Algumas pessoas tem a capacidade de influenciar seu tempo mostrar a seus contemporâneos que o mundo é aquilo que foi feito dele, e será aquilo que fizermos dele. O economista Ladislau Dowbor é uma dessas pessoas. Seus trabalhos tem mostrado que o mundo, especialmente o Brasil, não precisa caminhar inexoravelmente para a degradação social e ambiental apenas para satisfazer interesses de uma oligarquia econômica incapaz de avaliar seus atos mesmo em relação a seus próprios negócios.
O Brasil vive um momento especial em sua história, com oportunidades impensáveis ainda no final do século XX. O país que atravessou quase três décadas de ditadura militar, da qual saiu se arrastando em uma economia destruída, jogado em uma hiperinflação e com as estruturas institucionais massacradas está olhando o futuro de forma segura. As possibilidades para o Brasil e para o mundo são inúmeras. As bases sobre as quais esse futuro inovador será construído estão lançadas e o artigo “Brasil: um outro patamar – Propostas de Estratégia, escrito por Ladislau Dowbor, mostra que uma economia baseada em conhecimento, ciência e biotecnologia, focada na construção de uma biocivilização, mas que aproveite todos os diferenciais que o Brasil oferece, é um cenário presente e capaz de lançar a humanidade em um novo projeto civilizatório.
Nos últimos anos o mundo tem experimentado alguns dilemas que precisam ser analisados sob uma ótica mais abrangente e não apenas pelo olhar obtuso de uma economia que prevê o eterno crescimento das empresas, da produção e do consumo, sem levar em conta que os recursos necessários para isso são finitos. Uma citação sempre presente nas falas de Ladislau é sobre um cartaz que viu na entrada de uma universidade: “crescer por crescer é a filosofia da célula cancerígena”. É preciso crescer, mas para incluir um terço da população da Terra que ainda não tem acesso aos bens e serviços que tornaram o desenvolvimento humano tão emocionante. Ter acesso à saúde, à educação, à cultura à alimentação e à habitação. Boa parte dessa população formada por brasileiros.
O texto constata que a presença do Estado não é um estorvo, é um suporte fundamental. A regulação das finanças não implica burocratização, é uma proteção necessária contra a irresponsabilidade. Assegurar melhores salários e direitos aos trabalhadores não é demagogia, é a forma mais simples e direta de gerar demanda e uma conjuntura favorável. Apoiar os mais pobres da sociedade não é assistencialismo, é justiça, bom senso, e dinamiza a economia pela base. Ele mostra que investir nas regiões mais pobres não é um sacrifício, prepara novos equilíbrios ao gerar oportunidades para futuros investimentos. Fazer políticas sociais não é um “bolo” que se divide, pois é o investimento na pessoa que mais gera dinâmicas econômicas, como já analisava Amartya Sen.
Apoiar movimentos sociais não é distribuir benesses, é dar instrumentos de trabalho a organizações que conhecem profundamente a realidade onde estão inseridas, e apresentam flexibilidade e eficiência nas suas áreas específicas. Fazer política ambiental não “atrasa” o progresso, pois muito mais empregos geram as alternativas energéticas e o apoio à policultura familiar, do que extrair petróleo e desmatar para buscar lucros de curto prazo. Manter uma sólida base de impostos, não é “tirar da população”, é assegurar contrapesos indispensáveis para o desenvolvimento equilibrado do país.
As teses defendidas pelo economista Dowbor mostram que o desenvolvimento a partir de uma economia fortemente lastreada em sustentabilidade e em justiça social é, também, um desenvolvimento que garante a perenidade para as empresas e organizações e espraia seus benefícios em relação à diversidade ambiental, cultural e empreendedora.
Leia o artigo Brasil: um outro patamar – Propostas de Estratégias - http://dowbor.org/10agendabrasil.doc
Por Dal Marcondes, matéria originalmente publicada na Envolverde
Enviado por Eri Santos Castro.
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