13 de set. de 2011

8 cientistas que morreram ou se feriram em nome da ciência

Por Tânia Vinhas
Alguns cientistas são tão empenhados na profissão que dão a vida pelas suas descobertas – ok, geralmente eles dão a vida sem querer. Confira a seguir 8 casos que foram importantes para a ciência, mas que, de um jeito ou de outro, tiveram um preço alto a se pagar.
8. Marie Curie – morreu por se expor demais à radiação
O oitavo lugar é bem conhecido, mas não é por isto que não merece ser citado. Em 1898, Marie e seu marido, Pierre, descobriram o elemento químico rádio e a partir daí a cientista decidiu passar o resto da vida pesquisando mais sobre a radiação e estudando a radioterapia.
O problema é que ela se expôs demais à radiação e isto fez com que ela desenvolvesse uma leucemia gravíssima. Marie morreu em 1934, mas entrou para a história: foi a primeira e única pessoa a receber dois prêmios Nobel de Ciência em dois campos diferentes, Química e Física.
 7. Carl Scheele – morreu por causa do costume de provar as suas descobertas
Scheele foi um químico farmacêutico brilhante – descobriu elementos como molibdênio, tungstênio, magnésio, cloro e até oxigênio (ainda que Joseph Pristley tenha divulgado a descoberta primeiro), além de ter desenvolvido um processo parecido com a pasteurização. O problema de Scheele é que todo gênio tem um péssimo hábito e o dele era o de provar suas descobertas. Sim, colocar na boca e experimentar.
O cara chegou a experimentar até cianeto de hidrogênio, substância que, se misturada com água, vira ácido cianídrico. E saliva tem o quê? Pois é. Enfim, ele sobreviveu a essa loucura, mas a sorte não dura para sempre: ele morreu com sintomas de forte intoxicação por mercúrio
6. Elizabeth Ascheim – morta por raio-X
Elizabeth Fleischman Ascheim casou com um médico, o Dr. Woolf, e ambos eram fascinados pela recente descoberta de Wilhelm Conrad Röntgen: a máquina de raio-X. Ela decidiu comprar uma (a primeira de São Francisco), largou o emprego de bibliotecária e começou a estudar esta ciência com afinco.
O problema é que eles sempre testavam a máquina neles mesmos e na época ninguém tinha muita noção das consequências da falta de proteção contra os raios. Resultado: ela morreu em 1905 de câncer, que se desenvolveu rapidamente e com muita força. Coitada!
5. Alexander Bogdanov – acabou se matando com transfusão de sangue
O russo Bogdanov era físico, filósofo, economista, escritor de ficção científica e revolucionário político, mas em 1924 ele resolveu fixar seus estudos em apenas um experimento: a transfusão de sangue feita em busca da eterna juventude (ele curtia ficção científica, né pessoal).
Após 11 transfusões ele declarou que sua calvície havia diminuído e que sua visão havia melhorado. O problema foi que a ciência da transfusão ainda era recente e ninguém pensava em testar o sangue antes de enfiá-lo veia adentro. Em 1928, Bogdanov fez uma transfusão com sangue infectado com malária e tuberculose e não resistiu, morrendo logo depois, com apenas 55 anos. Eterna juventude?
4. Robert Bunsen – ficou cego no laboratório
Qualquer um que prestou o mínimo de atenção nas aulas de laboratório vai lembrar que existe um objeto chamado “Bico de Bunsen” por lá e é deste mesmo Bunsen que estamos falando. O cientista alemão começou a carreira na química orgânica, mas quase morreu duas vezes por envenenamento – arsênico, pra variar. Mas ele não desistiu e continuou com suas experiências por um tempo.
Só que aí, Bunsen perdeu a visão de um olho. Ele acidentalmente causou uma explosão com cianeto de cacodilo e um caco de vidro voou em seu olho direito (não, cacodilo e caco de vidro não foi piada). E foi aí, meu amigo, que ele decidiu trabalhar com química inorgânica e ficou famoso. É, há males que vem para o bem
3. Sir Humphry Davy – péssimo hábito de cheirar suas descobertas
