Os pessimistas me aborrecem. Acham que nada pode mudar e que tudo é dado de antemão. Fazem do medo de viver um espetáculo de coragem. Vivem de mal com a vida. Estão sempre em posição de descanso. Não olham para a frente. São homens e mulheres de retrovisor.E quando combatem é à semelhança de Quixote, vivem lutando contra moinhos de vento.
Faltam-lhes criatividade, atrevimento, e disposição de ir além do óbvio. Eis as qualidades de um bom jornalismo.
O que é côncavo de um lado aparece convexo do outro. Depende só do nosso ângulo de visão. Como lembrou alguém, muitas vezes um defeito é apenas a sombra projetada por uma virtude.
Os pessimistas padecem da síndrome das sombras. São incapazes de ver o outro lado: o da virtude.
Algumas críticas ao jornalismo, amargas e corrosivas, têm a garra do pessimismo . Irritam-se, alguns, com a modernização da mídia e vislumbram interesses espúrios no sucesso empresarial. Ganhar dinheiro com informação não é um delito. Estou cansado de repetir. É um dever ético. O lucro legítimo decorre da credibilidade, da qualidade do produto. E a qualidade é o outro nome da ética.
A ética informativa não é um dique, mas um canal de irrigação. A paixão pela verdade, o respeito à dignidade humana, a luta contra o sensacionalismo, a defesa dos valores, enfim, representam uma atitude eminentemente afirmativa.A ética, ao contrário do que gostariam os defensores de um moralismo piegas, não é um freio às justas aspirações de crescimento dos proventos mensais dos profissionais da notícia. Suas balizas, corretamente entendidas, são a mola propulsora do crescimento das empresas de comunicação.O jornalismo de escândalo, ancorado num provincianismo aético, é cada vez mais questionado. O que é também repugnante é a existência da informalidade da remuneração nesse setor( 'jabá' ou coisa semenhante) .O jornalismo maranhense tem que assumir a sua profissionalização, não obstante a fragilidade de suas empresas, que sem o poder público não sobreviveriam.
Os jornalistas, num estado dominado por esquemas cartoriais, assumem significativa parcela de responsabilidade no próprio desenvolvimento do estado, na medida em que criam uma áurea para novos investimentos.Por exemplo: o caso da nossa refinaria que não podemos perdê-la, para tanto cabe um acompanhamento sistemático.
Os pessimistas, no entanto, querem que as coisas mudem pela ação dos outros. Esquecem que a democracia não é compatível com a omissão rançosa. A profissionalização do jornalismo no Maranhão não está nas mãos da justiça, senão dos próprios jornalistas.
Os jornais estão cada vez mais parecidos e sem graça. A “mcdonaldização” dos jornais é um risco que convém evitar. A crescente exploração do entretenimento em prejuízo da informação de qualidade tem frustrado inúmeros consumidores de jornais. O público-alvo da mídia impressa não se satisfaz com o hambúrguer jornalístico. Trata-se de uma fatia qualificada do mercado. Quer informação aprofundada, analítica, precisa e confiável.É preciso investir na leveza formal. Sem dúvida. O recurso à infografia, o investimento em didatismo e a valorização da fotografia (o arrevistamento das primeiras páginas ) são, entre outras, algumas das alternativas.
Mas nada disso, nada mesmo, supera a qualidade do conteúdo. É aí que se trava a verdadeira batalha. Só um produto consistente tem a marca da permanência. Qualidade editorial e credibilidade são, em todo o mundo, a única fórmula para atrair novos leitores e anunciantes.O jornal The New York Times sabe disso como nenhum outro. ... ao visitar a fabulosa casa nova da “velha dama cinzenta”, em Times Square, ouvi, mais uma vez, a receita do sucesso: “Produzir jornalismo de qualidade e matérias sérias de maneira mais atraente.” Qualidade e bom humor. É isso.Outro detalhe: os jornalistas precisam escrever para os leitores. É preciso superar a mentalidade de gueto, que transforma o jornalismo num exercício de arrogância.
Muitos jornalistas dialogam somente com o senso comum. O leitor é considerado um estorvo ou um chato.O jornal precisa moldar o seu conceito de informação, ajustando-o às necessidades da construção de um estado de homens e mulheres livres e que ganham em funçao do seu trabalho.
Outro detalhe importante, sobretudo em épocas de envelhecimento demográfico: a tipologia empregada pelos jornais tem de levar em conta os problemas visuais dos seus consumidores. Falando claramente: os jornais precisam trabalhar com letras grandes.Apostar em boas pautas (não muitas, mas relevantes) é outra saída. É melhor cobrir magnificamente alguns temas do que atirar em todas as direções. O leitor pede, em todas as pesquisas, reportagem.
Quando jornalistas, entrincheirados e hipnotizados pelas telas dos computadores, não saem à luta, as redações se convertem em centros de informação pasteurizada. O lugar do repórter é a rua, garimpando a informação, prestando serviço ao leitor e contando boas histórias. Elas existem. Estão em cada esquina das nossas cidades. É só procurar.O jornalismo moderno, mais do que qualquer outra atividade humana, reclama rigor, curiosidade, ética e paixão. É isso que faz a diferença.
Por insistência de RL: Uma abordagem de Carlos Alberto de Franco(Doutor em comunicação pela Universidade de Navarra) e titulação e ambientação nossa.
P.S. Aplaudo a consolidação dos blogues como alternativa de comunicação. No MA temos excelentes, saúdo o mais recente: blog do Robert Lobato, no Jornal Pequeno.