A
eleição para governador no Maranhão está em meio a uma reviravolta.
Aposta da governadora Roseana Sarney (PMDB) para sucedê-la, o
ex-secretário estadual de Infraestrutura, Luís Fernando Silva (PMDB),
desistiu nesta segunda-feira de participar da disputa. Quem deverá
substituí-lo é o senador Lobão Filho (PMDB), que exerce o mandato no
lugar do pai, o ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB).
Lobão Filho, de 49 anos, recupera-se de
uma cirurgia de hérnia de hiato, que duraria apenas duas horas e acabou
levando dez horas, depois que os médicos descobriram que seu estômago
estava fundindo-se com o pulmão. O parlamentar fez a cirurgia para não
ter problemas de saúde durante a campanha eleitoral e se preparava para
concorrer ao Senado. Ainda no hospital, recebeu a ligação de Roseana,
lhe informando sobre a desistência de Luís Fernando Silva.
“Foi com surpresa que recebi a ligação
dela, dizendo que todo o grupo político estava indicando o m eu nome. Eu
disse que aceitaria com muito prazer e que iríamos iniciar as conversas
com o grupo político, que é muito grande. E que, havendo consenso,
teria muita honra. Estou preso em casa, me recuperando. Na
segunda-feira, começo a batalha”, contou ao Valor PRO, serviços de
notícias em tempo real do Valor, lembrando que, segundo os médicos, teve
sorte em fazer logo a cirurgia, pois, do contrário, lhe restaria apenas
mais dois ou três meses de vida.
O senador só não é enfático em assumir a
condição de pré-candidato — ao citar a necessidade de conversas com o
grupo político — porque o senador João Alberto (PMDB) também teria
demonstrado interesse em concorrer. “O João Alberto já foi governador,
senador, prefeito, tem imensa experiência política. Tem todo o direito
de ser. Ficarei feliz, se ele for. Se não, preciso da presença dele na
minha campanha”, diz.
Lobão
Filho afirma que um de seus primeiros compromissos, caso eleito, será o
de pôr abaixo o complexo prisional de Pedrinhas, mas “não com os
presidiários dentro”, ressalta. O local foi palco de cenas de barbárie
no início do ano, quando presos mataram e degolaram outros presidiários,
numa crise de segurança que também levou a ataques de postos de polícia
e ônibus queimados.
O senador afirmou não saber as razões da
desistência de Luís Fernando Silva em concorrer ao governo. Mas
reconheceu que fazia parte da estratégia dele ser eleito governador,
indiretamente, pela Assembleia Legislativa, para se tornar mais
conhecido da população, durante um mandato-tampão, e ser reeleito com
mais facilidade em outubro — o que não foi possível.
Ex-prefeito de São José de Ribamar,
Silva iniciou o governo Roseana como secretário da Casa Civil e depois
assumiu a pasta de Infraestrutura numa estratégia para ganhar mais
visibilidade. Passou a inaugurar obras por todo o Estado, com o objetivo
de aumentar as intenções de voto nas pesquisas eleitorais, o que vinha
ocorrendo de maneira muito lenta.
50%
O ex-presidente da Embratur, Flávio Dino
(PCdoB), pré-candidato que foi derrotado por Roseana em 2010, lidera a
corrida para o Palácio dos Leões, com quase 50% das preferências.
O fator mais importante para Luís
Fernando Silva abandonar a disputa, no entanto, foi a decisão da
governadora, anunciada na sexta-feira, de permanecer no cargo até o fim
do mandato e não concorrer ao Senado.
Silva esperava que as duas candidaturas,
em dobradinha, pudessem alavancá-lo. Além disso, contava que a
governadora levasse adiante o projeto de elegê-lo governador indireta e
antecipadamente pela Assembleia. O plano começou a ser posto em prática,
no ano passado, quando o vice-governador, o então petista Washington
Oliveira, foi indicado ao Tribunal de Contas do Estado, numa manobra
criticada pela oposição.
Sem o vice, a ideia era que Roseana se
desincompatibilizasse para concorrer à vaga ao Senado. Isso forçaria a
realização de uma eleição, pelos 42 deputados estaduais, para a escolha
de alguém que assumisse o mandato até o fim do ano. A intenção era que
Luís Fernando Silva fosse o escolhido e disputasse a reeleição em
outubro em condições mais favoráveis, no controle da máquina
administrativa e com maior exposição.
O problema é que o presidente da
Assembleia, Arnaldo Melo (PMDB), também manifestou vontade de concorrer à
eleição indireta e se tornou um obstáculo para os planos de Roseana e
de seu ex-secretário, que saiu do governo na sexta-feira.
Por Cristian Klein | Valor Econômico.
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Enviado por Eri Santos Castro.
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