25 de jul. de 2009

Sarney cometeu 10 erros imperduáveis



O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), cometeu dez erros imperdoáveis para um líder. Da falta de visão ao erro na construção de alianças, o ex-presidente da República menosprezou as circunstâncias e corre o risco de perder o cargo, deixando seu terceiro mandato à frente do Senado pela porta dos fundos. Esta é a análise que a comentarista política Dora Kramer fez da situação de Sarney durante sua palestra no 10º Encontro Latino-Americano de Líderes, evento realizado neste sábado e domingo em São Paulo e que tem o Terra como um dos patrocinadores.

Sarney tem sofrido pressões para deixar o cargo desde que começou a ser envolvido em uma série de denúncias. Ele é acusado de contratar parentes e aliados através dos chamados atos secretos - decisões do Senado que não foram oficialmente publicadas -, além de ter indicado para o cargo o ex-diretor-geral da Casa acusado de comandar a edição desses atos, Agaciel Maia. Além disso, Sarney teria ocultado da Justiça Eleitoral uma mansão milionária em Brasília e é acusado de favorecer seu neto para negociar empréstimos consignados de servidores da Casa.

Tomando o caso Sarney como exemplo de como um líder não deve se comportar, a jornalista listou dez erros cometidos pelo político para alertar os empresários presentes ao evento:

1 - Um líder sabe a hora de parar
Segundo Dora Kramer, Sarney deveria ter evitado assumir pela terceira vez a presidência do Senado, pois já havia conquistado tudo que um político poderia ambicionar no Brasil, inclusive a Presidência da República.

2 - Um líder nunca pode menosprezar os inimigos
Sarney teria ignorado essa regra e conquistou inimigos até mesmo na base aliada que o apoia, simplesmente baseado na ideia de que seu currículo lhe daria plenos poderes para mandar no Senado.

3 - Um líder nunca esquece as circunstâncias
Dora Kramer afirmou que Sarney deveria ter considerado o fato de que o Senado de hoje está conflagrado há oito anos e que não é nem sombra do Senado que ele havia chefiado em outras duas ocasiões.

4 - Um líder sabe pesar perdas e ganhos
O atual presidente do Senado falhou nessa percepção, diz a comentarista, pois só pensou no lado bom de ser o chefe da Casa, sem pensar nos imensos desafios que teria, às vésperas de completar 80 anos de idade.

5 - Um líder não abusa da autoconfiança
Para Dora, Sarney pensou que desfrutaria de unanimidade no Congresso somente por sua biografia, de mais de 50 anos de vida pública.

6 - Um líder não abusa da esperteza
Segundo Dora, Sarney exagerou no uso da máquina pública.

7 - Um líder não põe seu destino nas mãos de outros
Para a comentarista, Sarney deu ao colega Renan Calheiros (PMDB-AL) a oportunidade de este voltar à cena política em troca de apoio às suas manobras no Senado. Com os escândalos, cada um irá para seu lado e Sarney, por seu cargo, sairá mais chamuscado.

8 - Um líder não afronta o bom senso
Dora analisa que Sarney não deveria ter aceito a presidência do Senado num momento em que seu partido, o PMDB, já chefiava a Câmara, seis ministérios e dezenas de organismos estatais de grande porte.

9 - Um líder junta pragmatismo e ética
Dora argumenta que Sarney não levou em conta a segunda parte desta união.

10 - Um líder sempre prefere a intuição à ambição
Para a analista, Sarney sabia dos riscos de reassumir o Senado e mesmo assim deixou a ambição falar mais alto. Agora, sua biografia será prejudicada.

Para Dora Kramer, com o aumento do número de denúncias contra ele, Sarney não tem mais possibilidades de optar pela renúncia como saída honrosa, conforme poderia ter feito há algum tempo. Em sua análise, a jornalista considera que o presidente do Senado será retirado do cargo em algum momento antes do fim do mandato.
Por Daniel Mendes.
Postado por :Eri Santos Castro.

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