Enquanto Carl Scheele tinha a mania de colocar as descobertas na boca, Humphrey Davy tinha mania de cheirá-las. Pois é, ele tinha o hábito de inalar os gases das suas experiências e por causa disso ele quase morreu várias vezes. Várias. Foram tantos envenenamentos e intoxicações acidentais que o corpo do homem pediu arrego – ele ficou inválido durante os últimos vintes anos de sua vida. Isto sem contar seus olhos, que ficaram com danos permanentes por conta de uma explosão com cloreto de hidrogênio.
E mais: como ele não podia enxergar direito, contratou um ajudante/aprendiz: Michael Faraday (sim, aquele Faraday que descobriu os campos elétricos e magnéticos e inspirou um personagem chato de Lost). Mesmo com o novo ajudante, a maré de azar continuou a pairar sobre Scheele. Houve uma outra explosão causada pelo mesmo motivo e os olhos de Faraday também nunca mais foram os mesmos.
No entanto, vamos combinar que pelo menos para alguma coisa essa mania doida serviu: foi Davy quem descobriu as propriedades anestésicas do óxido nitroso, vulgo “gás hilariante”.
2. Galileu Galilei – mais outro que se cegou
O trabalho de Galileu é exaltado em todos os lugares. O físico, astrônomo, filósofo e matemático foi muito importante para a revolução científica e várias de suas descobertas aconteceram com a ajuda do telescópio refrator que ele mesmo aperfeiçoou. O problema é que de tanto olhar pelo telescópio ele acabou arruinando a própria visão – ou melhor, de tanto olhar para o Sol usando o telescópio sem proteção alguma. Suas retinas não aguentaram o tranco e muitos acreditam que foi por isto que ele ficou praticamente cego nos últimos anos de sua vida.
1. Louis Slotin – morreu por fissão nuclear acidental
causando uma reação imediata. Cientistas que estavam por perto viram um brilho azul diferente e sentiram uma onda de calor. Slotin saiu correndo da sala passando mal e foi levado ao hospital às pressas. O episódio inspirou a criação do personagem Dr. Manhattan, da HQ Watchmen. A diferença é que, na história, o cientista adquiriu habilidades especiais e ficou permanentemente azul. Na vida real, o pesquisador morreu. O cientista foi exposto a uma quantidade de radiação absurda – calcula-se que era como se ele estivesse a menos de 1,5km de distância da explosão da bomba atômica. Foi a partir daí que o laboratório de Los Alamos passou a ter medidas de seguranças bem sérias e a manipulação de tais substâncias passou a ser feita apenas por máquinas, garantindo uma distância respeitável dos cientistas
*Bônus*
Hoje temos DUAS participações especiais na nossa listinha:
- Benjamin Franklin – poderia ter sido o pai da cadeira elétrica
Benjamin Franklin estava tentando eletrocutar um peru quando, sem querer, acabou soltando uma grande descarga elétrica em si mesmo. “O raio foi enorme e fez um barulho tão alto quanto o de uma pistola”, descreveu o cientista. “Foi um experimento de eletricidade que eu desejo que nunca mais se repita!”. Eis um caso em que o cientista se machucou, percebeu o potencial e avisou do seus males na tentativa de fazer um bem à humanidade – mas a humanidade não levou a opinião do cientista a sério e pronto, surgiu a cadeira elétrica.

- Albert Hoffman – descobriu os efeitos do ácido lisérgico… e não se machucou nem um pouco
Em 1943 o cientista suíço Albert Hoffman estava trabalhando no isolamento de princípios ativos presentes em um fungo, pesquisando uma substância que impedisse o sangramento excessivo após o parto. Ele estava analisando o ácido lisérgico quando a substância foi acidentalmente absorvida pela pele e ele precisou parar tudo o que estava fazendo – “senti tontura, distorções visuais… um desejo de rir”, contou Hoffman. E foi aí que a era do LSD começou.
Foi uma descoberta que, ao contrário das outras, não trouxe mal algum ao cara. Hoffman viveu até os 102 anos muito lúcido e morreu de ataque cardíaco!

Por Tânia Vinhas
Saiu- http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/8-cientistas-que-morreram-ou-se-feriram-em-nome-da-ciencia/, via Portal deputado Paulo Pimenta (PT-RS)
Editado por Eri Santos Castro.

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