15 de jun. de 2011

IstoÉ erra no currículo de Gleisi

A revista IstoÉ desta semana apresenta reportagem intitulada 'O casal mais poderoso da República', tratando das vidas pública e privada dos ministros Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, que eu nem estaria ligando se não fosse por um detalhe estampado no canto superior esquerdo do fac símile ao lado, sobre a iniciação política da atual ministra-chefe da Casa Civil na juventude, em 1983: "Filia-se ao PCdoB e é eleita presidente da União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes) e, em seguida, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes)". Para os leitores entenderem o nó da questão repito, a seguir, mensagem que encaminhei à revista em três tópicos porque o espaço só recebia em média 300 caracteres:  

1. O currículo apresentado está incorreto onde diz que Gleisi Hoffmann presidiu a União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (UPES), em 1983, época em que eu presidia a entidade e inclusive fui reeleito no mês de outubro daquele ano, com o apoio dela... 

2. Gleisi exercia a presidência da UMESC (União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas) e fazíamos política estudantil no mesmo bloco, eu era ligado ao PDT e ela desempenhava importante papel junto à tendência "Viração" – vinculada mesmo ao PCdoB...  

3. Só nos dividimos na minha sucessão no 36º Congresso realizado na cidade de Coronel Vivida, em outubro de 1984, quando o candidato situacionista Élio Resende de Oliveira (de Toledo) venceu a chapa opositora, por 26 votos. O nosso grupo ganhou também os congressos seguintes, ocorridos em 1985, 1986 e 1987...
 

MARKETING NEGATIVO 
Outra questão que soou estranha foi a do codinome 'Clara' que Gleisi teria usado para atuar na clandestinidade aos 17 anos, portanto também em 1983, quando não havia qualquer represália às ações partidárias e até o brizolismo força política mais temida pelas elites políticas e que havia sofrido a mais implacável perseguição no período ditatorial  ressurgia livremente sem ser considerado risco pela 'nova ordem'. 
 
A propósito, a presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) naquele período se chamava Clara Araújo, que pertencia à corrente 'Viração', quem sabe tenha vindo daí a inspiração dos camaradas modernos do PCdoB. E foi precisamente ela, a legítima Clara, quem recebeu das mãos do então governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, a devolução do prédio da entidade incendiado por governos ditatoriais, num evento no qual comparecemos juntamente com outras lideranças do movimento estudantil paranaense.  
 
Na época o presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) era Apolinário Rebelo, irmão do deputado Aldo Rebelo (PCdoB), com quem realizamos as melhores parcerias a favor da classe estudantil e tenho mantido ótimas conversas, ao longo dos anos, especialmente a mais recente nesta segunda-feira, 13 de junho. Conclusão comum: a nossa gloriosa Gleisi pode ter sido vítima do péssimo marketing palaciano... (isto já aconteceu com Dilma e não pegou bem!)
 
Por Valmor Stédile.
Enviado por Patrícia Aguiar.
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