimento de sua bravura. Neste artigo ele decreta pra si próprio a sua missão: persistir no caminho e vencer!
Persistir no caminho
Na última segunda-feira, importantes lideranças de oposição reuniram-se na Assembléia Legislativa, praticamente um mês após a posse da senhora Roseana Sarney Murad, beneficiária do golpe legal desferido pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Os debates ocorridos no encontro oposicionista tiveram como centro questões como as dificuldades por que passa expressiva parcela da população maranhense, residente nos municípios afetados pelas cheias dos numerosos rios que cortam o Estado; a insensibilidade da governadora ilegítima em relação às vítimas das enchentes, cuja situação é agravada pela omissão do governo estadual e pelo confisco de recursos municipais determinado pela governadora no momento de maior aflição para os municípios.
Um terceiro assunto também mereceu especial atenção dos líderes da oposição maranhense: a necessidade de se persistir no caminho da unidade, já testado em 2006 e 2008, e que abriu as portas para as vitórias eleitorais sobre a oligarquia nessas duas oportunidades.
A vitória das forças democráticas pela via eleitoral foi incontestável em 2006, mas em 2008 foi de tal forma profunda, que as forças da Frente de Libertação atingiram êxito em dois terços (2/3) dos municípios do Estado. Nessa situação, o único caminho enxergado pela oligarquia para retomar o controle do Estado foi o do golpe judicial.
Chegando de forma enviesada ao governo estadual, a senhora Sarney Murad vem encontrando dificuldades para fazer a roda da História girar para trás, na tentativa de restabelecer as relações de poder existente em suas administrações.
O desprezo pelos prefeitos e pelos chefes políticos continua o mesmo, como o demonstram a subtração dos recursos municipais e a forma autoritária como está sendo feita a distribuição dos auxílios aos atingidos pelas cheias.
No entanto, o ambiente político construído nos últimos anos faz com que a atitude de prefeitos e lideranças interioranas seja bem diferente. Ao lado de uma aparente submissão, há uma crescente onda de inconformismo, talvez reflexo do ambiente que chefes de Executivo municipal e lideranças políticas sentem em seus municípios em relação ao atual governo.
É necessário, portanto, que a reunião da última segunda-feira seja encarada apenas como o marco inicial de um gigantesco movimento de massas que restabeleça o fio da História e faça o Maranhão se reencontrar com seu destino democrático e progressista. Nesse movimento, haveremos de analisar as debilidades do governo deposto, mas também precisaremos divulgar e defender as suas realizações positivas.
O governo da Frente foi cassado injustamente não em razão de seus erros, mas em função de seus acertos. A oligarquia temia que acontecesse no nível do Estado o que já havia ocorrido em São Luís: na capital, desde o restabelecimento da eleição direta, nunca o poder oligárquico conseguiu eleger um prefeito. O sinal vermelho para o grupo Sarney acendeu com a vitória da Frente nas eleições de 2008: enquanto o PMDB crescia no nível nacional, aqui ele minguava, não alcançando sequer a metade das prefeituras que antes dominava.
O governo atual, sem realizações, quer ludibriar a opinião pública preenchendo os espaços nos meios de comunicação com denúncias forjadas e vazias. Falta-lhe, porém, legitimidade e base popular. A unidade oposicionista e popular varrerá de vez esse entulho no ano que vem.
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